Eu quero ser residente! E agora?

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Que a residência é uma escolha assertiva para um upgrade em sua carreira e desenvolvimento profissional, isso é inegável.

Muitos almejam essa modalidade de especialização por conta da falta de maturidade profissional para encarar o mercado de trabalho, uma vez que como profissionais recém-formados não se sentem seguros ou aptos para um bom desempenho em uma instituição de saúde.

Além disso, outros fatores levam o profissional à escolha da residência em detrimento de uma pós-graduação lato sensu 360h, como o money (bolsa auxílio no valor aproximado de 3 mil reais), a atividade supervisionada por um preceptor, a divisão das atividades em carga teórica e prática, e a possibilidade de desenvolvimento de competências interpessoais, entre outros.

Mas, para ser um residente não basta preencher um formulário, pagar uma taxa e aguardar o início das atividades…

O caminho para se tornar um residente em geral é árduo, para alguns pesado, para outros inviável, mas para quem tem persistência e foco é completamente possível, e perpassa por um processo seletivo.

Vamos lá, então!

 

Como ser um enfermeiro residente?

1. Escolha uma área de afinidade

Durante a sua graduação, provavelmente você encontrou algumas áreas em que se vê atuando e prestando uma assistência com carinho. Digo carinho não como motivação para atuar – do time "enfermagem por amor" – e sim como uma atitude que enriquece seu desempenho profissional.

Seja atuando em ligas acadêmicas, fazendo trabalhos científicos ou participando de congressos, existe uma área que faz seus olhos brilharem! No meu caso, por exemplo, sempre me interessei pelo cuidado ao paciente grave… Apesar de admirar a Atenção Primária e toda a sua relevância na Rede de Atenção à Saúde, não sentia nas aulas práticas da faculdade que atuar em uma UBS me traria plena satisfação e realização profissional.

Digo isso porque não adianta você se inserir em um contexto de total imersão e dedicação exclusiva que a residência proporciona, com uma carga horária de 60h semanais, durante dois anos consecutivos, e não gostar do que faz. Isso vai te frustrar como profissional, pode atrapalhar o desempenho do grupo como um todo, e o pior de tudo, o paciente (a prioridade do nosso cuidado, né?!) não vai receber o seu melhor como enfermeiro. O dinheiro não compensa isso.

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2. Escolha a instituição e comece a estudar pelos editais

As vagas para a residência são abertas para todo o país, então se você deseja ter uma experiência longe de seu contexto, junte um dinheiro, faça as malas e prepare o coração! Conhecer outras realidades é muito enriquecedor.

Agora, se quiser ficar na instituição em que se formou (se essa tiver programa de residência de seu interesse), se prepare para ter outras experiências, diferente de quando você era acadêmico. Sua visão das equipes irá mudar, os laços vão se estreitar, e a sua atuação será com mais autonomia.

Os editais são abertos todos os anos, na grande maioria no segundo semestre. Um grande bizu é começar a estudar pelos editais antigos antes de o novo ser lançado. O segredo é estar à frente do edital. Isso vai te proporcionar conhecimento do estilo da banca de questões e domínio dos assuntos recorrentes.

Existem alguns conteúdos que se repetem todos os anos, na maioria dos concursos de enfermagem, como Lei Orgânica da Saúde, Lei 8.142/90, História do SUS, NR 32, entre outros, que são básicos para domínio de todos os concurseiros. Se você se adiantar nesses conteúdos, com muita leitura e resolução de questões, quando chegar na parte de conhecimentos específicos do seu edital, terá dominado grande parte da sua prova.

3. Descubra o melhor método de estudo para você

Pare de pesquisar no Google "quantas horas por dia devo estudar". Isso é old, é ultrapassado!

Não adianta estipular 25h de estudo diárias sendo que a capacidade do seu cérebro em absorver o conteúdo não é nem metade disso. Foque em produtividade! Sem deixar a rotina de lado.

Elenque os temas que você deve estudar e descubra como você se adapta melhor para fixar os conteúdos. Tem gente que aprende com recursos audiovisuais, muitos apenas escrevendo ou então ler já é suficiente para a fixação.

Existem vários métodos para o aprendizado, como a elaboração de resumos, resolução de questões, revisão do conteúdo, gravação de áudios, elaboração de mapas mentais, entre outros.

No meu caso, o que sempre "funcionou" foi estudar o conteúdo e escrever resumos em um caderno específico, com resolução de questões referentes ao assunto, e após isso, revisões frequentes.
 


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4. Prepare seu bolso

O que ninguém te conta é que as inscrições para os processos seletivos possuem taxas de inscrição, às vezes altas, variando de acordo com a instituição. Algumas R$ 150,00, outras R$ 300,00. Você pode comprovar hipossuficiência econômica e conseguir isenção da inscrição, em alguns casos, mas caso não se encaixe nos parâmetros, faça um planejamento financeiro para pagar.

5. Rotina x saúde mental

É inegável que você deverá estabelecer uma rotina de estudos, com bastante foco e estabelecimento de metas, afinal, no pain, no gain, né? Separar momentos do dia em que está disponível e com atenção para estudar, e especificar um local arejado, iluminado, livre de ruídos, confortável (mas nem tanto, senão você dorme) é fundamental para um sucesso nessa jornada.

Ingesta hídrica, alimentação saudável, atividade física regular, desenvolvimento espiritual, sono regulado, todas aquelas orientações que a gente dá para os nossos pacientes, é completamente aplicável a nós também! Uma vida saudável vai impactar no nosso desempenho mental.

É importante estabelecer momentos de distração e lazer também. Vá descansar seus olhos tirando um cochilo, veja um filme para relaxar, faça refeições com a família ou com o (a) crush, faça rezas/orações/meditações. Não seja um insuportável que só pensa em estudar. Tudo é equilíbrio!

6. Atividades curriculares

A maioria dos processos seletivos de residência possui análise de currículo, que levam em consideração as atividades que você desenvolveu durante a graduação. Participação em congressos, simpósios, publicação de artigos, ligas acadêmicas, projetos de pesquisa, projetos de extensão, cursos livres, são algumas das atividades que geralmente pontuam.

Se você está na graduação ainda, busque enriquecer seu currículo. Se já não dá tempo mais, não desista de fazer a prova, pois você pode conseguir aprovação mesmo sem um currículo recheado, dependendo da exigência do seu edital.

7. Não se boicote. Você é capaz!

Às vezes nosso maior inimigo somos nós mesmos. Temos tudo para "dar certo" em nossos objetivos e achamos que não somos capazes, porque a grama do vizinho é mais verde que a nossa.

Deixa eu te contar uma coisa… nem tudo é o que parece!

Às vezes a colega super estudiosa, referência na sala de aula, não sabe interpretar uma questão de concurso e infelizmente não consegue aprovação. Ou o outro colega que você acha que vai passar em primeiro lugar deixa a ansiedade tomar conta e faz uma prova ruim. "A colega da outra faculdade é melhor que eu." E por aí vai…

Esqueça quem irá fazer a mesma prova que você. Esqueça o número de candidato/vaga. Acredite que você é capaz, porque você é e se esforçou para isso. Foque em você, pois cada um tem sua trajetória e meios para chegar a um objetivo.

Espero que eu possa te ajudar de alguma forma nesse processo.

Com carinho,

Fernanda Matoso