Fala amigos da saúde! Hoje vamos falar sobre a Humanização do cuidado dentro da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN), mas antes precisamos entender melhor sobre a Política Nacional de Humanização (PNH), seus princípios e diretrizes.
Vamos lá!
A PNH foi constituída em 2003 e está vinculada à Secretaria de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde (SAS). Tem como intuito efetivar no cotidiano da assistência os princípios e práticas do SUS, onde muitas vezes as dificuldades de sua implementação se torna um grande desafio no atendimento, devido uma hierarquização do poder e consequentemente a falta de autonomia dos profissionais.
Vamos entender melhor as divisões da PNH.
Ela encoraja a maior interação e participação entre os três pilares da organização:
- Gestores;
- Trabalhadores;
- Usuários.
O HumanizaSUS, como é conhecida também a Política Nacional de Humanização, traz como Princípio:
- Transversalidade;
- Indissociabilidade entre atenção e gestão;
- Protagonismo, corresponsabilidade e autonomia dos sujeitos e coletivos.
Em suas Diretrizes a PNH oferece um norte para a realização do atendimento a partir das orientações clínicas, éticas e políticas. Irei apresentar a vocês alguns conceitos que orientam o trabalho, são eles:
- Acolhimento;
- Gestão participativa e Cogestão;
- Ambiência;
- Clínica Ampliada e Compartilhada;
- Valorização do Trabalhador;
- Defesa dos Direitos dos Usuários.
São muitas informações, não é mesmo? E agora? Como levar essa rotina de humanização para a UTIN. Precisamos ter em mente que a assistência humanizada precisa englobar tanto o recém-nascido, quanto sua família que passa com ele todo esse processo de internação e também os profissionais de saúde que oferecem o atendimento.
O maior público das UTIN são os bebês prematuros, que em virtude do nascimento precoce apresentam uma imaturidade para regulação dos seus subsistemas. Nesse contexto, os múltiplos estímulos advindos do ambiente de UTIN podem interferir na manutenção da sua homeostase, pois seus controles inibitórios ainda são imaturos.
Desta forma, o cuidado humanizado ganha um espaço extremamente relevante quando a ideia é favorecer comportamentos autorregulatórios para esses recém- nascidos.
São grandes os desafios no que se refere a humanização da assistência em uma UTIN. Como proposta trago a vocês alguns recursos que ajudam na autorregulação do paciente, pensando na humanização do atendimento, tanto em momentos em que se faz necessário a realização de procedimentos invasivos ou dolorosos, quanto em momentos de descompensação ou até mesmo na manutenção da regulação.
- Estimulação Multimodal
Contato pele-a-pele: Método Canguru e Colo
Posicionamento Terapêutico
Swaddiling/ Enrolamento
Massagem Terapêutica
Banho Terapêutico
Rede Terapêutica
(Álvarez et al, 2017)
- Sucção
Não Nutritiva
Solução Adocicadas
Nutritiva
(Carolyn J. Herrington, PhD, RN, NNP-BC)
Precisamos nos atentar que a participação dos pais nesse processo de recuperação do Recém-Nascido (RN) é fundamental, temos também que evidenciar a importância da humanização e a assistência a esses pais, que se deparam com uma situação inesperada, com dificuldades de reconhecer seu bebê em um ambiente que foge daquela imagem de bebê perfeito, alimentada durante a gestação. (Reichert e Costa, 2000).
Não podemos esquecer também da humanização e o cuidado à equipe de profissionais que trabalha em uma UTIN, muitas vezes exposta a vários estímulos estressantes, jornadas de trabalho intensas e exaustivas. “Faz-se necessário cuidar de quem cuida, para que com isso o profissional possa exercer suas funções da melhor forma possível.” (Donadeli, Michelle 2020). O auxílio psicológico a esses profissionais e mais autonomia em seu local de trabalho possibilita uma melhor qualidade do serviço.
A assistência humanizada se traduz em empatia, acolhimento e segurança, se desdobrando em ações que envolvem não apenas o paciente e seus familiares, mas também a equipe e os gestores da unidade de saúde.
Matérias relacionadas:
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Referência:
DONADELI, M. Humanização da assistência em uti neonatal. Laborio, 2020
ÁLVAREZ, José Manuel Pardo. Gestión por procesos y riesgo operacional. AENOR Ediciones, 2017.
HERRINGTON, Carolyn J.; CHIODO, Lisa M. Human touch effectively and safely reduces pain in the newborn intensive care unit. Pain management nursing, v. 15, n. 1, p. 107-115, 2014.
MINISTÉRIO DA SAÚDE; MINISTÉRIO DA SAÚDE. HumanizaSUS: documento base para gestores e trabalhadores do SUS. 2006.
REICHERT, A. P. S; COSTA, S. F. G. Experiência de ser mãe de recém-nascido prematuro. João Pessoa: Ed. Ideia, 2000.
HINIKER, Patrícia K.; LA, Moreno. Cuidados voltados para o desenvolvimento. Manual de auto-instrução: Teoria e Aplicação [Internet]. S. Weymouth: Children’s Medical Ventures Inc, 1994.