Fala galera! Estou aqui hoje para conversar com vocês sobre a Golden Hour, já ouviram falar? Encontramos também o termo traduzido para o português como a Hora Dourada, esse é o nome que utilizamos para indicar a primeira hora de vida do bebê, a primeira hora do pós parto. Agora vamos nos aprofundar nesse assunto e entender todos os benefícios que essa ocasião traz para a criança e para a mãe!
Esse momento requer do profissional da saúde a identificação de riscos potenciais ao neonato e a parturiente, preservando as práticas baseadas em evidências científicas, estimulando a humanização no parto e o contato prolongado entre mãe e filho. Você sabia que esses 60 minutos mágicos, podem favorecer no desenvolvimento do vínculo entre eles?
Antigamente, o bebê nascia e os profissionais de saúde o levavam para longe da mãe para realizar as avaliações, pesagem e outros procedimentos que são necessários, porém na grande maioria poderão aguardar para ser desempenhadas após 60 minutos. A Hora Mágica é por muitas vezes impossibilitada por intercorrências maternas ou neonatais e sobretudo por rotinas institucionais.
Agora vamos falar sobre três práticas simples que irá possibilitar ao binômio mãe e filho benefícios a curto e longo prazo:
1. Contato Pele a Pele Imediato e Contínuo ente Parturiente e Neonato
O Contato Pele a Pele (CPP) executado na primeira hora de vida promove a redução da incidência de hipotermia nas primeiras 48 horas de vida causada pela troca brusca de temperatura do útero quentinho para o ambiente fora dele e auxilia também na estabilidade cardiorrespiratória.
Com os neonatos atermos, além de favorecer o controle de temperatura corporal, se estabelece o equilíbrio hemodinâmico, redução do choro e promove a exclusividade e maior lactação, falaremos melhor sobre isso no próximo tópico (MOORE et al, 2012). Esta prática é recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) desde 1996 e pelas Diretrizes Nacionais do Parto Normal, publicado pelo Ministério da Saúde em 2017.
Contudo, para a realização com êxito dessa prática nos esbarramos com dois problemas:
- A mulher apresenta o desejo de realizar o CPP com o neonato, mas não ocorre, pois, a equipe de saúde retira a criança para realização de procedimentos de rotina (SOUZA, 2017).
- A instituição tem como o CPP procedimento de rotina, mas sem o consentimento da parte materna, onde a mesma tem desejos, medos e sentimentos ignorados, além da prática ser mecanizada (SANTOS, 2014).
2. Início Precoce do Aleitamento Materno Exclusivo
A criança ao nascer está mais ativa, por isso a primeira tentativa de aleitamento deve ocorrer nesse momento, já que depois a criança entra em um período de sonolência onde será mais difícil realizar as mamadas ao seio.
Após o nascimento, caso não tenha nenhuma intercorrência com a parturiente ou o neonato, a criança deve ser colocada no abdômen ou mais próximo do peito da mãe e pode ser realizado inclusive em partos cesariana. A criança então terá o primeiro estimulo de sucção ao seio, mesmo que não realize a mamada (não deve ser forçado a mamada caso não ocorra naturalmente nesse momento) só a aproximação e a tentativa de sugar estimula os receptores do seio e desencadeia a liberação de prolactina, o hormônio responsável pela produção de leite materno.
O início imediato do aleitamento materno oferece a criança o recebimento do colostro, o leite rico em proteína e rico em nutrientes, com baixo teor de gordura. Possui um importante fator imunológico, agentes antimicrobianos e anti-inflamatórios.
A lactação de forma precoce permite uma maior possibilidade de a criança receber o aleitamento materno exclusivo e pelo período recomendado pela Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS):
- O aleitamento materno como forma exclusiva de alimentação até os seis meses de idade;
- O aleitamento materno de maneira completar, até os dois anos.
Um importante benefício para a mãe é que durante a aleitação, os receptores do seio, estimulam a produção de ocitocina, o hormônio responsável pela contração intrauterina e assim possibilitando uma melhor recuperação para ela e além disso esse hormônio reduz o estresse materno.
3. Clampeamento Tardio do Cordão Umbilical
O clampeamento é o corte do cordão umbilical. O momento ideal para o corte é quando a circulação do cordão umbilical cessou, ele está achatado e sem pulso. Esse procedimento de forma tardia aumenta o volume sanguíneo do recém-nascido e assim eleva o nível de suas reservas de ferro ao nascer. Segundo Venâncio 2008, o procedimento pode se constituir em uma estratégia para prevenir a deficiência de ferro em lactentes.
Após visualizarmos tantos benefícios e entendermos a importância desse momento para o neonato e a parturiente, temos o dever como profissionais da área da saúde promover e estimular essa hora mágica na vida de ambos.
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Referências:
MONTEIRO, Bruna Rodrigues. Fatores intervenientes no contato pele a pele entre mãe e bebê na hora dourada. 2019. Dissertação de Mestrado. Brasil.
SHARMA, D. Golden hour of neonatal life: Need of the hour. Maternal Health, Neonatology, and Perinatology, v.3, n.16, 2017.
MOORE, E.R.; et al. Early skin-to-skin contact for mothers and their healthy newborn infants. Cochrane Database of Systematic Reviews, v.16, n.5, p.1-75, 2012.
WHO. World Health Organization. Maternal and Newborn Health/Safe Mother Hood Unit. Care in normal birth: a practical guide. Geneva: World Health Organization, 1996.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Gestão e Incorporação de Tecnologias em Saúde. Diretrizes nacionais de assistência ao parto normal. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2017b.
SANTOS, L.M. Vivenciando o contato pele a pele com o recém-nascido no pós-parto como um ato mecânico. Rev Bras Enferm, v.67, n.2, p.202-207, 2014.
SOUZA, L.H.; et al. Puerperae bonding with their children and labor experiences. Invest Educ Enferm.v. 35, n. 3, 2017
VENÂNCIO, Sonia Isoyama et al. Efeitos do clampeamento tardio do cordão umbilical sobre os níveis de hemoglobina e ferritina em lactentes aos três meses de vida. Cadernos de Saúde Pública, v. 24, p. s323-s331, 2008.