A maior função do odontopediatra: ajudar a prevenir

 

Você entende sobre o impacto e importância da odontologia preventiva atualmente? Bem expresso tanto na Odontopediatria quanto em todas as áreas da Odontologia, a mínima intervenção tem preconizado interferir o mínimo possível, somente quando comprovadamente necessário, e prevenir a todo tempo. Mas o que isso significaria, na prática?

Isto significa que é necessário ir ao dentista para “não fazer nada”? Não mesmo. Isso significa que é necess comprometimento com a periodicidade do retorno ao odontopediatra, assim como se tem com outras visitas médicas. O odontopediatra definitivamente não tem mais o papel único de “consertar” o que estiver errado, mas de orientar e corrigir possíveis hábitos que possam estar conduzindo ao processo de doença. Como profissionais da saúde, precisamos explicar a IMPORTÂNCIA dessa visita periódica e preventiva, para que ela não seja entendida, definitivamente, como uma consulta em que “não se faz nada”.

Portanto, entenda: Prevenir é sempre melhor e mais barato do que remediar. Todos nós, em algum momento da vida, já ouvimos esta frase ou algo muito semelhante a isso. É mais confortável para o paciente e para o profissional, conduzir
uma situação de saúde e mantê-la de maneira satisfatória, a intervir em algo que tenha perdido sua função ou requeira tratamentos mais invasivos. E é necessário conscientizar. Trata-se de um trabalho de educação. Ao se falar sobre “mais barato”, tocamos na ferida do nosso paciente e, talvez, essa seja uma das chaves mais fáceis de levar à conscientização acerca disto.

A partir de quando, então, devo visitar o meu dentista? É importante se consultar com um odontopediatra ainda na fase gestacional, antes do bebê nascer. Assim, a mãe receberá instruções a respeito de higienização, possíveis intercorrências, o que observar e, inclusive, orientações com relação a “pega” do bebê na amamentação e inserção da língua. Além disso, problemas da saúde bucal da mãe podem induzir em complicações sistêmicas com repercussão para o feto, bem como,
em casos mais graves, induzir ao parto prematuro ou incorrer em abortos. Qualquer cirurgião-dentista está habilitado a diagnosticar e orientar quanto a estes detalhes e riscos, mas sem dúvida o profissional mais indicado para a condução de todo o caso seria o odontopediatra.

Por outro lado, após o nascimento da criança, e antes mesmo do nascimento do primeiro dentinho, preconizamos uma visita inicial do recém-nascido ao odontopediatra, para avaliação do estado geral da saúde bucal, instrução quanto a higienização, rastreamento de manchas, nódulos, dentes natais ou neonatais, observar inserção lingual e outros detalhes.

Se, mesmo assim, não te convenci da importância da prevenção e a visita ao odontopediatra continuou a ser adiada… O terceiro momento de suma importância é a visita após o aparecimento do primeiro dente na cavidade bucal da criança, aproximadamente aos 6 meses. Aqui, a criança já precisará ter acompanhamento mais preciso com relação a escovação e receber instruções a respeito, inclusive, da pasta dental e quantidade de produto a ser utilizada.

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Como se não bastassem todas as vantagens que enumeramos até aqui em prevenir e acompanhar a saúde oral do bebê e gestante, lembre-se que quanto mais frequente o contato com o profissional de saúde, maior os laços de confiança, mais fácil o condicionamento e, consequentemente, mais tranquila a realização dos procedimentos, quando necessário.

Portanto, como profissionais de saúde, saibamos orientar. Para tanto, é preciso conhecer essa necessidade. Com essa condução precoce, reduzimos a chance de lidar com sustos e preocupações inesperadas, ou até irreversíveis.

Vamos ajudar a construir a geração zero cárie, a partir do controle da frequência de ingestão de carboidratos fermentáveis, instrução de higiene oral e controle profissional periódico. Essa parceria só tem a ganhar. A aquisição do HÁBITO
de prevenção em saúde bucal para toda a família com um profissional de saúde é vantagem para todas as partes.

Texto autoral.
Dra. Samantha Sousa (CRO-DF 12.880)

REFERÊNCIAS

COSTA, Ana Luísa Moreira; PAIVA, Elsa; FERREIRA, Luís Pedro. Saúde oral infantil: uma abordagem preventiva. Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, v. 22, n. 3, p. 337-46, 2006.

NORONHA, Júlio Carlos; MASSARA, Maria de Lourdes de Andrade; SOUKI, BernardoQuiroga. Periodicidade das visitas de manutençäo preventiva: um método clínico em odontopediatria. Rev. odontopediatr, v. 3, n. 4, p. 157-65, 1994.

RODRIGUES, Célia Regina Martins Delgado et al. Abordagem educativa-preventivaem odontopediatria. Odontopediatria: prevenção, 2002.