Residência em Veterinária: As doenças que mais atingem pequenos animais

A Clínica Médica de Pequenos Animais é um dos assuntos de maior recorrência nos editais de Residência em todo o país. Por conta disso, separamos as cinco doenças que mais atingem os pequenos animais. Fique atento para mandar bem nas provas!

Doenças Infecciosas

São pelo menos cinco as doenças infecciosas que atingem os cães: babesiose, erliquiose, cinomose, parvovirose e coronavirose. Saiba mais sobre cada uma delas a seguir:

– Babesiose: Também conhecida como piroplasmose, febre do carrapato ou “tristeza parasitária”, é causada por protozoários intraeritrocíticos do gênero Babesia (os Babesia canis e Babesia gibsoni são as principais espécies que infectam cães). Os transmissores podem ser carrapatos de diferentes gêneros e espécies que, durante o repasto, inoculam a forma infectante, também chamada de esporozoíto. O período de incubação varia de 10 a 20 dias, com início logo após a infecção. A parasitemia é identificada facilmente logo após o 14º dia de infecção, período em que o micro-organismo se multiplica no eritrócito. Os sinais clínicos são febre, depressão, fraqueza, indisposição, anemia severa, anorexia, taquipneia, taquicardia e hemoglobinúria. Também podem ser diagnosticadas apresentações clínicas hiperaguda, aguda, crônica e subclínica. O diagnóstico é estabelecido por métodos como esfregaços sanguíneos com coloração de Giemsa, hemoaglutinação, fixação do complemento, testes de imunofluorescência ou de aglutinação, Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) e ELISA. 

– Erliquiose: É causada por uma riquétsia, a Ehrlichia canis, um parasita intracelular, mais especificamente de leucócitos. Ela é transmitida para os cães pelo carrapato Rhipicephalus sanguineus, mas também pode haver infecção por meio de transfusões sanguíneas. Os sinais clínicos variam entre os mais leves e os intensos, mas pode ser que o paciente não apresente qualquer sintoma. Essa variação tem relação direta com a duração da doença, que é classificada nas fases aguda, subclínica e crônica. O diagnóstico é estabelecido com base na visualização de mórulas de erliquia, presentes principalmente no esfregaço da ponta da orelha. A sorologia e a PCR podem ser usadas para fechar o diagnóstico, mas de forma associada e correlacionada aos sinais clínicos. 

– Cinomose: É uma doença infectocontagiosa causada pelo morbilivirus, da família paramyxoviridae, e ordem mononegaviridae. É uma afecção multissitêmica que afeta o sistema nervoso central, o tecido epitelial e o sistema imune. A cinomose acomete canídeos domésticos e possui altas taxas de mortalidade. Pode ser transmitida por secreções – espirro, saliva, fezes, urina e fômites – eo período de incubação é de uma a quatro semanas. Os sintomas variam de acordo com o sistema acometido. Se for o respiratório, por exemplo, os sintomas são pneumonia, tosse estridente e úmida, crepitação, descarga nasal serosa e mucopurulenta; se for o sistema oftálmico, os sintomas já são uveíte, inflamação do nervo óptico e da retina, degeneração, necrose e atrofia da retina, lesões circunscritas no tapete (“medalhões dourados”), conjuntivite e ceratoconjuntivite seca. O diagnóstico ocorre pela demonstração da inclusão viral no exame citológico, anticorpos fluorescentes em amostras citológicas e/ou histológicas e PCR.

– Parvovirose: É uma doença infecciosa causada pelo parvovírus tipo 2 (PVC2). A sintomatologia começa a se estabelecer de 5 a 12 dias após a infecção por via oral-fecal.  Uma vez no organismo, o vírus age destruindo as células intestinais. Sua intensidade depende da cepa e da quantidade no inóculo, o que torna os cães de raças mais susceptíveis e capaz de infectar gatos. Os sintomas clínicos são destruição das vilosidades intestinais, diarreia, vômito e hipoalbuminemia. O diagnóstico ocorre com base na anamnese. 

– Coronavirose: Age destruindo as células maduras dos vilos intestinais, mas não afeta a cripta, como o vírus parvovirose. O diagnóstico também é pela anamnese. 

Doenças endócrinas

Neste tópico vamos nos restringir às doenças endócrinas que atingem os cães, como o hipotireoidismo e tireotoxicose/hipertireoidismo. Mais à frente, desenvolveremos as doenças endócrinas que atingem os gatos. 

– Hipotireoidismo em cães: É classificado como primário, secundário ou terciário, conforme a origem dentro do eixo glandular hipotálamo-hipófise-tireoide. O hipotireoidismo primário pode ser chamado de etiopatogenia, e consiste na produção deficiente de hormônios tireoidianos por destruição ou problemas com a tireoide. Os dois achados mais comuns nesse distúrbio são tireoide linfocítica e atrofia idiopática. O hipotireoidismo secundário, por sua vez, resulta da falha de desenvolvimento dos tireotrofos hipofisários ou de sua disfunção, causando secreção de tireotropina (o hormônio estimulante da tireóide, por consequência da deficiência na síntese e secreção do hormônio tireoidiano, levando gradativamente a uma atrofia e, consequentemente, à ausência do TSH). Pode ocorrer também por conta de neoplasia e uso de drogas. Já o hipotireoidismo terciário é considerado uma forma rara de ocorrência em cães e gatos, visto que não há dados relatando a ocorrência. De todo modo, na medicina humana são apontadas causas para a ocorrência dessa patologia, sustentada na deficiência na secreção do hormônio liberador de tireotropina pelos neurônios peptidérgicos. Entre os sinais clínicos do hipotireoidismo estão: letargia, retardo mental, aumento de peso e apetite, alterações dermatológicas, neuromusculares e reprodutivas, cauda de rato, seborreia e piodermite, pelo opaco, fraqueza, tropeços, aumento no intervalo dos cios da fêmea e sangramento prolongado no estro.

– Tireotoxicose/Hipertireoidismo: Esse tipo não é comum, por causa da administração excessiva de levotiroxina sódica no cão e devido à ocorrência de uma adaptação fisiológica que dificulta a absorção gastrointestinal e aumenta a depuração do hormônio tireóideo pelo fígado e pelos rins.

Diarreia

Existem dois tipos de diarreia aos quais o candidato deve se atentar ao estudar clínica médica de pequenos animais.

– Enterite aguda: Pode ser causada por alterações abruptas de dieta, uso de aditivos e parasitas, assim como por causas inespecíficas. Os sintomas clínicos são diarreia, presença ou não de vômito, desidratação, febre, anorexia, prostração, dor abdominal e hipoglicemia. O diagnóstico é estabelecido através de exame físico e exame coprológico, além de anamnese. 

– Infecciosa e parasitária: As causas mais comuns de diarreia infecciosa em caninos são parvovírus canino, coronavírus, nematódeos, ancilóstomos, tênias, coccidiose, giardia, Trichuris e trichomonas foetus. No caso dos nematódeos (toxocara canis e toxocara cati), o paciente apresenta diarreia, crescimento retardado, pelame opaco, menor ganho de peso e aumento de volume abdominal. O diagnóstico é estabelecido mediante realização de exame de fezes. Já na ancilostomíase (ancylostoma e uncinaria), a contaminação pode ser por via transmamária (ingestão de colostro). O paciente apresenta sintomas como anemia, melena, hematoquezia, diarreia e falha no crescimento. Há risco à saúde pública. Uma outra causa da diarreia infecciosa é a tênia (dipylidium caninum), caso em que o paciente apresenta irritação anal e esfrega o ânus no chão. O diagnóstico é estabelecido no parasitológico de fezes.

Coronavirose felina

Existem dois patótipos (grupos de virulência) no âmbito da coronavirose felina.

– Coronavírus entérico (FECV): Tem tropismo pelo epitélio intestinal e apresenta diarreia como principal sinal clínico – mas há também febre, apatia, anorexia, aumento de volume abdominal, dificuldade respiratória, perda de peso, icterícia. 

– Vírus da peritonite felina: Se replica em macrófagos, provocando doença sistêmica. A teoria mais aceita para explicar esse fato é a de que se trata do mesmo vírus que sofre mutação no paciente persistentemente infectado. 

No geral, assume-se que todos os gatos são portadores do FECV, mas nem todos manifestam a doença. A disseminação viral é pela via fecal-oral e a eliminação do vírus pode se manter por semanas após a infecção, podendo ser transitória, recorrente ou crônica. O diagnóstico ocorre após exclusão de todas as outras causas de diarreia e a identificação do vírus nas fezes. 

Informações importantes: o vírus pode sobreviver por meses em ambientes secos; a transmissão placentária é rara, assim como a presença do vírus na saliva; a transmissão indireta pode ocorrer através de fômites (caixa de areia e mãos); bengal e persa são referenciados na literatura como raças mais predispostas; não há distinção sexual; há possibilidade de ocorrência de coinfecções com o FIV/FeLV.

Hipertireoidismo em gatos

O hipertireoidismo felino suscita da excessiva produção e secreção de tiroxina (T4) e triiodotironina (T3) pela glândula tireoide. Quase sempre causado por uma disfunção automática da tireoide, raramente por alteração no hipotálamo ou na hipófise, pode levar ao bócio. Outras causas descritas por hipertireoidismo estão vinculadas ao adenoma tireoideano ou à hiperplasia adenomatosa multinodular e ao carcinoma tireóideo funcional, sendo esse responsável por apenas 2% dos casos. Os sintomas clínicos são taquicardia, hiperatividade, emaciação progressiva, polifagia, êmese, poliúria, polidipsia que pode mascar doença renal crônica e diarreia. Para estabelecer o diagnóstico, o clínico deve se valer da sintomatologia clínica de polifagia, má condição clínica, pelagem opaca e aumento da glândula tireoide (deve-se palpar a tireoide sempre que houve suspeita dessa afecção). O achado de um ou mais lobos tireoideanos aumentados no exame físico não pode definir se o animal é hipertireoideo, pois o aumento da tireoide ocasionalmente pode ser encontrado sem alterações clínicas em gatos e sem evidência laboratorial. No diagnóstico de hipertireoidismo usa-se combinação de sinais clínicos, palpação da tireoide e teste laboratoriais ou de imagem. 

Gostou das informações?

Agora saiba aqui como se preparar bem para as provas de residência! 
 

Por Sanar

Existimos para empoderar e dar superpoderes aos profissionais da Saúde. Atuamos de forma mais direcionada com 7 áreas da Saúde: odontologia, psicologia, enfermagem, farmácia, fisioterapia, nutrição e medicina veterinária. Queremos ser a Casa da Carreira do profissional da Saúde e acompanhá-lo ao longo de toda a sua jornada: desde a faculdade até o auge da sua maturidade profissional, oferecendo todo o suporte necessário para que possa ir mais longe e mais rápido em sua carreira. Nós acreditamos, e você?