Cuidados com o paciente diabético | Colunista

Uma estimativa da International Diabetes Federation mostra que mais de 420 milhões de pessoas, em todo o mundo, são acometidas pelo diabetes. O diabetes mellitus é uma doença metabólica crônica caracterizada pela hiperglicemia, subdividida em dois grupos. Tipo I – quando há baixa produção de insulina e Tipo II – quando o organismo não consegue utilizar a insulina produzida. Se mal controlada, a doença pode causar complicações renais, problemas de visão (evoluindo para a cegueira), infecções por fungos e/ou bactérias na pele e problemas bucais, como a doença periodontal.

Sabe-se que diabetes descontrolado pode influenciar negativamente na saúde bucal, colaborando com o aumento da doença periodontal. Da mesma forma, quando a higiene bucal é de baixa qualidade, provoca doenças como a gengivite e a periodontite, que agravam as doenças sistêmicas como o diabetes. Assim, manter a higiene bucal com alta qualidade é fator fundamental para ajudar no controle do diabetes.

No consultório odontológico, o cirurgião-dentista precisa conhecer o quadro de saúde do paciente e, quando acometido pelo diabetes, deve-se saber se está ou não controlada. Quando a doença está controlada e o paciente mantém uma boa rotina de cuidados com a saúde, o tratamento deve transcorrer como o de qualquer outro paciente saudável.

Entretanto, estima-se que cerca de 4% dos pacientes que são acometidos por diabetes desconhecem que são portadores da doenças. Assim, o dentista deve ficar atento aos sinais e sintomas da doença que causa xerostomia, hálito cetônico, infecções oportunistas, doença periodontal e dificuldades de cicatrização. Cada tipo de diabetes possui característica. Perda de peso e polifagia são sugestivos de diabetes tipo I. Hipertensão e obesidade sugerem diabetes tipo II.

Quando há indícios de que a doença está descontrolada, o tratamento odontológico só deve ser realizado se for urgente ou no caso de periodontites – que colaboram para o descontrole do diabetes. Se não há dor ou risco imediato, o paciente deve ser encaminhado para o médico para que, primeiro, controle a doença.

No atendimento de descompensados, o dentista deve tomar cuidados extras com o paciente, que começam desde a limpeza da cavidade oral, instruindo o paciente sobre a melhor forma de escovar os dentes, passam pela escolha do anestésico local e, nos casos em que a cirurgia é imprescindível, atentar para o uso de substâncias que auxiliem na hemostasia, como a esponja de fibrina e a realização de uma sutura bem feita e resistente.

Para todos os pacientes diabéticos, preferencialmente, a consulta deve ser realizada durante a manhã, quando há mais concentração de insulina no sangue, com o uso de lidoncaína 3% ou priolocaína 3% quando necessário o uso de anestésico local. Por ter baixa produção salivar – que ajuda na remineralização dos dentes – o paciente está mais propício ao surgimento de cáries, assim, deve-se incentivar uma escovação com mais qualidade e mais frequente. Além disso, é imprescindível que o paciente tenha uma rotina de consultas, comparecendo ao consultório odontológico há cada seis meses.

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Referências

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