Interações medicamentosas dos Anticoncepcionais Orais: Tudo que você precisa saber

INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS DOS ANTICONCEPCIONAIS ORAIS: TUDO QUE VOCÊ PRECISA SABER

 

Os anticoncepcionais orais estão entre os métodos contraceptivos mais utilizados mundialmente, por fatores como eficácia, aceitabilidade, disponibilidade, facilidade de uso e reversibilidade.

Apesar de serem medicamentos amplamente utilizados e razoavelmente seguros existem algumas interações medicamentosas importantes associadas a esses fármacos. A gente sabe que não é fácil encontrar essas informações por aí, por isso fizemos uma boa pesquisa e reunimos nesse post TUDO QUE VOCÊ PRECISA SABER sobre esse assunto.

Aqui nesse artigo você vai encontrar os principais grupos de fármacos que interagem com os anticoncepcionais orais e quais as consequências mas, primeiramente vamos falar sobre os tipos de anticoncepcionais orais e as limitações de ambos e por fim, vamos abordar o papel do farmacêutico junto à paciente:

 

Tipos de Anticoncepcionais Orais

Principais Interações Medicamentosas dos Anticoncepcionais Orais

Papel do Farmacêutico no acompanhamento das Pacientes

 

Vamos lá.

 

Tipos de Anticoncepcionais Orais

 

Os anticoncepcionais podem ser divididos em: Anticoncepcional hormonal combinado oral e Minipílula ou ainda em Estrógenos e Progestógenos.

 

Anticoncepcional hormonal combinado oral

Os anticoncepcionais hormonais combinados, que contêm estrogênio e progesterona, quando utilizado de maneira correta e consistente é seguro e eficaz. Além de manter a regularidade dos ciclos menstruais, e ter efeito protetor sobre o endométrio e o ovário. Há evidências de que reduza as chances de doenças benignas da mama e o crescimento de miomas uterinos.

Os riscos estão associados a eventos cardiovasculares, sendo preferidas as pílulas de baixa dosagem como primeira escolha.

Não devem ser usados em lactantes, pois interferem na qualidade e na quantidade do leite materno e podem afetar adversamente a saúde do bebê. (BRASIL, 2010)

 

Minipílulas

As minipílulas são livres do componente estrogênico e com menores doses de progestógenos.  Com relação a eficácia contraceptiva, esta é menor que a dos anticoncepcionais orais combinados devido à sua ação ser mais efetiva sobre o endométrio e o muco cervical, promovendo o espessamento do muco cervical e dificultando a penetração dos espermatozoides. Entretanto, na perimenopausa, com a diminuição da fertilidade, a segurança é comparável à apresentada por usuárias mais jovens de anticoncepcionais hormonais combinados orais. Além é a opção terapêutica quando há contraindicação ao uso de estrogênio, como na presença de doenças cardiovasculares, tabagismo e amamentação. (BRASIL, 2010)

 

Principais Interações Medicamentosas dos Anticoncepcionais Orais

 

ANTIEPLÉPTICOS

 

Vários antiepiléticos como fenitoína, fenobarbital, carbamazepina, topiramato, oxcarbazepina, rufinamida e clobazam, aumentam a metabolização dos anticoncepcionais hormonais diminuindo sua eficácia. Há um risco adicional no caso do topiramato pois além de diminuir a eficácia dos contraceptivos, há risco de teratogênese.

 

ANTIMICROBIANOS

Primeiro, é importante destacar que nem todos os antibióticos interagem com os anticoncepcionais, apenas os antibióticos de largo espectro (SILVA e ROCHA, 2013). Os antibióticos que já tiveram casos e estudos da interação com os contraceptivos são, Penicilinas, Tetraciclinas, e o mais citado, a Rifampicina.

 

Os fármacos que induzem isoenzimas CYP3A4, como por exemplo a rifampicina e o bosentano podem reduzir significativamente a eficácia dos anticoncepcionais. Por isso mesmo é que o uso concomitante deve ser evitado.

 

Antimicrobianos que alteram a flora gastrintestinal (GI) normal podem reduzir o ciclo entero-hepático dos estrogênios componentes dos contraceptivos orais, diminuindo, assim, sua eficácia, são exemplos as penicilinas e tetraciclinas (WHALEN, FINKEL e PANAVELIL, 2016).

Dessa forma, as pacientes devem ser alertadas sobre as possíveis interações entre esses antibióticos e anticoncepcionais hormonais e orientadas a fazer uso de método de barreira complementar.

 

FÁRMACO ANTI-HIV:

A nevirapina é um inibidores não nucleosídeos da transcriptase reversa além disso atua como uma indutora da isoenzima CYP3A4 e aumenta a biotransformação de diversos fármacos, incluindo anticoncepcionais orais (WHALEN, FINKEL e PANAVELIL, 2016).

 

DERIVADOS DO ÁCIDO RETINOICO

O método contraceptivo que emprega microdoses de progesterona é inadequado durante o tratamento com os derivados do ácido retinoico, podendo causar redução do efeito contraceptivo. Portanto, a paciente deve utilizar um anticoncepcional combinado de estrogênio e progesterona (SILVA e ROCHA, 2013).

 

LEVOTIROXINA

A função tireoidiana é afetada pela gravidez ou terapia com anticoncepcionais orais, esses medicamentos podem induzir um aumento de TBG (proteína transportadora do hormônio tireoidiano) produzindo sintomas de hipotireoidismo, pois a quantidade elevada de transportador reduz a distribuição do hormônio aos tecidos-alvo (SILVA e ROCHA, 2013).

 

CORTICOSTEROIDES

O uso concomitante de estrogênios e corticosteroides pode aumentar o efeito terapêutico destes últimos. Os anticoncepcionais orais ou estrogênios aumentam a meia-vida e reduzem o metabolismo do esteróide e, com isso, aumentam sua capacidade se ligar a proteínas plasmáticas elevando a concentração sérica dos corticosteroides (SILVA e ROCHA, 2013).

 

FITOTERÁPICOS

De maneira geral, os fitoterápicos que interagem provocam um aumento do efeito tóxico da progesterona. A erva de são João contém indutores enzimáticos da família do citocromo P450. Podendo causar sangramentos e, até mesmo, gravidez indesejada se usada concomitantemente a anticoncepcionais orais. (ANVISA, 2013).

 

REPAGLINIDA

Por ser metabolizada pela família CYP3A4, assim como barbitúricos, carbamazepina e rifampicina, o uso concomitante com anticoncepcionais orais pode elevar a concentração sérica de repaglinida, portanto, reduzindo o efeito hipoglicemiante. Um estudo clínico farmacocinético em voluntários sadios demonstrou que a administração concomitante de contraceptivos orais (etinilestradiol/levonorgestrel) não alterou a biodisponibilidade total da repaglinida para um grau clinicamente relevante, embora os níveis de pico da repaglinida ocorressem mais cedo. (EMS)

 

OUTROS FÁRMACOS

Segundo SCARAMELLO, 2013, os fármacos Cimetidina, Digoxina, Nadolol, Eritromicina, Estradiol, Verapamil também interagem com os anticoncepcionais orais, pois o uso concomitante pode reduzir a velocidade de eliminação desses Fármacos.

 

Também são citados pela autora os fármacos AAS, Dexametazona, Prazocina, Trazodona que podem aumentar a excreção de estradiol.

 

Papel do Farmacêutico no acompanhamento das Pacientes

 

O farmacêutico como profissional da saúde e especialista em medicamentos deve estar sempre atento(a) à ocorrência de Problemas Relacionados aos Medicamentos, atuando sempre primeiramente na prevenção mas também no manejo das intercorrências ou complicações para melhorar o estado de saúde da paciente e promover o uso racional de medicamentos. Trouxemos algumas ações de prevenção e manejo que são prioritárias na saúde da mulher em relação ao uso de anticoncepcionais orais, segundo o Ministério da Saúde:

 

Prevenção

• Incluir na anamnese a investigação de todas as condições que contraindiquem o uso da pílula.

• Explicar detalhadamente a técnica adequada de uso do método, levando em consideração os antecedentes e as circunstâncias individuais de cada mulher.

• A primeira opção deve recair sempre para a pílula combinada de baixa dose (0,03 mg de etinilestradiol), em face da sua melhor tolerabilidade, alta eficácia e baixo custo.

• As pílulas de doses maiores podem ser utilizadas, como medida de exceção, em mulheres com perdas sanguíneas intermenstruais persistentes ou situações de interação medicamentosa.

• Esclarecer à mulher que é frequente a ocorrência de pequeno sangramento intermenstrual durante os primeiros meses de uso da pílula combinada de baixa dosagem. Nessa situação, ela deve ser orientada a continuar o uso da pílula. Durante o período de uso, se o sangramento persistir por mais de 10 dias, a mulher deve procurar o serviço de saúde.

• Permanecendo o sangramento intermenstrual após três meses em mulheres que usam a pílula corretamente, impõe-se a realização de exame ginecológico minucioso, para afastar outras etiologias.

 • Orientar que é absolutamente necessário procurar assistência médica imediata em serviço de emergência ou hospital, quando do aparecimento de sintomas atípicos, tais como aparecimento ou agravamento de cefaleia, com sinais neurológicos; hemorragias; dor abdominal de causa indeterminada; alteração visual de aparecimento súbito; dor torácica ou de membros inferiores de aparecimento súbito.

• Esclarecer que a pílula não protege contra as DST/HIV/Aids.

• Incentivar a adoção da dupla proteção – uso associado do preservativo, masculino ou feminino, com a pílula.

 

Manejo das intercorrências ou complicações

• Náuseas: sugerir tomar a pílula à noite ou após uma refeição.

• Cefaleia leve: sugerir o uso de um analgésico.

• Efeitos secundários menores que duram mais de três meses: se a mulher prefere pílula, oferecer outro anticoncepcional oral combinado ou pílula apenas de progesterona – minipílula.

• Amenorreia na vigência de uso da pílula: — Perguntar se está realmente tomando a pílula diariamente. — Perguntar se esqueceu de tomar duas ou mais pílulas consecutivamente: nesse caso, há possibilidade de gravidez. — Recomendar a interrupção do uso da pílula e sugerir o uso da camisinha até a próxima menstruação ou até que a possibilidade de gravidez seja afastada.

• Manchas ou sangramentos intermenstruais — Perguntar se esqueceu de tomar alguma pílula, se apresentou vômitos ou diarreia, se está tomando rifampicina ou anticonvulsivante. — Esclarecer que é frequente a ocorrência de pequeno sangramento intermenstrual durante os primeiros meses do uso da pílula. — Se o sangramento persistir por mais de 10 dias, deve ser investigado. — Permanecendo o sangramento intermenstrual após três meses, investigar para afastar outras etiologias.

• Sangramento vaginal anormal: orientar a continuar usando a pílula, enquanto o problema está sendo avaliado.

• Cefaleias muito severas: orientar a mudar para outro método.

IMPORTANTE LEMBRAR QUE:

A atenção em planejamento familiar implica não só a oferta de métodos e técnicas para a concepção e a anticoncepção, mas também a oferta de informações e acompanhamento, num contexto de escolha livre e informada. (MINISTÉRIO DA SAÚDE)


PARABÉNS A TODAS AS PROFISSIONAIS FARMACÊUTICAS PELO SEU DIA!!

08 de Março – Dia Internacional da Mulher


Referências:

Whalen, Karen; FINKEL, Richard; PANAVELIL, Thomas A. Farmacologia ilustrada. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016.

SILVA, Luma Meirelles; ROCHA, Marcia. Interações medicamentosas dos anticoncepcionais com outros fármacos. Revista Oswaldo Cruz. 2013. Disponível em: http://revista.oswaldocruz.br/Content/pdf/Edicao_9_Lu ma_Silva.pdf. Acesso em: 14 abr. 2017.

SILVA, Natália Cristina de Sousa et al. Interações medicamentosas com contraceptivos hormonais orais. Disponível em: http://co.unicaen.com.br:89/periodicos/index.php/UNICA/article/view/57 Acesso em: 05 de março de 2020.

SCARAMELLO, Christianne Brêtas Vieira. Contraceptivos hormonais. (Artigo Científico) – Universidade Federal Fluminense, Icaraí, 2013. Disponível em: http://www.proac.uff.br/farmacomed/sites/default/files/ contraceptivos_hormonais.PDF. Acesso em: 21 abr. 2017.

EMS. Bula do medicamento Repaglinida® Disponível em: https://www.ems.com.br/arquivos/produtos/bulas/bula_repaglinida_10838_1412.pdf Acesso em: 05 de março de 2020