Moldagem: quais são os materiais e as técnicas?

 

A moldagem é uma das etapas mais importantes do tratamento reabilitador protético. Ela vai transferir a situação clínica para o laboratório onde vai ser confeccionada a prótese. Portanto, existem diversos materiais para obtermos o molde, dentre eles, os que se destacam são os hidrocolóides irreversíveis (alginato) e os elastômeros (poliéter, silicona de adição, silicona de condensação e polissufeto).

Além de um bom material, a execução de uma boa moldagem depende de três requisitos básicos:

  • Extensão do preparo: Manutenção da saúde periodontal, com ausência de inflamação e exsudato.
  • Término Cervical: O termino cervical deve ser liso, polido e bem definido para que possa ser copiado detalhadamente durante a moldagem
  • Coroas provisórias corretas: Coroas provisórias bem adaptadas evitando o subcontorno e sobrecontorno para manter a saúde gengival.

Materiais para moldagem

O hidrocolóide irreversível (alginato) é composto por um pó contendo alginato de potássio que quando misturado com água sofre um processo de geleificação. É de fácil manipulação, baixo custo e hidrofílico, ou seja, bom para moldagem de mucosas. Porém, tem baixa fidelidade de reprodução, e baixa estabilidade dimensional, por esse motivo, não se utiliza alginato para moldar preparos.

O poliéter é apresentado em duas bisnagas, uma contendo a pasta base e a outra contendo a pasta catalisadora. É um material bom para moldar mucosas, apresenta excelente reprodução de detalhes e excelente estabilidade dimensional.
Exige moldeira individual, exige emprego de adesivo próprio sobre a moldeira para facilitar a retenção do material, possui um tempo de trabalho reduzido e alto modulo de elasticidade – Cuidado ao utilizar esse material em pacientes com regiões retentivas. Desde que em ambiente seco, os moldes feitos com poliéter podem ser armazenados por até 7 dias, segundo os fabricantes. Contudo, por serem hidrofílicos, tendem a absorver água e não podem ser trabalhados em ambiente de alta umidade.

As siliconas de condensação são muito utilizadas pelos profissionais pela facilidade de trabalho e da técnica de moldagem. Apresentam uma pasta leve, uma massa densa e um catalisador para ambas as pastas. Possuem boa estabilidade
dimensional, custo reduzido, boa reprodução de detalhes, fácil manuseio. Como desvantagem, tem maior deformação quando comparada a silicona de adição, essa maior deformação ocorre devido a liberação de subprodutos durante a polimerização
(evaporação de álcool etílico, gerando a distorção). Por esse motivo também, o molde deve ser vazado imediatamente.

As siliconas de adição são os mais precisos dos elastômeros. Podem ser encontradas em diferentes consistências (leve, regular e pesado) e embalagens, como potes plásticos, bisnagas e mais recentemente na forma de cartuchos. Possuem alta
resistência ao rasgamento, rápida recuperação elástica, alta estabilidade dimensional e boa reprodução de detalhes. O material tem seu processo de polimerização alterado na presença do enxofe, então não pode ser manipulado com luvas de látex. O molde com silicona de adição não pode ser vazado imediatamente por conta da reação tardia com liberação de hidrogênio que pode influenciar na superfície do gesso.

Os polissufeto são conhecidos também como mercaptanas. Uma de suas vantagens é o tempo de trabalho, pois sua polimerização final ocorre em cerca de 9 minutos. Aspectos como baixo custo, alta resistência ao rasgamento, bom tempo de
trabalho e boa reprodução de detalhes tornavam os polissulfetos uma boa opção de material para moldagem. Contudo, eles entraram em desuso devido algumas desvantagens, como odor desagradável, capacidade de manchar e memória elástica deficiente.

Técnicas de moldagem

É rotina o posicionamento de términos cervicais a nível gengival ou intra- sulculares. Para esses casos torna-se necessário o afastamento gengival para adequada reprodução das margens. O afastamento pode ser mecânico (casquetes ou com fios retratores) ou químico-mecânico (uso de substancias químicas – hemostáticos).

O afastamento gengival com o fio retrator é realizado com os deslocamentos vertical e horizontal dos tecidos gengivais. De maneira geral, o afastamento vertical é realizado por um fio de menor espessura, onde fica totalmente dentro do sulco. E o
afastamento horizontal com um fio de maior diâmetro, onde objetiva-se o alargamento da entrada do sulco para facilitar a inserção e remoção do material de moldagem. A moldagem com esse tipo de afastamento pode ser feita de duas técnicas: Técnica da dupla mistura e técnica da dupla impressão.

A moldagem pela técnica da dupla mistura, também conhecida como técnica de um único tempo utiliza dois materiais de diferentes viscosidades, um mais denso e outro fluido em uma única etapa clínica. O material mais viscoso proporcionará um
suporte e empurrará o material leve para o interior do sulco gengival e dos detalhes. O material leve é injetado no sulco gengival e preparos, enquanto isto, a moldeira é preenchida com o material pesado e levada a boca, forçando o material mais fluido a copiar os detalhes.

A moldagem pela técnica da dupla impressão ou técnica de reembasamento utiliza também os dois materiais de diferentes viscosidades, porém, em duas etapas. Consiste em realizar uma moldagem preliminar com o material pesado para, posteriormente, realizar a segunda moldagem com o material de consistência mais fluida. Necessário alívio na moldagem preliminar para criar espaço para o material leve. Este alívio pode ser alcançado, movimentando em diversos sentidos o material pesado durante a moldagem inicial, como também pode utilizar espaçadores plásticos ou escavação do molde com instrumentos cortantes.

A moldagem com casquete é um método mecânico e não traumático ao periodonto. É um dispositivo confeccionado em resina acrílica que possui um alívio interno (para que seja colocado o material de moldagem) e reembasamento cervical para que tenha o afastamento gengival. Essa técnica tem como vantagem a garantia de uma boa moldagem, obtida sempre que o casquete for reembasado corretamente. Outra vantagem é a economia, visto que a quantidade de material necessária para preencher o casquete é muito pequena e, consequentemente, a alteração dimensional é reduzida.

Após a moldagem, o CD deve se preocupar em prevenir a transmissão de doenças infectocontagiosas. Portanto, é importante realizar a desinfecção do molde previamente ao vazamento do gesso. Dentre os desinfetantes usados para essa finalidade estão o glutaraldeído a 2% e o hipoclorito de sódio a 0,5 ou a 1,0%. Ao selecionar um desinfetante, é importante considerar sua compatibilidade com o material de moldagem, para evitar que altere o molde.

Os materiais de moldagem mais utilizados nas reabilitações orais são os elastômeros, cabendo ao profissional escolher o grupo que mais se adequa ao procedimento. Com relação às técnicas de moldagem, todas podem ser utilizadas, não existindo alguma diferença significativa entre elas. No entanto, deve ser criteriosamente executada, cabendo ao cirurgião-dentista respeitar suas limitações e procurar a que a mais se sinta seguro e hábil a executá-la.

Autora: Bárbara Borges Mello (Cirurgiã-Dentista)

REFERÊNCIAS:
1. MESQUITA, VANDRÉ TAUMATURGO et al. Materiais E Técnicas De Moldagem Em Prótese Fixa- Revisão De Literatura. Saber Científico Odontológico, Porto Velho, v. 1, n. 2, p. 45-54, Jun. 2012
2. ALTO, RAPHAEL MONTE et al. Materiais E Técnicas De Moldagem. 2018. Disponível em: Https://Www.Coltene.Com.Br/Wp- Content/Uploads/2018/01/Manual_De_Moldagem_Web_V13.Pdf. Acesso Em: 17 Abr. 2020
3. PEGORARO, LUIZ FERNANDO et al. Prótese Fixa: Bases Para O Planejamento Em Reabilitação Oral. São Paulo: Artes Médicas, 2013.
4. SILVA, FRANCISCO CLÁUDIO FERNANDES ALVES et al. Técnica De Moldagem Modificada Usando Silicona De Adição. Rev Assoc Paul Cir Dent, Fortaleza, v. 4, n. 70, p. 364-368, Set. 2016