A alimentação e a nutrição são fatores determinantes para a manutenção fisiológica do organismo humano; pois é através delas que obtemos os nutrientes necessários para manter a homeostase. Desse modo, à medida que ocorre incapacidade de se alimentar, este equilíbrio pode estar em risco!
Na área de cirurgia e traumatologia bucomaxilofacial, não são incomuns condições em que o paciente curse com necessidades de modificações na alimentação e na nutrição. Em alguns tipos de trauma, tanto o tratamento cirúrgico quanto o tratamento conservador, irão interferir na ingestão alimentar e na mastigação, podendo levar o paciente a emagrecimento e comprometimento do estado nutricional, caso a situação não seja conduzida da forma adequada.
Sendo assim, o cuidado de indivíduos acometidos por traumas bucomaxilofaciais, seja em atendimento imediato ou em preparo para cirurgias eletivas, onde haja ou possivelmente venha haver limitação de alimentação e nutrição, deve ser feito por uma equipe interdisciplinar, a qual deve ser composta, nesse aspecto, por cirurgião bucomaxilofacial e nutricionista.
Tal equipe não deve negligenciar o estado nutricional desses pacientes, principalmente dos que forem se submeter a procedimentos cirúrgicos; pois já é bem documentado na literatura que o estado nutricional de todo paciente candidato a qualquer intervenção cirúrgica, é altamente relevante.
É inclusive recomendado, que o estado nutricional do paciente cirúrgico seja um dos principais fatores determinantes na tomada de decisão para realização ou não da cirurgia, uma vez que a cicatrização de feridas cirúrgicas é influenciada por este estado; o qual quando se encontra desequilibrado, pode ocasionar complicações pós operatórias.
Portanto, identificar o estado nutricional dos pacientes acometidos por trauma bucomaxilofaciais que limitem a alimentação e a nutrição, determinando o índice de prognóstico nutricional e o risco cirúrgico nutricional é de extrema importância para que possíveis intervenções nutricionais possam ser instituídas nesses pacientes. Desse modo será possível realizar os procedimentos cirúrgicos com o mínimo risco de complicações pós cirúrgicas, além de impedir ou retardar a evolução da desnutrição nesses pacientes.
De igual modo, é importante ressaltar que no caso da existência de alguma doença pré-existente, sugestivamente associada à inflamação crônica ou a desnutrição, o correto diagnóstico dessas alterações permite programar terapias alimentares e nutricionais prévias, capazes de manter o estado nutricional estável nesses pacientes, diminuir os níveis de marcadores inflamatórios, incrementar a produção de citocinas anti-inflamatórias e contribuir para a diminuição de possíveis comorbidades associadas à condição clínica do indivíduo e ao próprio procedimento cirúrgico.
No tocante ao consenso das necessidades energéticas do paciente traumatizado, apesar de se preconizar a dietoterapia individualizada, a mesma tem como base os seguintes parâmetros:
- Valor energético total (VET): ajustado às necessidades do paciente (ANP) X fator atividade (1,2 paciente acamado e 1,3 paciente deambulando) X fator lesão (cirurgia eletiva: 1 a 1,2; fratura múltipla 1,2 a 1,3; traumas em tecidos moles 1,14 a 1,37)
- Proteína: 1 a 1,5 g/kg peso/dia
É bom lembrar que diversos fatores contribuem para a adesão do paciente à dietoterapia. São eles: motivação com o tratamento, aceitação da condição atual, apoio familiar e, quando possível, adaptação da prescrição dietoterápica o mais próximo possível aos hábitos alimentares do indivíduo antes do acometimento pelo trauma.
Todavia é importante destacar que atualmente, a terapia nutricional individualizada vai muito além da clássica dietoterapia. Alguns compostos bioativos vêm merecendo destaque por suas propriedades terapêuticas nos pacientes com potencial de déficit do estado nutricional. Estes compostos, chamados de imunomoduladores, são capazes de modular não só a imunidade do paciente, mas por vezes, também seu estado nutricional como um todo. São eles:
- Ácidos graxos omega 3
- Selênio
- Vitamina C
- Vitamina E
- Nucleotídeos
- Glutamina, entre outros.
Conforme podemos observar, a alimentação, a nutrição e o estado nutricional do paciente são de suma importância na área de cirurgia e traumatologia bucomaxilofacial, não somente no atendimento emergencial e no pré operatório, mas também no pós operatório.
Desse modo, podemos afirmar que tal assunto deve ser conhecido de perto de todo profissional que atua nessa área, para que possa oferecer um atendimento integrativo, ainda mais seguro e de mais excelência ao seu paciente.
Se você quiser saber mais sobre esse assunto, acesse meus conteúdos em um dos canais abaixo:
Facebook: Roberto Mozart
Instagram: @dr_mozart_
Site: www.drmozart.com.br
You tube: Dr. Mozart cirurgião dentista & nutricionista.
Fraterno abraço e até a próxima.
Dr. Mozart
Cirurgião Dentista e Nutricionista
CRO 46804- RJ / CRN 141 000 64-4
Matérias Relacionadas:
- Como ter sucesso na harmonização orofacial (HOF) utilizando as ferramentas ortomoleculares
- Bolsa de Valores. Uma Alternativa a Aposentadoria para Dentistas?
- Vamos falar de laser na odontologia?
Referências
? BORDALO, LÍVIA A. et al. Cirurgia bariátrica: como e porque suplementar. Rev
Assoc Med Brasil, Minas Gerais, v. 57, n. 1, p. 113-120, 2011.
DEUS, Karine J; CONCEIÇÃO, Raquel S. da. Diabetes mellitus tipo 2 – A relação genética-nutrientes. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim., São Paulo, v. 37, n. 2, p. 199-214, 2012.
FIALHO, Elaine; MORENO, Fernando S; ONG, Thomas P. Nutrição no pós genoma: Fundamentos e aplicações das ferramentas ômicas. Rev. Nutr., Campinas, v. 21, n. 6, p. 757-766, 2008.
FUJII, Tatiane M.M; MEDEIROS, Roberta de; YAMADA, Ruth. Nutrigenômica e nutrigenética: importantes conceitos para a ciência da nutrição. Nutrire: rev. Soc. Bras. Alim., São Paulo, v. 35, n. 1, p. 149-166, 2010.
VASCONCELOS, Francisco de A.G de. A ciência da nutrição em trânsito: da nutrição e dietética à nutrigenômica. Rev. Nutr., Campinas, v. 23, n. 6, p. 935- 945, 2010.
OLSZEWWER, Efrain. Clínica Ortomolecular. Ed. Rocca, 2000
CUPPARI, L. Nutrição Clínica no adulto. Ed.Manolle, 2002.
Silva SMCS & Mura JDP. Tratado de Alimentação, Nutrição e Dietoterapia. São Paulo: Editora Roca; 2007
Waitzberg, DL. Nutrição oral, enteral e parenteral na prática clínica. 4ª ed. São Paulo. Ed. Atheneu, 2009 (v.1 e v.2).
DE ANGELIS, R. C. Fome oculta: bases fisiológicas para reduzir seus riscos através de alimentação saudável. São Paulo: Atheneu, 2000.