Emergências médicas em consultório odontológico como o cirurgião-dentista deve atuar?

Emergências médicas em consultório odontológico como o cirurgião-dentista deve atuar_.jpg (66 KB)

1. INTRODUÇÃO

Em clínicas odontológicas, acadêmicos e Cirurgiões-dentistas estão intimamente ligados ao risco de terem em sua rotina de atendimento clínico ocorrências descritas como emergências médicas. Durante o atendimento odontológico ambulatorial é frequente ocorrer episódios de emergência, onde é de suma importância que o cirurgião dentista possua conhecimentos e equipamentos básicos para a realização do pronto atendimento. (Silva GDG et al.2018)

Emergência é uma situação ou condição de risco de vida, não pode haver protelação no atendimento. A emergência é um evento imprevisível, que exige ação imediata. Segundo a LEI 5081/66 “Compete ao Cirurgião-Dentista prescrever e administrar medicações em casos de acidentes e intercorrências em consultórios odontológicos.”

Em consultório odontológico o cirurgião-dentista muitas vezes pode se deparar com situações de emergências como: síncope, convulsão, reação alérgica, obstrução de vias aéreas, hipoglicemia, acidentes oculares, crise de asma e overdose, e PCR necessitando de uma ação médica imediata.(Fabris V, et al. 2015)

Urgência é a situação que requer atendimento rápido, no menor tempo possível, a fim de se evitar complicações. A emergência é uma situação em que há ameaça iminente à vida, havendo necessidade atendimento médico imediato. (Silva GDG et al.2018)

Profissionais da saúde devem estar aptos e seguros para o manejo de uma emergência. Os profissional da Odontologia, no geral, não se encontra capacitado para tal procedimento, ficando, assim, dependente, exclusivamente, da presença médica. (HAESE RDP, et al.2016)

Há uma presença maior no consultório odontológico de pacientes portadores de doenças sistêmicas como diabéticos, hipertensão, cardiopatia, asma ou portadores de desordens renais e hepáticas, obrigando o profissional a adotar certas precauções antes de iniciar o tratamento odontológico propriamente dito. Assim, sendo de vital importância que os odontólogos estejam aptos a realizar manobras básicas para que seja garantida a saúde e a integridade dos seus pacientes, até que cheguem a receber atendimento especializado.(HAESE RDP, et al.2016)

2. METODOLOGIA

Foi necessário para a elaboração deste trabalho uma pesquisa em base de dados eletrônicos como PUBMED, SCIELO e GOOGLE ACADÊMICO, por artigos científicos, livros e monografias de curso.

3. OBJETIVO

Busca apresentar às técnicas de emergências odontológicas em consultório de acordo com os dados pesquisados.

4. EMERGÊNCIA EM CONSULTÓRIO ODONTOLÓGICO
 

A prevenção, é a chave para se evitar complicações médicas durante o atendimento odontológico. 90% das complicações poderiam ser evitadas se prevenidas. (Rosa AAR, et al. 2019) Segundo Fabris et al. 2015, em casos de emergências médicas o cirurgião-dentista deve verificar: Ventilações falhas; Compressões torácicas; Compressão-ventilação; Frequência compressões torácicas; Avaliar pulso; Abertura vias aéreas; Obstrução vias aéreas; Avaliar a respiração da vítima; Sem resposta ao movimento; Responsividade da vítima, escala de glasglow.

4.1 Parada Cardiorrespiratoria (PCR)

A Parada cardiorrespiratória (PCR) é a ausência de atividade mecânica cardíaca confirmada pela ausência de pulso detectável, ausência de responsividade e apneia ou respiração agônica. No Brasil, ocorrem 50 emergências por dia em consultórios odontológicos. A reanimação cardiopulmonar (RCP) pode ser considerada um conjunto de manobras realizadas logo após uma PCR com o objetivo de manter artificialmente o fluxo arterial ao cérebro e a outros órgãos vitais, até que ocorra o retorno da circulação espontânea. (Rosa AAR, et al. 2019)

Manejo clínico da PCR:

  1. Para realizar a RCP, o ideal é que a vítima esteja deitada sobre uma superfície rígida.
  2. Deve-se realizar o tracionamento da mandíbula para liberar as vias aéreas e uma vez iniciadas as compressões torácicas, elas não podem mais ser interrompidas.
  3. Se o socorrista resolver também ventilar a vítima (método boca a boca), a relação a ser obedecida é de 30:2, ou seja, 30 compressões para cada duas ventilações de resgate.
  4. As manobras de RCP só poderão ser interrompidas frente a três situações: na chegada de um desfibrilador, na chegada do socorro de urgência ou caso a vítima apresente algum tipo de reação como movimentos, tosse, entre outros.
  5. Compressões enfatizada é a de frequência mínima de 100 compressões por minuto.
    Sequência de manobras:
    A = airway, ou abertura das vias aéreas.
    B = breathing, proceder às ventilações de resgate.
    C = circulation, iniciar as compressões torácicas para fazer o sangue circular.

4.2 Diabetes Mellitus (DM)

Doenças metabólicas caracterizadas por hiperglicemia,resultante de defeitos na secreção de insulina, ação da insulina, ou ambos. Diabéticos bem controlados podem ser tratados no consultório odontológico similarmente aos não diabéticos, com atendimento preferencial pela manhã são preferíveis, e os pacientes devem ser instruídos a não jejuar, a fim de diminuir o risco de ocorrer hipoglicemia. (COSTA, RM et al. 2016)

O diagnóstico é realizado através de exames laboratoriais como: Glicemia em Jejum e/ou Teste Oral de Tolerância à Glicose. Para pacientes já diagnosticados como diabéticos: Hemoglobina glicada (HbA1C), se não houver resultados disponíveis dos últimos dois ou três meses. (COSTA, RM et al. 2016)

Manejo de Crise Hipoglicêmica:

  1. Hipoglicemia é definida como um nível de glicose no sangue menor que 70 mg/dl.
  2. Verificar a glicemia;
  3. Os sinais e sintomas podem ser: Sintomas adrenérgicos como: desmaio, fraqueza, palidez, nervosismo, suor frio, irritabilidade, fome, palpitações e ansiedade; Sintomas neuroglicopênicos: visão turva, diplopia, sonolência, dor de cabeça, perda de concentração, paralisia, distúrbios da memória, confusão mental, descoordenação motora, disfunção sensorial, convulsões e estados de coma.
  4. Tratamento: Ingestão de 15 gramas de carboidrato simples e reavaliar a glicemia capilar após 15 minutos.
  5. Pacientes inconscientes sem acesso intravenoso devem receber 1 mg de glucagon por via intramuscular ou subcutânea. verificar por 15 minutos a glicosimetria.

4.3 Hipertensão (HAS)

Hipertensão é a elevação anormal da pressão sanguínea sistólica arterial em repouso acima de 140 mmHg e/ou a elevação da pressão sanguínea diastólica acima de 90 mmHg. A Hipertensão Arterial é um fator de risco para doença cardiovascular e tem curso imperceptível ou assintomático, não sendo possível identificar seus níveis por intermédio dos sinais ou sintomas. ( Spezzia S. Calvoso Junior R, 2016)

Os sintomas referidos como: cefaléia, tonturas e outros, costumam ser fatores estressores e causa da PA elevada, desaparecendo com o tratamento sintomático. O diagnóstico é realizado através de exames de mapeamento ambulatorial ou residencial da PA confirmam a inexistência de sintomas diretamente ligados aos níveis da pressão arterial. O tratamento envolve tratamento farmacológico, reeducação alimentar e atividade física com a realização de exercícios diários. (Spezzia S. Calvoso Junior R, 2016)

Abordagem odontológica em hipertensos:

  1. Aferir sinais vitais e Pressão Arterial e anotar na ficha;
  2. Deve-se ter cautela em medicamentos e anestésicos locais;
  3. Suspender qualquer procedimento caso a pressão esteja acima de 140×90 mmHg;

4.4 Epilepsia

A epilepsia é geralmente definida como uma tendência a crises convulsivas recorrentes. Os pacientes epilépticos têm maior risco de trauma dentário devido a quedas durante a convulsão, o que pode causar danos a tecidos moles, articulação temporomandibular e em especial as coroas dentárias e até avulsão dentária. Para evitar o risco de crises convulsivas, sugere-se o uso óculos escuros como os usados na proteção dos olhos para aplicação de laser terapêutico ou clareamento dental, e o posicionamento e uso cuidadoso da luz pode minimizar os problemas. ( Barbério GS et al. 2013)

 

5. CONCLUSÃO

De acordo com os dados consultados conclui-se que muitos Cirurgiões-dentistas não se sentem capacitados para realizarem manobras de suporte básico para a vida, nem se encontram preparado para diagnosticarem uma emergência médica na Odontologia por não terem instrução. A capacitação do profissional em conjunto com sua equipe é essencial no atendimento de emergência médica. Sempre que ocorre uma emergência o profissional deve ligar para o SAMU 192, verificar sinais vitais do paciente, observar se o mesmo encontra-se consciente estável, realizar o protocolo de primeiros socorros enquanto ambulância chega. Mas lembrando sempre uma boa anamnese e exame clínico prevenir muitas situações de risco.

Matérias Relacionadas

post_apoio-atualização_1524x200_lp-atualização.jpg (122 KB)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Silva GDG et al. Emergências médicas em odontologia: avaliação do conhecimento dos
acadêmicos. RSC online, 2018; 7 (1): p 65-75.

2. HAESE RDP, et al.Urgências e emergências médicas em odontologia: avaliação da capacitação e estrutura dos consultórios de cirurgiões-dentistas. impressa) ISSN 1808-5210 (versão online) Rev. Cir. Traumatol. Buco-Maxilo-Fac., Camaragibe v.16, n.3, p. 31-39, jul./set. 2016 Brazilian Journal of Oral and Maxillofacial Surgery

3. Motta, R. H L; Ramacciato, J. C; Oliveira, L. B; Camargo, M.A; Pedro, R. N; Martins, R. S; Barros, R. F. Simulação de alta fidelidade realística para o ensino de emergências médicas na prática odontológica Revista da ABENO 18(2): 174-181, 2018 – DOI: http://dx.doi.org/10.30979/rev.abeno.v18i2.510

4. V. Fabris, J. L. C. Junqueira, M. B. F. Silva, F. Mallmann, G. R. Oliveira, A. Lucas Avaliação do conhecimento dos cirurgiões-dentistas sobre suporte básico de vida frente a emergências médicas em odontologia DOI: 10.18256/2238-510X/j.oralinvestigations.v4n2p50-56

5. Rosa, A. A R; Cavalcante, M. L T. M de H; CONDUTA DO CIRURGIÃO DENTISTA FRENTE A UMA PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA DURANTE O ATENDIMENTO ODONTOLÓGICO: UMA REVISÃO DE LITERATURA. REVISTA DA JOPIC | VOL. 02 | No 04 | 2019

6. COSTA, R. M; TEIXEIRA, L.G; AZOUBE, EL; AZOUBEL, M. C. F; AZEVEDO, F. C. G de. O Paciente Diabético na Clínica Odontológica: Diretrizes Para o Acolhimento e Atendimento R bras ci Saúde 20(4):333-340, 2016

7. Sérgio Spezzia e Roberto Calvoso Júnior; Atendimento Odontológico em Hipertensos J Health Sci 2017;19(1):43-6

8. Barbério, G. S; Santo, P.S. da S; Machado, M. A de A. M; EPILEPSIA: CONDUTAS NA PRÁTICA ODONTOLÓGICA Rev. Odontol. Univ. Cid. São Paulo 2013; 25(2): 141-6, maio-ago

9. Silva V. A clínica odontológica e o tratamento de pacientes cardiopatas: das concepções teóricas às práticas cotidianas: Case report. J Business Techn. 2018;8(2): 109-118

10. Pereira, B. S. F; Rodrigues, W. J.P. R; Silveira, R. G; ANÁLISE DO CONHECIMENTO DE ESTUDANTES DE ODONTOLOGIA DO UNIFESO SOBRE ASPECTOS ÉTICOS E LEGAIS DAS EMERGÊNCIAS MÉDICAS EM ODONTOLOGIA REVISTA DA JOPIC | VOL. 02 | No 04 | 2019