Osteonecrose atrelado a terapias oncológicas

Muitos se perguntam, o que é osteonecrose? Osteonecrose é uma lesão bucal que compromete o osso mandibular ou o osso maxilar. Podendo ser dolorosa ou assintomática. O diagnóstico é feito pela presença de osso exposto durante pelo
menos 8 semanas.

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O surgimento da osteonecrose mandibular pode ocorrer de forma espontânea, ou após extração dentária, posteriormente a radioterapia de cabeça e pescoço (osteorradionecrose) ou terapia com bisfosfonato IV em altas doses (p. ex., no
tratamento do câncer). A osteonecrose de mandíbula pode ser uma osteomielite refratária em vez de verdadeira osteonecrose, principalmente quando associada ao uso de bisfosfonatos. (STEINBERG, 2017)

Lembramos que os Bisfosfonatos atuam em diversos níveis: físico-químico, tecidual, celular e molecular. Estudos aludem que a ONMB é secundária aos mecanismos de ação dos Bisfosfonatos, que resultam em atividade antiosteoclástica e
antiangiogênica, o que altera o metabolismo ósseo, inibindo a reabsorção óssea e diminuindo o turnover ósseo. Associam-se a isso as singularidades anatômicas que envolvem os ossos da maxila e da mandíbula, separados da cavidade bucal por uma mucosa fina e delgada, sendo essa uma barreira que pode ser facilmente rompida por atividades fisiológicas como a mastigação. Como essas características são mais marcantes na mandíbula que na maxila, maiores índices de prevalência naqueles ossos poderiam ser justificados. (BROZOSKI, 2012)

No Brasil a cada 100 mil pacientes, apenas 3% apresentam osteonecrose. Essa porcentagem vem aumentando devido às novas descobertas na área. Acredita-se que outros medicamentos podem estar causando a condição. Desse modo, casos que antes não eram considerados, passaram a contabilizar nesse número.

Uma vez estabelecido o diagnóstico de osteonecrose, a padronização da melhor conduta terapêutica tem se tornado um desafio. Na tentativa de nortear essas modalidades, a osteonecrose mandibular foi classificada em 3 estágios: estágio clínico 1, representado por pacientes com osso necrótico exposto assintomático; estágio 2, osso necrótico exposto associado à dor e infecção; e estágio 3, osso necrótico exposto associado à dor, infecção, fratura patológica, fístula extraoral ou osteólise estendendo-se ao bordo inferior. (BARIN, 2016)

A literatura tem proposto terapêuticas baseadas nesses estágios: bochechos de clorexidina 0,12% (estágio 1); bochechos e antibioticoterapia (estágio 2) e tratamentos mais agressivos como ressecção associada à antibioticoterapia (estágio 3). Essas terapias são variadas e integram o uso de antibióticos, debridamento local, irrigação local com soluções antimicrobianas, ressecções cirúrgicas, sequestrectomia, oxigenação hiperbárica, laserterapia, uso de plasma rico em plaquetas, ozonioterapia e baixas doses de paratormônio. Entretanto, os estudos afirmam predileção por
tratamentos não invasivos, apenas para controle da sintomatologia, da infecção da progressão da lesão. Muitas vezes, a cura completa não é obtida e os pacientes podem conviver com algum grau de exposição óssea por anos. (BARIN, 2016)

Fica claro, portanto, que o uso de bisfosfonatos por longos períodos é sugestivo para o aparecimento de necrose nos ossos gnáticos e o manejo dos pacientes portadores dessa patologia tem gerado amplas discussões. Uma vez estabelecida, a
osteonecrose dificilmente será revertida pela resposta imunológica do paciente, visto que os bisfosfonatos alteram o metabolismo sistêmico do tecido ósseo. Por ser uma condição relativamente recente descrita na literatura, a inexistência de um protocolo efetivo torna o tratamento da osteonecrose desafiador principalmente nos pacientes com terapias oncológicas.

Referências:

https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-dos-tecidos-conjuntivo-e musculoesquel%C3%A9tico/osteonecrose/osteonecrose-da-mand%C3%ADbula-onm Steinberg, M.E., Perelman School of Medicine at the University of Pennsylvania, 2017. https://www.scielo.br/pdf/rbr/v52n2/v52n2a10.pdf

Rev Bras Reumatol 2012;52(2):260-270 http://revodonto.bvsalud.org/scielo.php?pid=S1413-40122011000300021&script=sci_arttext

RFO UPF vol.16 no.3 Passo Fundo Set./Dez. 2011 http://publicacoes.unicid.edu.br/index.php/revistadaodontologia/article/view/222/120

Rev. Odontol. Univ. Cid. São Paulo 2016; 28(2): 126-34, mai – ago http://www.fo.usp.br/?p=48309