O uso de bifosfonatos e sua relação com osteonecrose maxilar

Palavras-chave: Bifosfonato; Maxilares; Osteonecrose.

INTRODUÇÃO

Os bifosfonatos (BFs) são uma classe de medicamentos antirreabsortivos que têm sido amplamente empregados no manejo das desordens do cálcio e do metabolismo ósseo, ou seja, no tratamento de doenças que ocasionam a lise óssea. Nesse sentido, os (BFs) possuem alta afinidade pelos tecidos mineralizados e atuam em sítios de remodelação óssea. No corpo humano ocorre o turnover ósseo, que é o ciclo de neoformação e reabsorção óssea, feitos respectivamente por osteoblastos e osteoclastos. Contudo, esse mecanismo é considerado patológico quando há mais reabsorção do que neoformação, e os bifosfonatos vão ser prescritos para cessar essa perda de massa óssea, através da inibição dos osteoclastos.

Recentemente vem sendo identificada uma relação entre a osteonecrose maxilar relacionada ao uso crônico desses medicamentos, devido ao fato de que os maxilares têm um status de turnover ósseo mais acelerado que qualquer outro osso do corpo. A osteonecrose dos maxilares secundária ao uso de bifosfonato pode ser definida como uma alteração de reabsorção e cicatrização, clinicamente caracterizada pela exposição de óssea após a ocorrência de lesões ulceradas da mucosa oral. O tecido ósseo exposto pode apresentar-se necrótico e normalmente a sintomatologia e processos infecciosos estão presentes.

OBJETIVO

Busca trazer informações sobre os principais aspectos da relação do uso de bifosfonato com a osteonecrose dos maxilares.

METODOLOGIA

O presente trabalho visa realizar uma revisão de literatura sobre a osteonecrose maxilar relacionada ao uso de bifosfonatos. Assim, foi realizada uma pesquisa de artigos científicos nas plataformas da Scielo e Medline. Os descritores utilizados foram: Bifosfonatos, Maxilares e Osteonecrose, na base de dados DeCS.

REVISÃO

A classe de Bifosfonatos é composta de medicamentos que são análogos sintéticos de um regulador endógeno da mineralização óssea, eles diminuem potencialmente a reabsorção óssea e é utilizada para o tratamento e prevenção de distúrbios ósseos, como:

  • Cancro
  • Tratamento de osteoporose ou osteopenia
  • Doença de Paget
  • Casos de neoplasias com metástase óssea de diferentes tipos de câncer
  • Hipercalcemia relacionada com mieloma múltiplo

A diminuição de concentração de cálcio no corpo pode acarretar em vários agravantes, como a transmissão de impulsos nervosos e para reverter ou impedir esses efeitos o organismo tem mecanismos que regulam a concentração de cálcio. E o mais importante desses mecanismos é a reabsorção óssea. O processo natural do organismo é o Turnover Ósseo que realiza o ciclo de reabsorção e neoformação óssea que ocorre constantemente no corpo de maneira altamente dinâmica, havendo a remodelação e renovação do osso, porém em casos patológicos, esse mecanismo passa a reabsorver mais do que formar novo osso.

MECANISMO DE AÇÃO DOS BIFOSFONATOS

Os bifosfonatos, análogos do pirofosfato quimicamente, apresenta grande atração pela hidroxiapatita do osso, e tal afinidade explica a específica ação farmacológica desses compostos sobre os tecidos minerais (ANTUNES, 2018). Seu mecanismo de ação se dá a ligação com as superfícies dos cristais para inibição da reabsorção do cálcio, mediada pelos osteoclastos, após isso inibem a diferenciação dos osteoclastos que foram inativos, consequentemente, diminuindo a reabsorção óssea. Sendo assim, a droga reduz a reabsorção óssea por inibir a atividade dos osteoclastos, bem como estimulando sua apoptose e inibindo o recrutamento deste tipo de célula.

CLASSIFICAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO DOS BIFOSFONATOS

Em relação com sua classificação e administração, os (Bfs) são drogas que podem ser administradas por via oral e parenteral e tem um alto potencial de impregnação do tecido ósseo, se acumulando em áreas que tem um grande funcionamento na formação e reabsorção óssea que é o caso dos ossos maxilares, por apresentarem constante carga mastigatória, podendo causar efeitos residuais por um longo tempo.
Podem ser subdivididos em bifosfonatos nitrogenados e não nitrogenados, os nitrogenados possuem uma maior potência, visto que o nitrogênio não é metabolizado e acaba se acumulando nos tecidos ósseos, já os nãos nitrogenados são metabolizados mais rápidos pelo organismo.

Os efeitos adversos mais comuns da administração intravenosa dos BP’s são:

  • Osteonecrose dos maxilares
  • Ulceração do assoalho bucal
  • Hipocalcemia e hipofosfatemia transitórias
  • Úlcera gástrica
  • Estenose do esôfago
  • Osteomalácia (amolecimento dos ossos devido à inibição da mineralização óssea)
  • Hipertermia
  • Síndromes gripais

OSTEONECROSE DOS MAXILARES ASSOCIADA AO USO DE BIFOSFONATOS

Osteonecrose de maxilares associada ao uso de (Bfs), é uma condição rara que se caracteriza pela exposição de osso necrótico na área de maxila devido à redução da vascularização, onde o tecido ósseo não tem mais a propriedade de remodelar, pela irregularidade na angiogênese (SANTOS et al., 2020). Geralmente, a ocorrência de Osteonecrose Dos Maxilares Associados A Bisfosfonatos (ONMAB) ocorre em pacientes que precisaram de um tratamento como extração dentária ou até mesmo uma intervenção cirúrgica. Porém, ainda há casos que apresentam a osteonecrose maxilar de forma espontânea, sem cirurgias. Por este motivo é de extrema importância que os profissionais de saúde se familiarizem com esta nova condição e com os riscos, baseando sempre se eles não são maiores que os feitos propostos pelo tratamento com bifosfonatos.

Os pacientes usuários de bifosfonatos que são acometidos pela osteonecrose secundária ao uso dessa medicação, podem apresentar prejuízo em sua qualidade de vida, uma vez que a osteonecrose pode provocar sintomatologia dolorosa severa, disfagia, di?culdade na ingestão dos alimentos e na realização da higienização bucal (RIBEIRO et al., 2018). As osteonecroses podem ser agrupadas em três estágios, no estágio1 instala-se osteonecrose dotada de área de exposição, entretanto com sinais de infecção inexistentes; estágio 2 onde constata-se osteonecrose e sinais de processo infeccioso e estágio 3 em que denota-se osteonecrose, exposição a nível ósseo, somadas a sinais de infecção, fístula e sequestro ósseo.

CONCLUSÃO

A osteonecrose ocasiona dor, desconforto e muito sofrimento aos indivíduos acometidos, por isso a importância da prevenção e do acompanhamento de uma equipe multidisciplinar com o cirurgião-dentista, médicos reumatologistas, oncologistas, endocrinologistas, estomatologistas, periodontista e cirurgiões
bucomaxilofaciais.

Previamente alguns cuidados são realizados anteriormente ao início do emprego da droga com o objetivo de prevenção de seus efeitos, e nesse contexto, os procedimentos odontológicos almejarão eliminar os riscos de osteonecrose. Com base nisto, prevenir também possíveis focos de infecção para que não ocorram eventuais complicações que necessitem de intervenções odontológicas no transcorrer do consumo dos bifosfonatos, o que potencialmente pode gerar osteonecrose.

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REFERÊNCIAS

1. BARBOSA, Isadora Serafim; MACHADO, Arthur Lima; SANTOS, Iara Luiza Lima dos; NETO, Luiz Alves Barbosa; LIMA, Nathally Nadia Moura de; JARDIM, Juscelino de Freitas. OSTEONECROSE RELACIONADA AO USO DE BISFOSFONATOS, [s. l.], 2016.

2. SPEZZIA, Sérgio. IMPLICAÇÕES ODONTOLÓGICAS DO EMPREGO DOS BISFOSFONATOS: OSTEONECROSE NO COMPLEXO ÓSSEO MAXILO-MANDIBULAR., [s. l.], 2019.

3. GALVÃO, Letícia Gonçalves; MOURA, Rafaella Porto de. USO DE BISFOSFONATOS E SUA RELAÇÃO COM A OSTEONECROSE DOS MAXILARES, [s. l.], 2019.

4. TEIXEIRA, Cristina Martins. OSTEONECROSE DOS MAXILARES ASSOCIADA AO USO DE MEDICAMENTOS: DO DIAGNÓSTICO AO TRATAMENTO, [s. l.], 2019.

5. ANTUNES, Joana Patrícia Marques. OSTEONECROSE MAXILAR ASSOCIADA AO USO DE BIFOSFONATOS, [s. l.], 2018.

6. SANTOS, Wanderley Barros dos; PEREIRA, Renata da Silva; GONÇALVES, Vanessa Cristina de Branco; NASCIMENTO, Suellen Vieira do; SILVA, Lberto Henrique de Moura; COSTA, Ana Maria Guerra; MELO, Mayã Wanderley Vasconcellos; NETO, Ivan José Correia; KALININ, Yuri. Osteonecrose dos Maxilares associada ao uso crônico de bisfosfonatos: relato de caso, [s.l.], 2020.

7. JÚNIOR, Aécio Abner Campos Pinto; MACEDO, Letícia Martins; MOREIRA, Linda Ítala Rodrigues; ALVES, Jeane de Fátima Correia Silva; LACERDA, Júlio César Tanos de. Osteonecrose dos Maxilares Associada ao uso de Bisfosfonatos, [s. l.], 2017.