O tratamento endodôntico convencional apresenta como objetivo o restabelecimento da saúde nos tecidos apicais e periapicais a partir da redução do foco infecioso, a fim da manutenção do elemento dental no alvéolo. Contudo, nem sempre é possível obter sucesso somente com o tratamento endodôntico. Logo, frente a casos de intercorrências e insucesso, a abordagem final consiste na cirurgia parendodôntica.
Existem inúmeras causas para falhas durante a terapia endodôntica, desde infiltrações do material obturador, canal não encontrado, subobturação, sobreobturação, perfuração radicular, anatomia dos canais complexa, cálculo apical, presença de fissuras ou trincas e iatrogenias em geral. Em dentes tratados endodonticamente, a presença de sinais e sintomas de infecção, surgimento de lesão apical pós-tratamento, lesão pré-existente com diâmetro maior ou ainda presente após 4 anos da intervenção endodôntica, são indicativos de insucesso do tratamento de canais radiculares.
A cirurgia parendodôntica ou periapical a partir da remoção da lesão, visa a ressecção do ápice radicular, eliminação dos patógenos e fechamento hermético deste. A utilização de ferramentas como o microscópio e o laser elevaram significativamente a taxa de sucesso na cirurgia parendodôntica, visto que umas das dificuldades em campo operatório era avaliar adequadamente os detalhes anatômicos.
A cirurgia parendodôntica envolve diversas alternativas de intervenções cirúrgicas, cada uma com sua indicação e contraindicação, dentre elas:
(1) Curetagem perirradicular, visa remover tecidos patológicos ou corpos estranhos da região periapical;
(2) Apicectomia, secção do ápice radicular o mais perpendicular possível, mantento uma relação apropriada entre coroa e raiz;
(3) Cirurgia com obturação simutanea do canal, o canal é obturado no ato cirúrgico e o seu resultado final poderá
ser visualizado pela loja cirúrgica;
(4) Obturação retrógrada, em que a raiz é seccionada em bisel, uma cavidade é preparada e a obturação do canal é realizada;
(5) Retroinstrumentação com retrobturação, um acesso apical permite a instrumentação e obturação do canal com guta-percha.
O laser surge como recurso terapêutico para os profissionais, com propriedades anti-inflamatórias e de analgesia, assim como, as membranas ricas em plaquetas e leucócitos, conhecido como L-PRF apresenta várias vantagens empregados em conjunto na cirurgia parendodôntica.
Como funciona o laser aplicado à cirurgia parendodôntica?
A incidência da luz monocromática dos lasers possui influência direta sobre as respostas celulares da maioria dos tipos de células existentes no corpo humano, alterando seu metabolismo. O seu mecanismo de ação inicia-se na mitocôndria, que é considerada o sítio inicial da ação da luz, é a partir dela que todas as mudanças subsequentes no metabolismo celular ocorrerão, visto que a mitocôndria produz a moeda energética celular – Adenosina Trifosfato (ATP) – teremos, assim, alterações na via do ATP, que irá atuar como uma molécula de sinalização para comunicação celular e tecidual, além participar na proliferação celular e alívio da dor.
Mas… quais são os principais benefícios e aplicações do laser na cirurgia periapical?
O laser pode ser aplicado desde a fase de incisão, osteotomia, apicectomia e no pós-cirúrgico, visto que ele estimula o reparo tecidual da região. A literatura confirma que o laser promove hemostasia local, pois causa um certo tipo de constrição dos vasos sanguíneos de pequeno calibre, promove melhor visualização do campo operatório, esterilização da área, redução da permeabilidade em tecido dentinário e auxilia na analgesia local e no processo de cicatrização.
O que é o L-PRF, afinal?
Esta técnica foi relatada pela primeira vez na França em 2001 por Choukron e colaboradores, é definida como um concentrado plaquetário de segunda geração. Esta possui aplicabilidade não somente na odontologia, mas também em cirurgias ortopédicas e plásticas. Sabe-se que as plaquetas, isoladas do sangue periférico, possuem um forte potencial regenerativo em razão de seus fatores de crescimento encontrados.
A sua obtenção ocorre de forma simples, a partir de uma amostra de sangue do indivíduo, recolhida no momento do pré-operatório. Em seguida, este sangue passa pelo processo de centrifugação, em que pode-se notar uma camada de glóbulos vermelhos, no meio uma camada com coágulo de fibrina e no fundo o plasma acelular, assim, a parte do plasma onde existe maior concentração plaquetária é coletada.
Com isso, é obtido certa concentração autóloga de plaquetas humanas em um volume ínfimo de plasma. A rede de fibrina formada é capaz de guiar a migração de células na sua superfície, protegendo feridas abertas e acelerando o processo de cicatrização.
E se tratando do L-PRF, como funciona?
Nos últimos anos, a fim de propor melhora estética nos procedimentos e promover uma cicatrização mais rápida, as fibrinas ricas em plaquetas (PRF) se apresentam como uma técnica relativamente simples e de baixo custo em comparação as membranas biológicas, caracterizado como uma membrana eficiente para o reparo tecidual.
O uso das membranas simultaneamente a apicectomia é preconizado a fim de impedir a migração de células epiteliais e tecido conjuntivo e possibilitando a migração de células mesenquimais. Assim, será possível a formação de tecido ósseo e ligamento, permitindo uma melhora no prognóstico. Ainda, este recurso vem ganhando espaço na apicectomia por propor uma formação de matriz de fibrina capaz de induzir ao reparo. Pode ser usado como um biomaterial preenchedor da loja óssea que ocasiona uma cobertura epitelial essencial, além do suporte natural a imunidade.
Conclusão
O uso de membranas de leucócitos e plaquetas é um meio de melhorar a qualidade e rapidez do reparo tecidual, estas membranas impedem a migração do tecido epitelial e conjuntivo, de modo a permitir a formação do novo ligamento periodontal e osso alveolar na região de defeito ósseo.
Assim, pode-se constatar que existem recursos importantes para auxiliar no prognóstico e segurança cirúrgica. O L-PRF apresenta eficácia comprovada em várias áreas cirúrgicas, estes visam proporcionar adequada hemostasia e coagulação na apicectomia. Ademais, pode-se ressaltar que o laser também garante maior conforto ao paciente no pós cirurgico, em vista do menor edema e dor pós-operatória.
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REFERÊNCIAS
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