Glândulas Anexas do Sistema Reprodutor Masculino
O aparelho reprodutor masculino é constituído por um par de testículos, um par de epidídimos, ductos deferentes, uretra, rins e glândulas sexuais acessórias ou anexas.
Apesar de conter diversos órgãos associados a esse sistema, hoje iremos falar somente das glândulas anexas.
As glândulas acessórias
Foto 1: Representação de glândulas acessórias de diferentes animais
As glândulas acessórias são órgãos túbulo-alveolares cuja secreção desemboca na uretra misturando-se com os espermatozóides no momento da ejaculação, para formar o sêmen e fornecer o fluído necessário para o transporte e a nutrição dos espermatozóides. Compreendem as vesículas seminais (glândulas vesiculares), a próstata, as glândulas bulbo-uretrais (glândulas de Cowper) e as glândulas uretrais (glândulas de Littre).
De todos os órgãos reprodutivos masculinos, as glândulas acessórias são as que têm maior variação entre as diferentes espécies em termos de anatomia, biologia e função. Não somente varia o tipo e a forma da glândula, mas o volume, as características físicas e o conteúdo bioquímico de suas secreções.
Existe considerável variação entre as espécies de mamíferos em relação ao número de glândulas acessórias. A única glândula acessória presente em todos os mamíferos é a próstata. Excetuando carnívoros e cetáceos, os demais mamíferos possuem glândulas bulbo-uretrais.
O rato possui todas as principais glândulas acessórias, tendo ainda umas glândulas entre a pele prepucial, as glândulas prepuciais, que drenam no saco prepucial. As vesículas seminais, em número par, não existem no cão e nem no gato. São assim chamadas devido ao conceito inicial errado de que eram reservatórios de espermatozóides. Possuem tecido compacto arranjado em múltiplos lóbulos e com um sistema ramificado de dutos.
Figura 2: Representação da posição da próstata
A próstata é uma glândula ímpar túbulo-alveolar difusa presente em todos os mamíferos. Foi assim chamada devido a sua localização anterior à bexiga e às vesículas seminais. Sua morfologia varia muito entre as espécies, sendo de tamanho reduzido nos ruminantes e de maior tamanho no cavalo, o cão e o homem.
O corpo da próstata rodeia a uretra, enquanto que a parte disseminada se estende embaixo da uretra pélvica. No homem pesa aproximadamente 20 g e descarrega na uretra mediante 15 a 30 dutos. A hiperplasia prostática benigna, frequente no homem e no cão está restrita à região préprostática. A incidência chega a 80% da população em indivíduos de raça branca (EUA), sendo que 25% dos casos requerem de cirurgia. Esta hiperplasia é a 2ª causa de cirurgia nos homens nos Estados Unidos.
O câncer ataca menos pessoas mas mesmo assim é a 2ª causa de morte por câncer nesse país.
Figura 3: Glândulas reprodutivas acessórias. Comparação entre as espécies domésticas comuns (vistas dorsais). A. Garanhão B. Touro C. Varrão D. Cão
As glândulas bulbo-uretrais ou glândulas de Cowper são tubulares, multi-lobulares ou túbulo-alveolares. Sua secreção é mucosa e estão localizadas em número par lateralmente à uretra pélvica. Não estão presentes no cão, enquanto que no porco são de grande tamanho e são responsáveis pela secreção gelatinosa da última parte do plasma seminal.
As glândulas uretrais são mais evidentes no homem e no porco. Sua secreção é de tipo mucoso e se abrem na porção cavernosa da uretra no homem. A diferenciação embrionária das glândulas acessórias bem como seu crescimento são dependentes dos andrógenos.
As glândulas acessórias possuem um epitélio secretor, cuja superfície aumenta com as vilosidades. As secreções da próstata, das glândulas bulbo-uretrais e das vesículas seminais formam a maioria do plasma seminal, o qual contém também componentes da rete testis, bem como fluídos do epidídimo.
Figura 4: Diferenças entre as glândulas acessórias presentes nas espécies de Suíno, Equino e Bovino.
O sêmen da maioria dos mamíferos é relativamente diluído devido à grande proporção de plasma seminal. O volume varia entre as diferentes espécies, sendo maior no varrão (250 ml), animal que secreta copiosa quantidade de plasma seminal, principalmente das glândulas bulbo-uretrais, antes da emissão seminal verdadeira, a fim de lubrificar o pênis e a vagina e, adicionalmente, servir como fonte de feromônios, que têm a função de atrair a fêmea.
Em aves, a pequena quantidade de plasma seminal é emitida pelos túbulos seminíferos e os vasos deferentes. O volume de sêmen no cavalo é de 70 ml, no cachorro de 9 ml, no touro de 4 ml, no homem de 3 ml e no carneiro de 1 ml.
A principal substância do plasma seminal é a água, o que lhe confere a sua principal função hidrodinâmica para garantir que o sêmen seja efetivamente ejaculado no canal genital feminino.
O plasma seminal é responsável por quase 99% do sêmen. O sêmen é depositado na vagina superior em espécies de cérvix grande (vaca mulher) ou no lúmen uterino (rata, camundongo). Das centenas de milhões de espermatozóides que são depositados no ejaculado, a maior parte não atravessa o cérvix e poucos milhares atingem o óvulo na âmpula do oviduto, onde se realiza a fertilização.
Figura 5: Representação de um espermatozóide
Praticamente nenhum dos componentes do plasma seminal atinge o oviduto, pois as concentrações das substâncias ficam diluidas nas secreções uterinas e do oviduto. Isto significa que é virtualmente improvável que alguma biomolécula do plasma seminal participe do processo de fertilização. Existe muita variação na composição química do plasma seminal (Tabela 1).
Tabela 1 – Concentração de algumas substâncias no plasma seminal
Apesar da alta quantidade de substâncias, pouco se sabe sobre as funções específicas de cada um de seus componentes. É pouco provável que todas tenham importância reprodutiva, assim como as inúmeras substâncias do plasma sanguíneo não necessariamente têm significância fisiológica para as células sanguíneas.
A alta concentração de frutose fornece energia para o metabolismo do espermatozóide. As proteínas servem para a sobrevivência do espermatozóide graças a sua função tampão para neutralizar o pH ácido das secreções vaginais (por volta de 5,0).
As prostaglandinas do plasma seminal podem contribuir para facilitar o transporte dos espermatozóides no trato reprodutivo feminino. Outros componentes incluem poliaminas (espermina, espermidina), zinco em altas quantidades (150 µg/ml) e enzimas (proteases, fosfatase ácida).
No plasma seminal humano, o principal ânion é o citrato, enquanto que no cão é o cloreto. Existem também consideráveis variações na composição do plasma seminal entre indivíduos da mesma espécie e dentro do mesmo indivíduo em sucessivos ejaculados, refletindo diferenças sazonais.
Na eletroejaculação, a composição do plasma seminal está influenciada pela contribuição de determinada glândula acessória, dependendo da posição dos eletrodos. Os espermatozóides são capazes de fertilizar sem ter que entrar em contato com secreções das glândulas acessórias. Entretanto, as secreções seminais otimizam as condições de motilidade, sobrevivência e transporte dos espermatozóides, tanto no trato reprodutivo masculino, quanto no feminino.
Em resumo: Quatro tipos de glândulas sexuais existem nos animais domésticos – glândula angular, localizada em uma dilatação chamada ampola do ducto deferente; próstata, envolve a uretra pélvica, é bilobulada e se relaciona dorsalmente com o reto, que permite sua avaliação pela via transrretal; glândula vesicular, localizada entre a ampola e próstata despejando, juntamente com as outras duas, a secreção do colículo seminal; glândula bulbo uretral, mais caudal das quatro, localizada próximo à raiz peniana. Os equinos possuem as quatro glândulas, os felinos possuem apenas a próstata e a glândula bulbo uretral, os cães possuem a próstata e a glândula ampular, o suíno possui apenas a glândula vesicular, a próstata e a glândula bulbo uretral, e os ruminantes possuem as quatro glândulas, porém, a próstata é pouco desenvolvida.
AMPOLA DA GLÂNDULA AMPULAR
Antes da desembocadura, o ducto deferente sofre uma leve dilatação formando a ampola do ducto deferente dentro da cavidade abdominal. O funículo espermático é formado pelo músculo cremaster, túnica vaginal, plexo pampiniforme e ducto deferente.
A pele da bolsa escrotal é levemente coberta por pelos e contém numerosas glândulas sudoríparas e sebáceas firmemente aderidas a túnica dartos.
A vascularização dos testículos e seus envoltórios acontecem pela aorta abdominal em sintonia com a veia testicular. O plexo pampiniforme serve para fazer a refrigeração do sangue arterial para o testículo.
GLÂNDULA VESICULAR
É um par e unem-se ao ducto deferente possui superfície lisa em equinos e aspecto glandular nas demais espécies. O cão e o gato não possuem essa glândula o ducto excretor junta-se em ruminantes e equinos um pouco antes da desembocadura com o ducto deferente formando o ducto ejaculatório. No suíno esse ducto desemboca isoladamente ao lado do Colículo seminal na uretra.
Estruturas tubulosas, altamente contorcidas que apresentam mucosa pregueada, e forrada com epitélio cúbico ou cilíndrico pseudo-estratificado, tem uma lâmina própria rica com fibras elásticas e camada de musculo liso. São glândulas que secretam substâncias importantes para os espermatozóides como frutose, citrato, prostaglandinas. Esta glândula produz um fluido seminal rico em frutose que constitui 70% do sêmen.
Figura 6: Posicionamento das Glândulas vesiculares nos animais domésticos
PRÓSTATA
Está em todos os machos e o corpo desta glândula está externamente disposta sobre a uretra na parte pélvica sendo maior em cães.
É a maior das glândulas anexas, é túbulo alveolar ramificada que são formadas por um tecido cúbico pseudo-estratificado e é envolvida por uma cápsula de tecido conjuntivo denso fibroelástico com células musculares lisas. Produz secreção e armazena para ser expelida na hora da ejaculação, regulada por testorena assim como a vesícula seminal.
Figura 7: Posicionamento da glândula anexa – Próstata nos animais domésticos.
GLÂNDULA BULBOURETRAL
Presente em todos os machos exceto no cão são glândulas pares e encontra-se na extremidade da pelve e é bastante grande em suínos essa glândula que forma o líquido seminal.
Figura 8: Posicionamento da glândula bulbouretral nos animais domésticos.