Traumas faciais: você sabe como classificá-los?

Quem nunca ouviu falar de alguém que caiu ou teve algum acidente esportivo?  Ou até mesmo em jornais sobre acidentes automobilísticos? Pois é! Traumas faciais são recorrentes, principalmente em jovens devido a práticas esportivas e uso inadequado de bebidas e direção automotiva. Traumas faciais também são comuns em luta corporal, ferimento por arma de fogo, acidentes de trabalho ou quedas acidentais.

Mas o que seria o trauma facial? Ele pode ser considerado como o conjunto das perturbações causadas por um agente físico de origem, natureza e extensão variadas, ocorrendo em diferentes partes do corpo.  As lesões da cabeça e da face possuem um agravante pois estudos apontam que cerca de 50% das mortes traumáticas são oriundas dos traumas de face e cabeça.

 

Quais são os fatores que interferem no trauma facial?

Reconhecida entre estudos como a terceira maior causa de morte no Brasil, o trauma varia de acordo com alguns fatores. São exemplos como o tipo de violência causada, a idade do paciente, o sexo biológico, a classe social, o local da moradia – se é urbana ou rural.

 

Qual a incidência do trauma facial?

O traumatismo facial tem maior incidência em jovens. Seus efeitos dependem da energia, vetor de impacto e duração do trauma. Os ferimentos podem ser leves, como lesões no tecido mole e dentes levando a fraturas dentoalveolares ou avulsão dentária. Ou ainda casos mais graves os quais causam fraturas dos ossos da face: mandíbula, maxila, nariz, osso zigomático e órbita.

 

 

Como o Cirurgião-dentista pode fazer o diagnóstico de trauma facial?

No atendimento de urgência, antes do diagnóstico de fratura, o profissional deve primeiro fazer a desobstrução das vias aéreas do paciente ou tamponar hemorragias, caso preciso. Em seguida, avaliar alguns dos sinais vitais (frequência cardíaca, frequência respiratória e pressão arterial) e a condição neurológica/cervical do paciente. A partir disso, é feita a avaliação facial.

Traumas ósseo-faciais possuem sintomatologia fácil de ser diagnosticada, quando associada a um exame de anamnese detalhado. Na anamnese o paciente trará relato de trauma ao solo, luta corporal, acidente de trânsito ou decorrente de práticas desportivas.

Existem alguns sinais e sintomas sugestivos de fratura facial, tais como:  

– Laceração

– Ruptura de mucosa

– Equimose

– Hematoma

– Edema palpebral

– Hemorragia subconjuntival

– Enfisema subcutâneo

– Dor

– Diplopia

– Dificuldade de movimentação da mandíbula

-Creptação

-Desnível ósseo

Para confirmação de casos de fratura óssea são usados alguns exames de imagem como:

– Perfil: para incidência em partes moles para avaliação nasal

– Waters: para ossos malares, maxila e septo nasal

– Cadwell: para rebordo orbitário superior e seio frontal

– Towne para ramos e côndilos da mandíbula e paredes laterais da maxila

– Submento-vértex: para avaliação do zigomático e simetria facial

– Panorâmica

– Tomografia computadorizada

A importância do correto diagnóstico interfere não só na recuperação do paciente, mas também para que se evite agravos. O paciente pode apresentar infecção, dor crônica, visão dupla permanente – diplopia- alteração de funções faciais como a movimentação ocular e/ou mastigatória.

 

Classificação das Fraturas

As fraturas em face podem ser classificadas de acordo com a localização e osso atingido.  Fraturas em maxila são classificadas como: Le Fort I, Le Fort II, Le Fort III e Lannelongue (sagital de maxila).

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Fraturas Le Fort I ou Guérin ou Transversa: horizontal. Separa a lâmina pterigoide do osso nasal e zigomático e/ou maxila.

Fraturas Le Fort II ou fratura piramidal: superior. Separa os ossos da maxila e nasal do osso da órbita e zigomático.

 Fraturas Le Fort III ou disjunção craniofacial: horizontal alto. Esse tipo de fratura envolve as suturas naso-órbito-etmoidal, zigomático e maxila, separando-as da base do crânio, em bloco único.

Existe também a classificação para fraturas em mandíbula. Elas são subdivididas de acordo com a extensão da fratura ou a sua localização nos acidentes anatômicos.

Considerando a extensão das fraturas, elas podem ser classificadas, como mostra na figura abaixo, em: Simples, composta, cominutiva, impactada, complexa e galho verde (fratura incompleta, em apenas uma cortical, em ossos flexíveis).

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E de acordo com a variação anatômica, as fraturas também são divididas em:

-Sínfise e parasínfise

-Corpo de mandíbula

-Ângulo da mandíbula

-Ramo da mandíbula

-Apófise coronoide

-Osso condilar

-Apófise condilar: subdividida em fratura alta (acima do pterigoideo lateral), fratura média (abaixo do pterigoideo lateral) e fratura baixa (na base da apófise condilar)

 

Tratamento

Existem dois tipos de tratamento para redução da fratura: Redução incruenta ou fechada e a Redução cruenta ou aberta.

A redução fechada é feita quando não há exposição de fratura. Dessa forma, é feito apenas uma fixação intermaxilar, ou seja, bloqueio maxilo-mandibular, por meio de amarrias, arcos, goteiras e suspensões (assunto para o próximo post do blog), no período de 6 semanas.

Já a redução aberta é feita após a redução fechada, quando há deslocamento ósseo ou fratura de ângulo da mandíbula. A osteossíntese acontece a partir do uso de fios de aço, placas e parafusos, além do uso da fixação intermaxilar no período de 3 a 8 semanas. Durante esse tempo, o paciente tem a sua dieta baseada em alimentos líquidos e pastosos. Sua higiene bucal é feita com auxílio de colutórios.

Nesses casos, a anestesia usada é local- tópica e infiltrativa. O anestésico tópico usado é embebido em algodão com estovaína ou neotutocaína a 4%, deixado por 5 a 10 minutos, seguido de infiltração local com lidocaína a 1% ou 2% com epinefrina 1:100.000. Em situações mais graves ou em crianças, a anestesia usada é geral.

 

Possíveis complicações

Os ossos mais acometidos nesse tipo de acidente são a maxila, mandíbula, osso zigomático, orbital e nasal. No entanto, insucessos podem acontecer durante a redução da fratura. Pseudoartrose devido a união inadequada dos fragmentos, infecção/osteomielite pelo incorreto debridamento da ferida, erro na seleção de placas, maloclusão, dentre outros.

Mesmo após o correto diagnóstico e tratamento das fraturas, ainda assim complicações podem surgir. As possíveis complicações em casos de tratamento pós fratura são de surgimento precoce ou tardio. Dentre elas são: a perda de sensibilidade facial ou perda de movimentos faciais (parestesia e paralisia, respectivamente), cicatrizes anti-estéticas, retrações na pele, alterações na visão, dificuldade de respiração, perdas dentárias e má oclusão.

 

 

Por Sanar

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