Desbridamento de ferida: esclarecimento e competências | Colunista

Ferida é uma lesão tecidual, que pode atingir desde a epiderme até estruturas profundas, causando deformidades e perca da função (BLANCK, 2014). Segundo a Nota técnica anexada a Resolução 501/2015 COFEN, feridas são classificadas em quatro estágios:

  • Estágio I – caracterizado pelo comprometimento apenas da epiderme, com formação de eritema (vermelhidão) na pele íntegra e sem perda tecidual;
  • Estágio II – caracterizado por abrasão ou úlcera, ocorre perda tecidual e comprometimento da epiderme e derme, ou ambas;
  • Estágio III – caracterizado por presença de úlcera profunda, com comprometimento total da pele e necrose do tecido subcutâneo, entretanto a lesão não se estende até a fáscia muscular;
  • Estágio IV – caracterizado por extensa destruição de tecido, chegando a ocorrer lesão óssea ou muscular ou necrose tissular.

As lesões por pressão contêm 4 categorias:

  • Categoria 1 – Pele intacta com rubor não branqueável em área localizada, normalmente em proeminência óssea;
  • Categoria 2 – Perda parcial da derme que se apresenta como uma ferida superficial com leito vermelho-rosa sem tecido desvitalizado;
  • Categoria 3 – Perda total da espessura dos tecidos. O tecido adiposo subcutâneo pode ser visível, mas os ossos, tendões ou músculos não estão expostos;
  • Categoria 4 – Pode estar presente algum tecido desvitalizado, mas não oculta a profundidade dos tecidos lesados.

A necrose é um tecido inviável ou deficiente que dificulta o processo de cicatrização, possibilita a proliferação de microrganismos, prolonga a fase inflamatória e prejudica a fase de neoangiogênese – formação de novos vasos sanguíneos (COREN/SC, 2016).

Desbridar é o ato de remover da lesão o tecido necrosado e/ou material estranho (sujidades, por exemplo). O desbridamento é essencial para o tratamento de lesões, pois para existir reparação tecidual, o tecido necrótico deve ser removido previamente. No momento do desbridamento, o enfermeiro deverá avaliar a diferenciação do tecido segundo a cor, a temperatura e a presença de sangramento (COREN/SC, 2016).

Quanto a Técnica

A técnica de desbridamento se dá a partir de algumas ações e uso de pomadas ou instrumentos. As técnicas a serem escolhidas se darão com base na evolução que a ferida teve e seu estado atual; podendo ser:

  • Desbridamento Autolítico: É a hidratação do leito da ferida, assim, as ações endógenas do corpo fará tal desbridamento do tecido necrótico (desvitalizado);
  • Desbridamento Enzimático: Usado quando o tecido necrótico for de difícil retirada, pois se trata de um método mais agressivo. Usa colagenase ou papaína, por exemplo, estritamente no tecido necrosado, pois se aplicado em tecido viável estes sofrerão da ação das enzimas.
  • Desbridamento mecânico: Retira sujidades, corpo estranho e o tecido inviável. Usado quando o tecido necrótico for de fácil retirada, pois não se utiliza anestesia.
  • Desbridamento Cirúrgico: Quando há remoção cirúrgica.
  • Instrumental não cirúrgica: Técnica de Cover, Square, Slice, pinças, tesouras e bisturi.

No que tange às técnicas instrumentais não cirúrgicas, são conceituadas em:

  • Técnica de Cover é quando se utiliza lâmina de bisturi para descolamento das bordas do tecido necrótico. Após o descolamento completo das bordas e melhor visão da parte interior do tecido, inicia-se o descolamento desta área separando-a do tecido íntegro até que toda a necrose seja retirada (Parecer Técnico Nº 006/2013).
  • Técnica de Square utiliza uma lâmina de bisturi para dividir o tecido necrótico em pequenos quadrados que vão sendo removidos da lesão um a um, sem risco de comprometimento mais profundo (Parecer (Técnico Nº 006/2013).
  • Técnica de Slice utiliza uma lâmina de bisturi ou tesoura de Íris a fim de remover a necrose de coagulação ou liquefação que se apresenta de forma irregular na ferida (Técnico Nº 006/2013).

Competências do Enfermeiro

O profissional enfermeiro deve realizar os curativos (principalmente em feridas dos estágios III e IV), coordenar e supervisionar sua equipe, além de cuidar das feridas. Realizando a consulta de enfermagem, prescrição de cuidados e sua realização em caso de maior complexidade técnica e promover o autocuidado do paciente com sua ferida (Parecer Técnico Nº 006/2013).

O cuidado quanto às feridas causadas pelas lesões por pressão se dão, principalmente, na prevenção; com a eficiência e eficácia do reposicionamento no leito (mudança de decúbito), devendo estar prescrito no processo de enfermagem, para a equipe realizar e ficar atenta (COFEN, 2015).

Registrar todas as ações e avalia-las em prontuário individual do paciente, podendo ser feito também registro fotográfico para acompanhamento da evolução da ferida, se autorizado pelo paciente (COFEN, 2015).

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Referências

CORENRO. Parecer Técnico Nº 006/2013 – Referente à solicitação de esclarecimentos sobre as competências dos Enfermeiros. Porto Velho, 2013.

COFEN. Resolução COFEN Nº 501/2015 – Revogada pela Resolução COFEN Nº 567/2018. Brasília, 2015.

COFEN. Resolução COFEN Nº 567/2018. Brasília, 2018.

CORENSC. PARECER COREN/SC Nº 006/2016. Florianópolis, 2016.

BLANCK, M; GIANNINI, T. Úlceras e feridas – As feridas tem alma. Di livros, 2014