Sistematização da assistência de enfermagem: dificuldades e superações

Palavras-chave: Sistematização da Assistência de Enfermagem; SAE; Atuação da Equipe de Enfermagem.

A partir da Resolução n° 358/2009 do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) no Brasil, instituiu-se a obrigatoriedade da implantação da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) nos serviços de saúde considerando os diversos níveis de atenção. Apesar de fazer 11 anos, quem nunca teve dúvidas ou dificuldade em usá-la?

A SAE veio para somar aos profissionais de enfermagem, contudo percebe-se bastante dificuldade para implantá-la e utilizá-la. Apesar de ser de grande valia, por si só não é capaz de assegurar qualidade da assistência, por isso, entende-se a importância dos profissionais de entendê-la e praticá-la, pois a mesma é um método a ser seguido para alcançar a excelência, exigindo capacitações e treinamentos contínuos (MARINELLI et al., 2016).

Assim, vamos discutir os seguintes temas:

  • Dificuldades apresentadas pelos profissionais em relação a SAE
  • Como superar as dificuldades?
  • Perspectivas dos profissionais para o futuro da Enfermagem com a SAE

Dificuldades Apresentadas pelos profissionais em relação a Sistematização da assistência de enfermagem (SAE)

Na pesquisa feita por SILVA et al. (2016), percebeu com as respostas dos entrevistados (que foram profissionais Enfermeiros, Técnicos e Auxiliares de Enfermagem) que havia superficialidade de definição da SAE, por parte dos Enfermeiros, e desconhecimento sobre a mesma e até sobre o Processo de Enfermagem (PE) por parte dos Técnicos e Auxiliares de Enfermagem.

Ou seja, por não compreender bem esses grandes temas que abrangem e ajudam a estabelecer o cuidado, os profissionais não conseguem executar por falta de conhecimento. E sem conhecimento teórico a prática é ineficiente, correto?

Apresentaram também, nessa mesma pesquisa, outras problemáticas como: falta de recursos humanos (que deixa profissionais sobrecarregados), ausência de educação continuada e inabilidade de correlacionar burocracias/administração e assistência propriamente dita.

Evidenciado também que esse assunto por ser dialogado somente em nível de graduação, no nível médio a abordagem é superficial e dirige essa tarefa somente ao profissional de nível superior. Assim, a retroalimentação profissional (educação continuada e permanente) fica deficitária, não sendo os profissionais alvos alcançados (SILVA et al., 2016).

Então, assim, ocorre falta de participação de profissionais do nível médio por desconhecimento e falta de participação dos profissionais de nível superior pois estão “atolados” com as demais funções, como burocracias (encaminhamentos, transferências, por exemplo).

Mas estamos aqui para mudar isso, correto?

Como superar as dificuldades?

Aqui vamos discutir de forma mais ampla tudo aquilo que envolve a teoria e a prática de Enfermagem, quanto ao: exercício da profissão; o que cabe à graduação; e, o que cabe ao profissional.

  • Exercício da profissão

A profissão visa levar cuidado aos usuários dos serviços de saúde com qualidade, para isso se tem as formas de sistematização para organização desses serviços. A SAE é a estrutura de organização que visa dinamizar o trabalho da equipe de enfermagem, direcionando as práticas de cuidar de maneira planejada e individualizada (SILVA et al., 2016).

Entende-se a organização hospitalar como uma dos mais complexas dos serviços de saúde devido à coexistência de inúmeros processos assistenciais e administrativos e, uma fragmentação dos processos de decisão assistencial com a presença de uma equipe multiprofissional com elevado grau de autonomia (SOARES et al., 2015).

E cabe a enfermagem dinamizar, normatizar e fiscalizar esses serviços prestados, além de executar o cuidado assistencial científico, e isso somente é possível através das diferentes delegações de funções que se tem entre os três elos que envolvem a Enfermagem: Enfermeiro, Técnico e Auxiliar. Cabendo ao Enfermeiro a função de liderança e delegações para os demais.

  • O que cabe à graduação?

A graduação é a porta de entrada para os futuros profissionais que irão liderar uma equipe para o cuidado assistencial, delegar ações e funções para sua execução, além de atentar às suas funções administrativas da equipe e do que se refere diretamente ao paciente, como referência e contrarreferência.

Para isso, SILVA et al. (2016), pontua que é necessário maior enfoque por parte das grades curriculares das Universidades e fazê-las de forma mais detalhada e pontual, garantindo a aprendizagem e sensibilização por parte dos futuros profissionais para esse tema. Observando que cabe a universidade pontuar campo prático em instituições que tem a SAE e o PE implantado para que os estudante tenham prática deles.

Instigar em nós a necessidade de implementar a SAE é muito importante, pois a mesma é de grande valia para um cuidado delineado e possível de se perceber a evolução das práxis.

  • O que cabe ao profissional?

Talvez essa seja a parte mais complexa, não acha? Cabe a nós mudarmos a nossa própria realidade, e para isso, além de conhecimento, precisamos ser sensibilizados com relação a necessidade de usar tal teoria no nosso dia a dia.

E como o profissional é o agente efetor da SAE, cabe a ele grande responsabilidade, além de que temos a considerar as outras responsabilidades. Manter uma rotina organizada é o primordial, com a organização e tarefas em dia, você conseguirá passear nessa vasta lista de obrigações. Reservar um tempinho para cada uma delas, desenhar o seu dia de trabalho deixando, é claro, espaços para possíveis intercorrências que possam acontecer.

Tannure e Pinheiro (2017) aconselha o uso da informatização que pode, segundo elas, potencializar as práticas, deixa-las mais rápidas e precisas (digitar é mais rápido do que escrever e mais fácil de compreender, não acha?). Assim, é possível superar a falta de recursos humanos. Informatizar tanto a equipe (se a instituição disponibilizar) ou somente você mesmo ou, quem sabe, todos individualmente se organizarem em seus dispositivos e posteriormente passar as
informações para os métodos dados pela instituição.

Perspectivas dos profissionais para o futuro da Enfermagem com a SAE

Lembrando que a SAE ocorre de acordo com a necessidade e realidade da instituição, e não como uma receita de bolo que tem um caminho obrigatório a ser percorrido para a “perfeição” alvejável, ok?! (MOSER et al., 2018)

Você precisa reconhecer sua realidade e aplicar a SAE na perspectiva dela. Assim, espera-se que, no futuro próximo, os serviços de saúde possam estar cada vez mais sistematizados pela SAE, estando ela implantada e exequível para toda a equipe.

Assim, espera-se que o serviço esteja cada vez mais organizado, sistematizado e passível de observação e replicação de todos os trabalhos realizados a um usuário. Sabe quando o paciente tem alta? Com a SAE, na saída do paciente, você e sua equipe, como também o paciente e sua família, terá uma linha do tempo de tudo o que foi realizado e do que funcionou e não funcionou.

E isso auxiliará para a reprodução posteriormente e poderá ser usado por você e/ou sua equipe para se ter segurança. Ter provas de tudo o que foi prestado e ter certeza de que algo foi realizado e executado. Sabendo também como o usuário chegou e como saiu.

Depende de mim e de você, vamos nessa? Boa sorte e fique à vontade de entrar em contato com a nossa equipe.

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REFERÊNCIAS

SILVA, Rudval et al. Sistematização da Assistência de Enfermagem na Perspectiva da Equipe. Enfermagem em Foco, v. 7, n. 2, 2016.

SOARES, Mirelle Inácio et al. Sistematização da Assistência de Enfermagem: facilidades e desafios do enfermeiro na Gerencia da Assistência. Escola Anna Nery Revista de Enfermagem, v. 19, n. 1, p. 47-53, 2015.

MOSER, Denise C. et al. Nursing Care Systematization: the nurses’ perception. Cuidado é Fundamental, v. 10, p. 998-1007, 2018.

MARINELLI, Natália et al. Sistematização da Assistência de Enfermagem: Desafios para a Implementação. Revista Enfermagem Contemporânea, 2016.

TANNURE, Meire C.; PINHEIRO, Ana M. SAE: Sistematização da Assistência de Enfermagem: Guia Prático. 2.ed. Rio de Janeiro. Guanabara Koogan, 2017.