Vamos estudar um pouco de avaliação nutricional?

A avaliação do estado nutricional é o tipo de assunto que sempre está presente nos concursos e residências que são abertos periodicamente. E não é pra menos, nutri. É a partir disso que pode ser avaliado o estado nutricional de um indivíduo ou grupo populacional e que medidas de intervenções passam a ser planejadas, executadas e monitoradas. 
 
Essa avaliação requer algumas etapas, as quais vamos destrinchar passo a passo nesse post. Fica com a gente até o final?
 
 
Como classificar o estado nutricional?
 
O estado nutricional é considerado adequado quando existe equilíbrio entre as necessidades energéticas do indivíduo e o que ele consome. No caso de a balança pesar para um desses lado, podem ocorrer doenças do tipo carenciais – como desnutrição energético-proteica, anemia ferropriva, hipvitaminose A – ou doenças causadas pelo excesso de ingestão alimentar – entre elas sobrepeso, obesidade, dislipidemias e hipertensão. 
 
A avaliação do estado nutricional pode ser feita a partir de métodos diretos e indiretos.
  • Métodos diretos – Podem ser objetivos, quando compreendem exames antropométricos (peso, altura, dobras cutâneas), laboratoriais (hemoglobina, perfil lipídico) e outros mais sofisticados (densitometria, bioimpedância), mas podem também ser subjetivos. Neste caso, abarcam o exame clínico nutricional ou semiologia (sinais e sintomas clínicos nutricionais), avaliação subjetiva global e avaliação muscular subjetiva.
  • Métodos indiretos – Identificam os fatores que explicam ou justificam a ocorrência de problemas nutricionais diagnosticados por meio da avaliação nutricional, mas também permitem discriminar indivíduos ou grupos populacionais em risco nutricional. Exemplo deles é inquérito alimentar, caracterizado pelo recordatório alimentar de 24 horas, frequência alimentar e pesada direta.
Antropometria como instrumento
 
O nutricionista pode fazer essa avaliação do estado nutricional do indivíduo tomando mão da antropometria. A partir desse conjunto de técnicas é possível medir variações das dimensões físicas corporais.

Entre as vantagens de usar esse instrumento é o uso de equipamentos portáteis e de baixo custo, técnicas não invasivas, obtenção rápida dos resultados e fidedignidade do método. Por outro lado, a antropometria tem algumas limitações. Não é possível identificar carências nutricionais específicas; não detecta alterações recentes na composição e distribuição corporal; depende do estado de hidratação (por exemplo, casos em que há retenção de fluidos podem mascarar perda de tecido gorduroso e/ou muscular). Também são limitações da antropometria a capacidade limitada dos instrumentos para mensuração, escassez dos padrões de referência, falta de pontos de corte específicos para a população brasileira – é comum uso de estudos populacionais americanos e europeus. 

 
Para fazer a avaliação antropométrica são utilizadas medidas (como peso, altura, circunferência da cintura), índices (ex.: índice de massa corporal, razão cintura quadril, perímetro cefálico torácico) e indicadores (resultado da avaliação do índice e medidas por meio do uso de referências e/ou padrões de normalidade). Vamos detalhar esses conceitos abaixo, para não restar dúvidas: 
  • Peso – É a soma de todos os componentes corpóreos, não discrimina a composição corporal. Pode ser classificado como peso atual, habitual, ideal ou ajustado;
  • Estatura – Pode ser aferida em pé (no caso de crianças, adultos e idosos sem limitações), deitado (crianças menores de 24 meses); pode ser por estimativa (ou “recumbente”, feita quando o paciente não pode se movimentar fora do leito), por envergadura (quando afere-se a distância entre os dedos médios do indivíduo com os braços estendidos de costas para a parede, ou pela distância entre o dedo médio de um dos braços estendido até o meio do externo na altura do ombro e multiplicado o resultado por 2), por perna ou altura do joelho (utilizada para a estimativa da altura, de acamados ou não, especialmente de idosos);
  • IMC – É um indicador de avaliação da massa corporal total do indivíduo em relação à altura. Tem como vantagens ser um indicador simples, rápido e fácil de ser aplicado, utilizado tanto para avaliações individuais como para coletivas. Por outro lado, esbarra em limitações como não avaliar separadamente os compartimentos corporais ou a distribuição de gordura corporal e não ser recomendado para avaliação de indivíduos muito baixos ou muito altos, nem para aqueles com desproporcionalidade corporal;
  • Indicadores de composição corporal – São importantes para identificar riscos à saúde associados à escassez de massa magra ou excesso de gordura; monitorar mudanças associadas à idade, crescimento e algumas doenças; formular recomendações dietéticas e avaliar a eficiência de intervenções nutricionais e da atividade física na alteração da composição corporal. A avaliação é baseada no modelo bicompartimental, no qual a massa corporal é dividida em massa adiposa e massa magra. 
 
O que saber sobre os indicadores de composição corporal?
 
Existem dois tipos de indicador de composição corporal. O primeiro deles é a distribuição da gordura corporal. Atualmente, ela está dividida em:
  • Abdominal (androide/superior/central/maçã) – Quando acumulada na região abdominal, é composta pela gordura subcutânea e visceral;
  • Intermediária – A gordura é equilibradamente distribuída, logo, não há concentração de gordura de forma desigual;
  • Ginoide (ginecoide/inferior/periférica/glúteo-femoral/pêra) – Quando acumulada na região glútea e dos quadris, é associada a riscos de doenças vasculares periféricas
Outro indicador é a massa muscular, que pode ser estimada por meio da circunferência muscular do braço (CMB), área muscular do braço (AMB), área muscular do braço corrigida (AMBc) e circunferência da panturrilha (CP) – este último, no caso de idosos e acamados. A avaliação da massa muscular está diretamente relacionada à avaliação da reserva proteica, força, progressão de doenças catabólicas e eficácia na intervenção terapêutica sobre o prognóstico. 

PEGUE ESSA DICA: A circunferência da cintura tem limites que, uma vez ultrapassados, oferecem algum risco para a saúde de homens e mulheres adultos. No caso deles, o risco já é considerado elevado com 94 cm, mas se torna muito elevado quando acima de 102 cm. Em se tratando das mulheres, já é elevado o risco com circunferência em 80 cm, e o risco se torna muito elevado quando acima de 88 cm. 

 
 
Antes de retomar seus estudos, se atente para uma diferenciação importante. A avaliação nutricional é capaz de detectar a desnutrição, classificar o grau de desnutrição e permitir a coleta de informações que auxiliam na sua correção. Diferentemente da triagem nutricional, que apenas detecta a presença de risco para a desnutrição. 
 
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Por Sanar

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