Com presença maciça dos representantes de hospitais de ensino, gestores e entidades da Saúde, foi lançado nesta quinta-feira (17/8), em Brasília, o Projeto Apice On – Aperfeiçoamento e Inovação no Cuidado e Ensino em Obstetrícia e Neonatologia.
- A importância do Projeto
Para a diretora do Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas do Ministério da Saúde (DAPES/MS), Thereza de Lamare, “a importância do projeto está na complementação das ações e aprimoramento da Rede Cegonha [estratégia que assegura a atenção humanizada na gravidez, parto e puerpério, o direito ao planejamento reprodutivo e ao nascimento seguro]”. “O SUS está em um momento difícil, mas ele é um projeto projeto de país. E nós precisamos terminar de construir este projeto”, destacou.
“Achei que iria me aposentar sem ver um evento como este”, afirmou Juvental Andrade, da Febrasgo, defendendo a prática integrada da obstetrícia e neonatologia e o ensino compartilhado das residências médica e de Enfermagem obstétrica. Ao final do seminário, todos os hospitais de ensino presentes assinaram o termo de adesão ao Apice On.
As Diretrizes para Partos Normais no Brasil, pactuadas por atores técnicos e sociais, já reúnem consensos baseados em evidências científicas, que devem nortear a assistência ao parto.
- Quadro Atual
90% das cesarianas realizadas no Brasil acontecem fora de trabalho de parto, aumentando os riscos respiratórios para o recém nascido, e 45% são realizadas sem nenhuma indicação, em gestações de risco habitual. Os números dos hospitais universitários não diferem significativamente dos encontrados em outros locais de assistência. Transformar a realidade exige um novo campo de práticas.
“Não podemos falar sobre os desafios da atenção obstétrica e neonatal sem ouvir as mulheres e bebês”, afirmou Kleyde Ventura, que convidou à mesa a puérpera Renata Reis, acompanhada do bebê Bernardo. Médica obstetra e militante do parto humanizado, Renata comoveu os presentes relatando sua transformação profissional e o nascimento do bebê, em parto domiciliar conduzido por enfermeiras.
VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA
“Na primeira vez que ouvi falar em ‘violência obstétrica’, levei um soco no estômago. Então aquilo que eu fazia, que aprendi na faculdade, era violência?”, contou Renata, que, ainda interna foi ensinada a fazer episiotomia, episiorrafia e manobra Kristeller — pressões inadequadamente aplicadas ao fundo uterino no período expulsivo, hoje proscritas aos profissionais de Enfermagem.
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