Desde os estudos do Professor Per- Ingvar Branemark e colaboradores, os quais inseriram o conceito de osseointegração na implantodontia, os implantes dentários têm se aprimorando e se tornado uma solução eficiente para tratamento de pacientes edêntulos parciais ou totais. Através do uso de novos materiais, modificações na geometria, tratamento de superfície e o aperfeiçoamento das conexões e componentes protéticos, alcançamos uma maior longevidade, bem como uma menor perda óssea ao redor dos implantes.
Além das características dos implantes e componentes protéticos, outros fatores são necessários para garantir a previsibilidade das reabilitações orais, principalmente:
- Àqueles relacionados ao paciente,
- Ao planejamento reverso,
- À técnica cirúrgica,
- Ao mecanismo de retenção da prótese,
- Ao controle e acompanhamento do caso.
No diagnóstico inicial do paciente devemos realizar uma anamnese minuciosa, investigando seu histórico de saúde, como a presença de doenças crônicas; histórico dental, se há queixas de dor, causa de perdas dentárias, traumatismos dentoalveolares ou doença periodontal; se pratica hábitos deletérios, como tabagismo e bruxismo, entre outros.
Dados extra-orais devem ser analisados como altura da linha do sorriso, dimensão vertical de oclusão, assimetrias faciais, tonicidade muscular entre outros. Essas informações são relacionadas com os achados da avaliação intra-orai, como a abertura bucal, biótipo gengival, tamanho do espaço protético e necessidade de adequação do meio.
Para auxiliar nesse diagnóstico o profissional pode (e deve!) utilizar exames laboratoriais, modelos de estudo, enceramento diagnóstico e exames radiológicos, como as radiografias e as tomografias.
Considerando todas as características identificadas no diagnóstico inicial do paciente e suas expectativas com o resultado final do tratamento, inicia o planejamento reverso. É através dele que o profissional vai determinar a posição, geometria, diâmetro, tipo de conexão, tamanho e tratamento de superfície do implante a ser instalado e o design da futura prótese.
A técnica cirúrgica pode exercer grande influência no sucesso do tratamento proposto, pois a execução incorreta aumenta a chance de perda precoce do implante. Para evitar essa situação alguns princípios devem ser seguidos, como causar o menor trauma possível ao tecido mole e base óssea, irrigação constante, utilizar brocas com poder de corte adequado, exercer pressão manual leve e intermitente, com preparo preciso do leito receptor e instalação do implante com torque adequado, para obtenção de uma boa estabilidade primária.
Ao iniciar a fase protética, busca-se inicialmente um sistema de conexão que beneficie a transmissão e distribuição das tensões para o implante, protegendo-o de sobrecargas; depois, a etapa de moldagem é primordial para o sucesso da reabilitação, pois é ela que permite o assentamento passivo da plataforma da prótese com o implante. Cuidados também são necessários ao cimentar ou parafusar a peça protética. Ao cimentar, a prótese deve ficar justaposta com o pilar e o excesso de cimento deve ser removido, já nas peças parafusadas a atenção é voltada ao torque e a proteção do parafuso.
A oclusão nas próteses implantossuportadas segue basicamente os mesmos princípios que os dentes naturais, com os esquemas de oclusão mutuamente protegida, que se baseia em função em grupo e oclusão balanceada bilateral. Além disso, contatos oclusais no centro da superfície oclusal, inclinação reduzida das cúspides e menor intensidade no contato oclusal auxiliam a distribuir melhor as forças sobre o implante.
Após executar todo o plano de tratamento é imprescindível que o paciente retorne periodicamente para acompanhamento e manutenção. Essas consultas devem ser voltadas para avaliação do tecido periimplantar, do implante e da prótese. A higiene bucal deve ser motivada desde a primeira consulta e mantida durante e após término do tratamento. De acordo com o tipo de prótese, o paciente deve ser orientado a utilizar escovaconvencional, escova unitufo ou bitufo, passa fio, fio ou fita dental entre outros.
Sendo assim, nota-se que o casamento entre a prótese e implante não é simples, exige muito planejamento, atenção aos detalhes, cuidados diários e execução primorosa. Falhas em qualquer em uma de suas fases, seja na fase de planejamento, na instalação do implante, na confecção da prótese ou no controle e manutenção levam ao insucesso da reabilitação e a frustrações tanto do profissional quanto do paciente.
Autora: Raiany Aguiar
Referências
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