A Atuação do Nutricionista no Combate à COVID-19

 

A atuação dos profissionais da saúde tem ganhado papel de destaque no atual cenário mundial. A Pandemia de Covid-19, segue se alastrando e vitimando dezenas de pessoas. Em meio a essa situação, como está sendo a atuação dos profissionais da Nutrição? Como tem sido a abordagem clínica e qual o papel do nutricionista no combate ao coronavírus? 

Convidamos Andréa Argolo, Nutricionista e Professora Assistente da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, para compartilhar a sua experiência e explicar as nuances da atuação dos profissionais de Nutrição no combate à pandemia em uma live especial em nosso Instagram!

Nossa convidada, além de compartilhar seu conhecimento durante a Live, respondeu diversas de nossas dúvidas!  E vocês acompanham aqui todas essas informações, referentes a este tema tão abordado nos dias atuais! 

 

Como o nutricionista atua nesse necessário de pandemia?

 

O nutricionista atua em diversas situações. Existem indivíduos sadios e em risco de contaminação , em que se recomenda alimentos ricos em nutrientes e com reduzidos valores de gorduras saturadas. Visto que, o sobrepeso pode ser um agravante à doença. Outro ponto, são os indivíduos identificados com possíveis sintomas e que estão em isolamento domiciliar, é importante uma dieta rica em líquido ( chás e sopas, por exemplo). Entretanto , aspectos mórbidos precisam ser avaliados nesses casos. Além disso, os nutricionistas nas unidades de saúde estão empenhados em ofertar o melhor cardápio possível, sendo  necessário também o conhecimento do quadro respiratório do paciente, para definição da consistência das refeições, atentando-se para  pacientes em nutrição enteral.

 

Quais as principais dificuldades encontradas?

 

A principal dificuldade é a falta do contato físico com o paciente, em virtude das medidas de controle e pelo fato de serem utilizados EPI’s específicos, que são distribuídos principalmente para médicos e enfermeiros. Na maioria dos casos esses EPIs não chegam aos nutricionista.   Sendo assim, a avaliação antropométrica, identificação de edema, distribuição de gordura e determinação do peso se torna um desafio para o nutricionista e interfere diretamente na prescrição dietética. Outra dificuldade, é conhecer a aceitação e tolerância do paciente à dieta e até mesmo as preferências destes pacientes. 

Além disso, paciente em terapia nutricional, é necessário informações referentes à quando a sonda foi liberada , quando a dieta foi administrada, se ocorreu  parada da bomba de infusão,  quanto tempo ficou e quantificação de líquido. 

Além disso, a dificuldade de uma abordagem nutricional realizada por profissionais que possuem contato direto com os pacientes como médicos e enfermeiros se mostra outro desafio relacionado à atuação dos nutricionistas. Para isso,  é necessário a comunicação,  o trabalho multidisciplinar e a colaboração de todos os profissionais. 

O plano alta é uma curiosidade. A dificuldade de estar presente junto o paciente, faz com o que o plano de alta seja feito via serviço social, enfermagem ou até mesmo contato de familiares e instruí-los da melhor forma. 

 

Quais as principais condutas adotadas pelo Nutricionista na Unidade Hospitalar na situação de pandemia de COVID19?

 

Devemos observar: 

  1. Idade, sexo, tempo de internamento e lista de problemas?
  2. Qual a Via ou mecanismo de oxigenoterapia?
  3. Funcionalidade do Aparelho digestório: condições da cavidade oral e a capacidade de deglutição, tipo de dejeções?
  4. Laboratório e Sinais Vitais?
  5. Estado Nutricional? Avaliação de Risco Nutricional? Existem dicas no prontuário? Quais profissionais poderão nos auxiliar nessa avaliação?

A primeira escolha é a dieta branda ou pastosa, ou, se com dispneia importante, a dieta semi-líquida e acompanhamos para progressão o mais breve quanto o quadro clínico permitir ou conforme aceitação do paciente –  a evolução pode ser no mesmo dia ou não.

Lembrar que a dieta normal, com preparações mais inteiras, piora o cansaço e da mesma forma que os grandes volumes pioram o desconforto respiratório, por isso devem ser evitados;

 

Atenção: os pacientes têm apresentado importantes desequilíbrio hidroeletrolítico e por vezes apresentam história de HAS e o sódio está em 129mEqL e de coagulação; Fazem uso de antibióticos e de Drogas Vasopressora; por vezes cursam com hipotermia T33ºC e hipoglicemia HGT >70mg/dL ou hiperglicemia +110 à 450mg/dL; Saturação O2 varia muito tendendo a ficar em torno de <95%; a FR variou muito também de 87 a 12ipm.

 

O quadro clínico mais frequente em nossa prática tem sido paciente de todas as idades, com várias comorbidades: doença cardiovascular – dentre elas a HAS, trombose e embolia; Obesidade, DM2, Doença renal previa, HIV +, diarreia prévia, edema em MMSS E MMII, anasarca; 

 

Conduta adotada: dieta sempre que possível hipercalórica e hiperproteica, com a maior DC possível; pouco líquidos, por vezes usamos probióticos.

Evitamos a utilização de módulos de macronutrientes ou SN líquido via SNE, para reduzir o risco de contaminação dos técnicos, só lançamos mãos dessa estratégia em situações extremas.
 

Autora: Andréa Argolo (CRN5 0922)