TRATAMENTO DO ALZHEIMER | TUDO EM UM SÓ LUGAR
A maioria dos fármacos que afetam o sistema nervoso central (SNC) atua alterando alguma etapa do processo de neurotransmissão, podendo atuar na pré-sinapse ou nos receptores pós-sinápticos (WHALEN et al., 2016).
A doença de Alzheimer (DA) é a principal causa de declínio cognitivo em adultos, sobretudo idosos é caracterizada por distúrbio progressivo da memória e outras funções cognitivas, por perda neuronal, inicialmente
na região temporal medial, e associa-se histologicamente a placas senis, formadas pela acumulação extracelular da proteína beta-amilóide, e a tranças neurofibrilares compostas pela proteína tau hiperfosforilada. afetando o funcionamento ocupacional e social (FORLENZA, 2005; FERREIRA; MASSANO, 2013).
O indivíduo acometido apresenta dificuldade ou total incapacidade
de realizar atividades comuns da vida diária (AVD), o transtorno da memória afeta os processos de aprendizado e evocação, ocorre diminuição na aquisição de novas informações, com piora progressiva até que não haja mais nenhum aprendizado novo, comprometendo não só a sua qualidade de vida, mas também a qualidade de vida dos familiares (OLIVEIRA; INOUYE, 2004; FORLENZA, 2005).
A DA apresenta três fases principais: Fase inicial, intermediária e final.
Tabela 1: Fases da Doença de Alzheimer
Fase da Doença de Alzheimer | Características |
I |
Formas leves de esquecimento; Dificuldade de memorizar; Descuido da aparência pessoal e no trabalho; Perda discreta de autonomia para as AVD; Desorientação no tempo e espaço; Perda de espontaneidade e iniciativa; Alteração de personalidade e julgamento. |
II |
Dificuldade de reconhecer pessoas; Incapacidade de aprendizado; Detém algumas lembranças do passado remoto; Perambulação; Incontinências urinária e fecal; Comportamento inadequado, irritabilidade, hostilidade, agressividade; Incapaz de julgamento e pensamento obcecado |
III |
Perda de peso, mesmo com dieta adequada; Total dependência; Mutismo; Estrito ao leito, incapaz para ADV; Irritabilidade extrema; Funções cerebrais deterioradas; Morte |
Fonte: Adaptado de INOUYE; OLIVEIRA, 2004
Neste artigo você vai entender melhor sobre os fármacos utilizados no tratamento do Alzheimer e seus aspectos farmacológicos, como farmacocinética, mecanismo de ação e efeitos adversos mais comuns. Mas antes de nos aprofundarmos sobre o assunto, você precisa saber mais sobre o Sistema Nervoso Central.
SISTEMA NERVOSO CENTRAL
Os circuitos do SNC são muito mais complexos do que os do
Sistema Nervoso Autônimo (SNA), assim como é maior o número de sinapses. O SNC, ao contrário do SNA, contém uma rede poderosa de neurônios inibitórios que estão ativos constantemente na modulação da velocidade de transmissão neuronal. Além disso, o SNC se comunica por meio de neurotransmissores múltiplos, e o SNA usa dois neurotransmissores primários somente (acetilcolina [ACh] e norepinefrina) (WHALEN et al., 2016).
Em nível celular, a DA está associada à redução das taxas de acetilcolina (ACh) no processo sináptico, diminuindo a neurotransmissão colinérgica cortical, além de outros neurotransmissores como noradrenalina, dopamina, serotonina, glutamato e substância P (LIMA, 2008).
FARMACOTERAPIA
O tratamento da doença de Alzheimer envolve estratégias farmacológicas e intervenções psicossociais para o paciente e seus familiares já no tratamento farmacológico várias substâncias psicoativas têm sido utilizadas para preservar a cognição, o comportamento e as habilidades funcionais do paciente, que é chamado tratamento sintomático (LIMA, 2008).
Os fármacos interferem na neurotransmissão colinérgica, sendo os inibidores da acetilcolinesterase: donepezil, rivastigmina e galantamina, ou glutamatérgica, sendo os antagonistas dos recetores N-metil-D-Aspartato: memantina. Para os sintomas comportamentais e psiquiátricos são utilizados também antidepressivos, neuroléticos, ansiolíticos e antiepiléticos. (FERREIRA; MASSANO, 2013).
INIBIDORES DA ACETILCOLINESTERASE
A inibição da acetilcolinesterase (AChE) no SNC melhora a transmissão colinérgica. Todos os fármacos têm alguma seletividade contra a AChE do SNC comparado com a periferia. Os efeitos adversos comuns incluem náuseas, diarreia, êmese, anorexia, tremores, bradicardia e cãibras musculares (WHALEN et al. 2016).
- TACRINA
A tacrina foi a primeira droga utilizada em pacientes com DA, é um inibidor reversível da AChE e BChE de meia-vida curta. Devido a seu alto risco de hepatotoxicidade, à dificuldade posológica (quatro tomadas diárias) e aos efeitos colaterais, a tacrina não é mais utilizada na prática clínica (LIMA, 2008).
- DONEPEZIL
É um derivado piperidínico e um inibidor reversível não competitivo da acetilcolinesterase, com especificidade para o cérebro. Apresenta modesto efeito na estabilização da função cognitiva dos pacientes com DA. Metabolizado no fígado, tem meia-vida de 70 horas. O donepezil não é hepatotóxico, dispensando a monitorização através das enzimas hepáticas. Interage com o cetoconazol e quinidina, no qual tem seu metabolismo inibido. Como efeitos adversos mais comuns tem-se os distúrbios gastrointestinais e ocasional alteração do sono (SILVA, 2010).
O tratamento é iniciado com 5 mg/dia, aumentando-se a dose para 10 mg/dia na dependência de tolerabilidade. Utiliza o sistema citocromo P450, de modo que seu uso simultâneo com outras fármacos que partilham do mesmo sistema enzimático deve ser feito com cautela (ENGELHARDT, 2005).
- GALANTAMINA
É um inibidor reversível competitivo da colinesterase com pequeno efeito na butirilcolinesterase. É metabolizada pelo fígado, sendo excretada pelo rim.
Os efeitos colaterais gastrointestinais são dose-dependentes, e a náusea é o mais comum deles, melhorando com hidratação. Quando necessário, pode ser usado um antiemético (SILVA, 2010).
Tem meia vida de aproximadamente 7 horas, podendo ser administrada em duas doses diárias. A dose inicial é 4mg 2 vezes/dia, escalonada para até 12mg 2 vezes/dia. Utiliza o sistema do citocromo P450 hepático na sua metabolização, o que suscita cuidados em relação à interação com alguns fármacos (ENGELHARDT, 2005).
- RIVASTIGMINA
É um inibidor reversível não competitivo da acetilcolinesterase, mas com uma atividade inibitória ainda maior da butirilcolinesterase e tem alta seletividade pelo hipocampo e neocórtex, áreas do cérebro preferencialmente afetadas na doença de Alzheimer (SILVA, 2010).
Sua metabolização ocorre no cérebro, fígado e intestinos, pelas colinesterases. É o único inibidor da AchE disponível em formulação transdérmica.
A meia vida é de 1-2 horas, porém apresenta uma atividade prolongada (8-10 hs). O tratamento deve ser iniciado com 1,5 mg 2 vezes/dia, com escalonamento da dose até 6mg 2 vezes ao dia. A eliminação é principalmente renal e não envolve o sistema citocromo P450, não ocorrendo praticamente interações medicamentosas (ENGELHARDT, 2005).
Tabela 2: Caractéristicas gerais dos inibidores da acetilcolinesterase
Donepezil | Rivastigmina | Galantamina | |
Disponível no ano | 1997 | 1998 | 2000 |
Classe química | Piperidina | Carbamato | Alcaloide Fenantreno |
Seletividade Cerebral | Sim | Sim | Sim |
Tipo de inibição da colinesterase | Reversível | Pseudo-reversível | Reversível |
Modulação alostérica do receptor nicotínico | Não | Não | Sim |
Enzimas inibidas | AchE | AchE BuChE | AchE |
Fonte: FORLENZA, 2005
ANTAGONISTAS DOS RECEPTORES NMDA
- MEMANTINA
Esse fármaco atua bloqueando o receptor NMDA e limitando o influxo de Ca2+ no neurônio, de modo que não são alcançados níveis intracelulares tóxicos.
A dose diária recomendada é de 20 mg, distribuídas por duas tomas de 10 mg. A absorção da memantina no tracto gastrintestinal conduz a um pico de concentração sérica de três a oito horas e a sua eliminação é fundamentalmente renal, sem interfência com enzimas do citocromo P450, traduzida na ausência de interações farmacocinéticas a esse nível. Deste modo, é possível a coadministração da memantina e IAChE, com
baixíssimos riscos de interacções medicamentosas (JARVIS; FIGGITT, 2003).
É eliminada pela urina quase totalmente inalterada, por ser pouco metabolizada. Observa-se menor eliminação na presença de urina alcalina. Portanto, devem-se orientar mudanças dietéticas e monitorar as condições urinárias. Por não inibir ou induzir os sistemas enzimáticos CYP450, a possibilidade de interações medicamentosas é pequena. (SILVA, 2010).
Os efeitos adversos esperados, como confusão, agitação e intranquilidade, não se distinguem dos sintomas da doença de Alzheimer.
OUTROS TRATAMENTOS
A vitamina E (alfa-tocoferol) e a siligilina também têm sido usados no tratamento da Doença de Alzheimer, ambos tendo ação antioxidante, produzindo um desaceleramento do processo de envelhecimento celular, retardando o desenvolvimento da doença. Já a planta da família das Ginkgoaceas, a Gingko biloba, na forma de extrato seco, está sendo indicada para promover melhora das funções cognitivas. (INOUYE; OLIVEIRA, 2004).
A terapia de reposição estrogênica foi proposta como ação preventiva da DA, com base nos mecanismos neuroprotetores demonstrados in vitro e em modelos animais. Os estrógenos exercem efeitos cerebrais mediante a transdução de sinais a partir de diferentes receptores da superfície neuronal, ativando fatores de crescimento, promovendo a liberação de neurotransmissores e aumentando o fluxo sangüíneo cerebral (FORLENZA, 2005).
REFERÊNCIAS
ENGELHARDT, E. et al. Tratamento da Doença de Alzheimer. Arq Neuropsiquiatr, v. 63, n. 4, p.1104-1112, 2005.
FERREIRA, S; MASSANO, J. Terapêutica Farmacológica na Doença de Alzheimer: Progressos e Esperanças Futuras. Arquivos de Medicina, v. 27, n. 2, p. 65-86, 2013.
FORLENZA, O. V. Tratamento Farmacológico da Doença de Alzheimer. Rev. Psiq. Clín. v. 32, n. 3, p. 137-148, 2005.
INOUYE, K; OLIVEIRA, G. H. Avaliação Crítica do Tratamento Farmacológico Atual Para a Doença de Alzheimer. Infarma, v. 15, n. 12, jan., 2004.
JARVIS, B.; FIGGITT, D. P. Memantine. Drugs Aging, v. 20, n. 6, p. 465-476, 2003.
LIMA, d. a. Tratamento Farmacológico da Doença de Alzheimer. Revista do Hospital Universitário Pedro Ernesto, n. 7, jan./jun., Rio de Janeiro, 2008.
SILVA, P. Farmacologia. 8. ed., Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010.
Whalen, K.; Finkel, R.; Panavelil, T. A. Farmacologia ilustrada. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016.
FARMACOLOGIA DO ALZHEIMER
A maioria dos fármacos que afetam o sistema nervoso central (SNC) atua alterando alguma etapa do processo de neurotransmissão, podendo atuar na pré-sinapse ou nos receptores pós-sinápticos (WHALEN et al., 2016).
A doença de Alzheimer (DA) é a principal causa de declínio cognitivo em adultos, sobretudo idosos é caracterizada por distúrbio progressivo da memória e outras funções cognitivas, por perda neuronal, inicialmente
na região temporal medial, e associa-se histologicamente a placas senis, formadas pela acumulação extracelular da proteína beta-amilóide, e a tranças neurofibrilares compostas pela proteína tau hiperfosforilada. afetando o funcionamento ocupacional e social (FORLENZA, 2005; FERREIRA; MASSANO, 2013).
O indivíduo acometido apresenta dificuldade ou total incapacidade
de realizar atividades comuns da vida diária (AVD), o transtorno da memória afeta os processos de aprendizado e evocação, ocorre diminuição na aquisição de novas informações, com piora progressiva até que não haja mais nenhum aprendizado novo, comprometendo não só a sua qualidade de vida, mas também a qualidade de vida dos familiares (OLIVEIRA; INOUYE, 2004; FORLENZA, 2005).
A DA apresenta três fases principais: Fase inicial, intermediária e final.
Tabela 1: Fases da Doença de Alzheimer
Fase da Doença de Alzheimer | Características |
I |
Formas leves de esquecimento; Dificuldade de memorizar; Descuido da aparência pessoal e no trabalho; Perda discreta de autonomia para as AVD; Desorientação no tempo e espaço; Perda de espontaneidade e iniciativa; Alteração de personalidade e julgamento. |
II |
Dificuldade de reconhecer pessoas; Incapacidade de aprendizado; Detém algumas lembranças do passado remoto; Perambulação; Incontinências urinária e fecal; Comportamento inadequado, irritabilidade, hostilidade, agressividade; Incapaz de julgamento e pensamento obcecado |
III |
Perda de peso, mesmo com dieta adequada; Total dependência; Mutismo; Estrito ao leito, incapaz para ADV; Irritabilidade extrema; Funções cerebrais deterioradas; Morte |
Fonte: Adaptado de INOUYE; OLIVEIRA, 2004
Neste artigo você vai entender melhor sobre os fármacos utilizados no tratamento do Alzheimer e seus aspectos farmacológicos, como farmacocinética, mecanismo de ação e efeitos adversos mais comuns.
Antes de nos aprofundarmos sobre o assunto, você precisa saber mais sobre o Sistema Nervoso Central.
SISTEMA NERVOSO CENTRAL
Os circuitos do SNC são muito mais complexos do que os do
Sistema Nervoso Autônimo (SNA), assim como é maior o número de sinapses. O SNC, ao contrário do SNA, contém uma rede poderosa de neurônios inibitórios que estão ativos constantemente na modulação da velocidade de transmissão neuronal. Além disso, o SNC se comunica por meio de neurotransmissores múltiplos, e o SNA usa dois neurotransmissores primários somente (acetilcolina [ACh] e norepinefrina) (WHALEN et al., 2016).
Em nível celular, a DA está associada à redução das taxas de acetilcolina (ACh) no processo sináptico, diminuindo a neurotransmissão colinérgica cortical, além de outros neurotransmissores como noradrenalina, dopamina, serotonina, glutamato e substância P (LIMA, 2008).
FARMACOTERAPIA
O tratamento da doença de Alzheimer envolve estratégias farmacológicas e intervenções psicossociais para o paciente e seus familiares já no tratamento farmacológico várias substâncias psicoativas têm sido utilizadas para preservar a cognição, o comportamento e as habilidades funcionais do paciente, que é chamado tratamento sintomático (LIMA, 2008).
Os fármacos interferem na neurotransmissão colinérgica, sendo os inibidores da acetilcolinesterase: donepezil, rivastigmina e galantamina, ou glutamatérgica, sendo os antagonistas dos recetores N-metil-D-Aspartato: memantina. Para os sintomas comportamentais e psiquiátricos são utilizados também antidepressivos, neuroléticos, ansiolíticos e antiepiléticos. (FERREIRA; MASSANO, 2013).
INIBIDORES DA ACETILCOLINESTERASE
A inibição da acetilcolinesterase (AChE) no SNC melhora a transmissão colinérgica. Todos os fármacos têm alguma seletividade contra a AChE do SNC comparado com a periferia. Os efeitos adversos comuns incluem náuseas, diarreia, êmese, anorexia, tremores, bradicardia e cãibras musculares (WHALEN et al. 2016).
- TACRINA
A tacrina foi a primeira droga utilizada em pacientes com DA, é um inibidor reversível da AChE e BChE de meia-vida curta. Devido a seu alto risco de hepatotoxicidade, à dificuldade posológica (quatro tomadas diárias) e aos efeitos colaterais, a tacrina não é mais utilizada na prática clínica (LIMA, 2008).
- DONEPEZIL
É um derivado piperidínico e um inibidor reversível não competitivo da acetilcolinesterase, com especificidade para o cérebro. Apresenta modesto efeito na estabilização da função cognitiva dos pacientes com DA. Metabolizado no fígado, tem meia-vida de 70 horas. O donepezil não é hepatotóxico, dispensando a monitorização através das enzimas hepáticas. Interage com o cetoconazol e quinidina, no qual tem seu metabolismo inibido. Como efeitos adversos mais comuns tem-se os distúrbios gastrointestinais e ocasional alteração do sono (SILVA, 2010).
O tratamento é iniciado com 5 mg/dia, aumentando-se a dose para 10 mg/dia na dependência de tolerabilidade. Utiliza o sistema citocromo P450, de modo que seu uso simultâneo com outras fármacos que partilham do mesmo sistema enzimático deve ser feito com cautela (ENGELHARDT, 2005).
- GALANTAMINA
É um inibidor reversível competitivo da colinesterase com pequeno efeito na butirilcolinesterase. É metabolizada pelo fígado, sendo excretada pelo rim.
Os efeitos colaterais gastrointestinais são dose-dependentes, e a náusea é o mais comum deles, melhorando com hidratação. Quando necessário, pode ser usado um antiemético (SILVA, 2010).
Tem meia vida de aproximadamente 7 horas, podendo ser administrada em duas doses diárias. A dose inicial é 4mg 2 vezes/dia, escalonada para até 12mg 2 vezes/dia. Utiliza o sistema do citocromo P450 hepático na sua metabolização, o que suscita cuidados em relação à interação com alguns fármacos (ENGELHARDT, 2005).
- RIVASTIGMINA
É um inibidor reversível não competitivo da acetilcolinesterase, mas com uma atividade inibitória ainda maior da butirilcolinesterase e tem alta seletividade pelo hipocampo e neocórtex, áreas do cérebro preferencialmente afetadas na doença de Alzheimer (SILVA, 2010).
Sua metabolização ocorre no cérebro, fígado e intestinos, pelas colinesterases. É o único inibidor da AchE disponível em formulação transdérmica.
A meia vida é de 1-2 horas, porém apresenta uma atividade prolongada (8-10 hs). O tratamento deve ser iniciado com 1,5 mg 2 vezes/dia, com escalonamento da dose até 6mg 2 vezes ao dia. A eliminação é principalmente renal e não envolve o sistema citocromo P450, não ocorrendo praticamente interações medicamentosas (ENGELHARDT, 2005).
Tabela 2: Caractéristicas gerais dos inibidores da acetilcolinesterase
Donepezil | Rivastigmina | Galantamina | |
Disponível no ano | 1997 | 1998 | 2000 |
Classe química | Piperidina | Carbamato | Alcaloide Fenantreno |
Seletividade Cerebral | Sim | Sim | Sim |
Tipo de inibição da colinesterase | Reversível | Pseudo-reversível | Reversível |
Modulação alostérica do receptor nicotínico | Não | Não | Sim |
Enzimas inibidas | AchE | AchE BuChE | AchE |
Fonte: FORLENZA, 2005
ANTAGONISTAS DOS RECEPTORES NMDA
- MEMANTINA
Esse fármaco atua bloqueando o receptor NMDA e limitando o influxo de Ca2+ no neurônio, de modo que não são alcançados níveis intracelulares tóxicos.
A dose diária recomendada é de 20 mg, distribuídas por duas tomas de 10 mg. A absorção da memantina no tracto gastrintestinal conduz a um pico de concentração sérica de três a oito horas e a sua eliminação é fundamentalmente renal, sem interfência com enzimas do citocromo P450, traduzida na ausência de interações farmacocinéticas a esse nível. Deste modo, é possível a coadministração da memantina e IAChE, com
baixíssimos riscos de interacções medicamentosas (JARVIS; FIGGITT, 2003).
É eliminada pela urina quase totalmente inalterada, por ser pouco metabolizada. Observa-se menor eliminação na presença de urina alcalina. Portanto, devem-se orientar mudanças dietéticas e monitorar as condições urinárias. Por não inibir ou induzir os sistemas enzimáticos CYP450, a possibilidade de interações medicamentosas é pequena. (SILVA, 2010).
Os efeitos adversos esperados, como confusão, agitação e intranquilidade, não se distinguem dos sintomas da doença de Alzheimer.
OUTROS TRATAMENTOS
A vitamina E (alfa-tocoferol) e a siligilina também têm sido usados no tratamento da Doença de Alzheimer, ambos tendo ação antioxidante, produzindo um desaceleramento do processo de envelhecimento celular, retardando o desenvolvimento da doença. Já a planta da família das Ginkgoaceas, a Gingko biloba, na forma de extrato seco, está sendo indicada para promover melhora das funções cognitivas. (INOUYE; OLIVEIRA, 2004).
A terapia de reposição estrogênica foi proposta como ação preventiva da DA, com base nos mecanismos neuroprotetores demonstrados in vitro e em modelos animais. Os estrógenos exercem efeitos cerebrais mediante a transdução de sinais a partir de diferentes receptores da superfície neuronal, ativando fatores de crescimento, promovendo a liberação de neurotransmissores e aumentando o fluxo sangüíneo cerebral (FORLENZA, 2005).
REFERÊNCIAS
ENGELHARDT, E. et al. Tratamento da Doença de Alzheimer. Arq Neuropsiquiatr, v. 63, n. 4, p.1104-1112, 2005.
FERREIRA, S; MASSANO, J. Terapêutica Farmacológica na Doença de Alzheimer: Progressos e Esperanças Futuras. Arquivos de Medicina, v. 27, n. 2, p. 65-86, 2013.
FORLENZA, O. V. Tratamento Farmacológico da Doença de Alzheimer. Rev. Psiq. Clín. v. 32, n. 3, p. 137-148, 2005.
INOUYE, K; OLIVEIRA, G. H. Avaliação Crítica do Tratamento Farmacológico Atual Para a Doença de Alzheimer. Infarma, v. 15, n. 12, jan., 2004.
JARVIS, B.; FIGGITT, D. P. Memantine. Drugs Aging, v. 20, n. 6, p. 465-476, 2003.
LIMA, d. a. Tratamento Farmacológico da Doença de Alzheimer. Revista do Hospital Universitário Pedro Ernesto, n. 7, jan./jun., Rio de Janeiro, 2008.
SILVA, P. Farmacologia. 8. ed., Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010.
Whalen, K.; Finkel, R.; Panavelil, T. A. Farmacologia ilustrada. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016.