Comissão de Controle de Infecção Hospitalar | Tudo que você precisa saber

Uma Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) tem como objetivo prevenir e controlar infecções hospitalares. Esta tarefa é extensa e essencial, portanto, seus principais pontos serão apresentados neste artigo.

De acordo com o Jornal “O Estado de São Paulo” as infecções hospitalares matam aproximadamente 50 mil pessoas por ano no Brasil. De modo que estudá-las e preveni-las é de extrema importância.

Aqui vamos levá-lo primeiramente pelos principais tópicos sobre infecções hospitalares e em seguida falaremos sobre controle e prevenção. Mas antes traremos um breve histórico sobre o combate às infecções.
 

  • Breve histórico:

 Em 1935, iniciou-se o controle das infecções bacterianas sistêmicas com a utilização da sulfanilamida e em seguida com a descoberta da penicilina por Fleming.

Com o aumento das investigações, a eficácia da quimioterapia bacteriana foi aumentada, contudo, muitos microrganismos adquiriram resistência aos antibacterianos devido a mecanismos de mutação, transdução, transformação e conjugação.

Este é um dos problemas mais graves e que mais gera preocupações aos pesquisadores e profissionais da saúde. Para solucionar a resistência bacteriana aos antibióticos, geralmente ocorre a tentativa de desenvolver antimicrobianos mais eficazes.

Nos dias de hoje, a Portaria nº 2.616/1998 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), do Ministério da Saúde (MS) rege as ações do controle de infecção hospitalar. Entre as deliberações incluídas neste documento, encontra-se a orientação sobre a constituição do Programa de Controle de Infecção Hospitalar (PCIH), que é um conjunto de ações criadas com o objetivo de reduzir ao máximo a incidência e a gravidade das infecções hospitalares.

Para que a PCIH seja executada, é exigido dos hospitais a constituição da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), órgão de assessoria máxima da instituição e de execução das ações de controle das infecções hospitalares, o qual deve ser formado por profissionais da área de saúde, de nível superior, designados formalmente.

A CCIH apresenta muitas funções entre elas:

  • estabelecer critérios, parâmetros e métodos para o controle de infecção hospitalar;
  • desenvolver, implementar, manter e avaliar o Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH).
  • Acompanhar e colaborar com os hospitais na execução das ações de controle de infecção hospitalar.

A CCIH deve ser composta de modo adequado ao perfil da instituição, sendo formada por profissionais consultores e executores de nível superior, obrigatoriamente incluindo farmacêuticos, médicos, enfermeiros e membros do laboratório de microbiologia.

  • O que causa as infecções hospitalares?

 
Uma infeção surge no momento em que as defesas do organismo humano diminuem em relação ao agente agressor e então ocorre a interação entre os dois.
As infecções hospitalares ocorrem principalmente por motivos relacionados ao ambiente, equipe de trabalho, material, veículo, desempenho inadequado das técnicas de trabalho e uso excessivo de antibióticos.
 

  • Qual é a diferença entre infecção hospitalar (IH) e infecção comunitária?

 
De acordo com a Anvisa, a infecção hospitalar é adquirida após a admissão do paciente e envolve processos infecciosos iniciados no hospital, os quais se manifestam durante o internamento do paciente ou até mesmo depois de receber a alta.
Já a infecção comunitária é aquela verificada ou que está em incubação no momento de internamento do paciente, contanto que não tenha relação com internação anterior no mesmo hospital. Também é considerada infecção comunitária a que está associada com complicação ou extensão de infecção que já estava presente na admissão, a não ser que ocorra troca de microrganismos e sinais e sintomas que sugiram fortemente uma nova infecção.  Outro tipo de infecção comunitária é aquela que ocorre em recém-nascidos, em que a aquisição ocorreu por via transplacentária e que demonstrou sinais evidentes logo após o nascimento como: rubéola, herpes simples, AIDS, sífilis, toxoplasmose e citomegalovirose. Além disso, também são consideradas as infecções de recém-nascidos com bolsa rota superior a 24 horas.

  • Princípios para diagnóstico:

O diagnóstico das infecções hospitalares deverá valorizar informações oriundas de:

  • evidência clínica, derivada da observação direta do paciente ou da análise de seu prontuário;
  • resultados de exames de laboratório, ressaltando-se os exames microbiológicos, a pesquisa de antígenos, anticorpos e métodos de visualização;
  • evidências de estudos com métodos de imagem;
  • endoscopia;
  • biópsia e outros.

 
Se liga nos critérios gerais para diagnóstico das infecções hospitalares que você PRECISA saber:
 

  • Se o período de incubação do microrganismo for desconhecido e se não existirem dados clínicos ou laboratoriais de infecção no momento da internação, TODA MANIFESTAÇÃO CLÍNICA DE INFECÇÃO QUE OCORRA A PARTIR DE 72 HORAS DEPOIS DA ADMISSÃO É CONSIDERADA COMO INFECÇÃO HOSPITALAR.

 

  • Quando os SINTOMAS APARECEM 72 HORAS ANTES DA INTERNAÇÃO E FOREM RELACIONADOS A PROCEDIMENTOS DIAGNÓSTICOS E/OU TERAPÊUTICOS FEITOS NESTE PERÍODO também se caracteriza como IH.

 

  • Se em uma mesma topografia na qual foi diagnosticada infecção comunitária FOR IDENTIFICADO UM GERME DIFERENTE E FOR NOTIFICADA PIORA DAS CONDIÇÕES CLÍNICAS DO PACIENTE, considera-se como infecção hospitalar.

 

  • Infecções em recém-nascidos são hospitalares, EXCETO AS QUE SÃO TRANSMITIDAS DE FORMA TRANSPLACENTÁRIA E AQUELAS ASSOCIADAS A BOLSA ROTA SUPERIOR A 24 HORAS.

 

  • Além disso, pacientes vindos de outro hospital e que são admitidos já com infecção são considerados portadores de infecção hospitalar do hospital de origem.

Principais infecções hospitalares e como diagnosticá-las

Pneumonia:

A pneumonia hospitalar pode ocorrer devido a: PAV (pneumonia associada a Ventilação Mecânica); doença de base; insuficiência de órgãos; uso prévio de antibióticos e microrganismo infectante.

Infecções do trato respiratório superior são caracterizadas por manifestações clínicas do nariz, garganta ou ouvido, isoladas ou combinadas. Já infecções do trato respiratório inferior apresentam sinais e sintomas clínicos, como tosse, dor pleural, febre e outras secreções, estas características são suficientes para o diagnóstico, mesmo na ausência de exames radiológicos ou cultura, de escarro. Contudo, a existência de escarro purulento, com ou sem Isolamento de micro-organismo patogênico com exame radiológico compatível, caracteriza caso de infecção hospitalar.

Infecção urinária

Divide-se em BACTERIÚRIA ASSINTOMÁTICA e INFECÇÃO DE TRATO URINÁRIO (ITU). A assintomática é diagnosticada pela presença de 100.000 micro-organismos por mililitro de urina, recente e sem qualquer sintoma clínico. A ITU pode ser sintomática ou assintomática e se caracteriza por invasão microbiana em qualquer tecido do trato urinário, desde a uretra até o rim – sintomático ou assintomático.

Define-se como ITU tanto as infecções do trato urinário baixo (cistites) como as do trato urinário alto (pielonefrites).

A infecção urinária hospitalar é a causa mais comum de IH, abrangendo 35-40% do total das IH.

Sinais e sintomas clínicos:

Em neonatos e crianças de até dois anos de idade as ITU(s) podem ser completamente assintomáticos ou apresentarem sintomas inespecíficos como: irritabilidade; diminuição da amamentação; menor desenvolvimento pondero-estatural; diarréia e vômitos; febre e apatia, etc. Além disso, aproximadamente 7% dos casos podem estar acompanhados de icterícia e de hepato-esplenomegalia. Com mais de dois anos de idade as crianças podem apresentar sintomas como: disúria, frequência e dor abdominal.

Para diagnosticar ITU em crianças menores de dois anos de idade, deve ser feito a triagem com a urina obtida por coletor. Valores negativos significam diagnóstico de exclusão, já valores positivos, com ou sem leucocitúria, precisam de coleta por punção supra-púbica ou de urina obtida por sondagem vesical para confirmar o diagnóstico. Em crianças maiores de dois anos com controle esfincteriano, pode-se utilizar a urina de jato médio.

Em adultos com ITU baixa, limitada a uretra e bexiga, os sintomas geralmente são: frequente dor ao urinar e urgência miccional. As ITUs altas, como a pielonefrite, apresentam os mesmos sintomas das infecções baixas, além de dor nos flancos e febre. O diagnóstico de pielonefrite ou prostatite pode ser confirmado por bacteremia.

Infecções de Corrente sanguínea

As infecções de corrente sanguínea podem ser primárias (hemocultura positiva sem foco conhecido, exceto cateter vascular) ou secundárias (hemocultura positiva com outro foco conhecido).

Infecções de Sítio Cirúrgico (ISC)

As Infecções do Sítio Cirúrgico (ISC) são as complicações mais frequentes provocadas por cirurgia e acontecem no pós-operatório em cerca de 3 a 20% dos procedimentos realizados, impactando significativamente a morbidade e a mortalidade.

Elas são consideradas eventos adversos frequentes e ameaças à segurança do paciente, pois são decorrentes da assistência à saúde e podem provocar dano físico, social e/ou psicológico ao indivíduo.

As infecções de sítio cirúrgico ocorrem na incisão cirúrgica ou em tecidos manipulados durante a cirurgia e podem ser diagnosticadas até 30 dias após realização do procedimento, ou, no caso de implante de próteses, até um ano.

Alguns dos principais sintomas são: dor ou sensibilidade, edema localizado, eritema ou calor. Para confirmar o diagnóstico avalia-se se o paciente apresenta alguns destes critérios: drenagem purulenta da incisão superficial; isolamento de patógeno em cultura de fluido ou tecido da incisão superficial obtido de forma asséptica.

IMPORTANTE

A HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS É A MEDIDA ISOLADA MAIS IMPORTANTE, reconhecida há muitos anos, NA PREVENÇÃO E NO CONTROLE DAS INFECÇÕES NOS SERVIÇOS DE SAÚDE. Estudos recentes sobre o tema avaliam que a adesão dos profissionais a essa pratica não é constante e ainda é insuficiente na rotina dos serviços

REFERÊNCIAS

  • HORR ,Lidvina ; MARIA , ORO ,Inez ; LORENZINI ,Alacoque ; MACHADO ,Lorena e Silva.  Revista brasileira de enfermagem. Disponível em;<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71671978000200182> Acesso em 07/03/2019.
     
  • BARBOSA, Maria Emilia Marcondes; SIQUEIRA, Denise de Carvalho de; MANTOVANI, Maria de Fátima Controle de infecção hospitalar no paraná: facilidades e dificuldades do enfermeiro. Disponível em: <http://www.sobecc.org.br/arquivos/artigos/2012/Arquivos/artigos/2.pdf>. Acesso em: 08/03/2019
     
  • Agência nacional de vigilância sanitária. Principais Síndromes Infecciosas. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/manuais/microbiologia/mod_1_2004.pdf>