Tudo sobre a Prova do SUS SP – 2018 – Residência Médica

Bem-vindo ao terceiro e último artigo da nossa série RAIO-X sobre as Residências SUS-SP 2018. 

Faremos hoje uma verdadeira análise sobre a prova e o que você deve fazer para se preparar para as 100 questões que virão! 

No artigo 01, falamos sobre o Edital que deverá sair em Outubro ( clique aqui ter acesso).

No artigo 02, fizemos um raio-X sobre a concorrência das 43 especialidades disponíveis (clique aqui para ter acesso).

Bem, antes de mais nada, é importante saber que a Prova do SUS-SP é a mais democrática do país. Não há nenhuma modalidade de protecionismo como existe em algumas instituições tradicionais. 
 
De forma geral, ter nota superior a 75% de acerto permite o ingresso na maioria das vagas, exceto em algumas residências de acesso diretos como dermato, otorrino que é preciso um percentual de acerto acima de 80%.
 
A prova é composta por 100 questões das 5 grandes áreas de abrangência. Em cada uma das áreas, listamos algumas dicas e incluímos 01 questão comentada da última prova!
 
Clinica Médica
É uma das áreas de maior dificuldade na prova devido ao volume de conteúdo. São 20 questões que fazem diferença nas prova, principalmente nas especialidades concorridas. Assuntos como: Endocrinopatias, distúrbios hidroeletroliticos, intoxicação exógenas, interpretação de ECG são de grande relevância.
 
Confira abaixo um exemplo de questão comentada da última prova:
 
(SUS-SP – 2016)
Em um caso de meningite bacteriana aguda por Streptococcus pneumoniae (com concentração inibitória mínima de betalactâmicos muito elevada), o esquema terapêutico de escolha, dentre os abaixo, é:
 
A) polimixina.
B) meropenem.
C) ceftriaxona.
D) ampicilina + gentamicina.
E) vancomicina.
 
DICA DO AUTOR: Na interpretação do antibiograma, tão importante quanto saber de qual bactéria se trata, é lembrar do paciente que estamos avaliando. Em se tratamento de um paciente com meningite isso muda completamente – caso estivéssemos falando de pneumonia o tratamento poderia ser com ceftriaxona, já para o tratamento de meningite é necessário a Vancomicina nos casos da concentração inibitória mínima (MIC) muito elevada, uma vez que a maior parte dos antibióticos atingem menores concentrações em no sistema nervoso central. Só lembrando que caso o MIC baixo parabetalactâmicos (<0,1 mcg/m L para penicilina) poderia ser usado a penicilina e em casos de MIC intermediário (0,1-1 mcg/m L), a ceftriaxona é a opção de escolha. Independente do tratamento, a duração é em torno de 10-14 dias.
Alternativas A e B INCORRETAS. Tanto a polimixina como o Meropenem, são utilizados geralmente para tratamento de bactérias gram negativas multirresistentes. No caso estamos falando do
Streptococcus, uma bactéria gram positiva.
Alternativa C: INCORRETA. A ceftriaxona seria uma possibilidade se o MIC fosse baixo, ou o paciente não tivesse doença em sistema nervoso central.
Alternativa D: INCORRETA. O autor da questão tentou confundir os candidatos com o tratamento para endocardite infecciosa, que na maior parte dos casos em valvas nativas também são por
streptococcus, mas não confundam – no caso da endocardite estamos falando do Viridans, boovis e menos frequentemente o fecalis. A endocardite pela S. Pneumoniae é muito rara.
Alternativa E: CORRETA. A tratamento deve ser feito com Vancomicina ASSOCIADO com ceftriaxona e não esquecer da dexametasona 0,15 mg/Kg antes de iniciar o antibiótico e manter por 4 dias. E em casos de MIC muito elevado, alguns autores recomendam inclusive associar com Rifampicina 600 mg/dia.
 
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Ginecologia e Obstetrícia
 
É possível uma boa margem de acertos. Algumas questões devido a conceitos que divergem entre as sociedades podem dar margem para interposição de recursos. Vale a pena lembrar das vulvovaginites, interpretação de partogramas e a doenças hipertensiva da Gestação. 
 
(SUS SP – 2016)
Progestagênio utilizado em contraceptivos hormonais combinados orais MENOS associado a risco de tromboembolismo
A) desogestrel.
B) drospirenona.
C) levonorgestrel.
D) ciproterona.
E) gestodeno.
 
DICA DO AUTOR: Há na literatura diversos estudos investigando o risco de eventos tromboembólicos associados a diferentes doses de etinilestradiol e tipos de progestagênios. O que se discute atualmente é que pílulas de terceira geração (contendo gestodeno e desogestrel) têm sido mais associadas a eventos tromboembólicos do que as de segunda geração (contendo levonorgestrel).
A maioria dos estudos mais recentes demonstrou um risco aumentado de três vezes de usuárias de contraceptivos orais combinados de média e baixa dose com noretisterona, levonorgestrel ou norgestimato, em comparação a não usuárias. Os mesmos estudos demonstraram um aumento de seis vezes no risco tromboembólico em usuárias de pílulas combinadas com desogestrel, gestodeno, drospirenona ou acetato de ciproterona. Provavelmente, isto se deve ao fato de que as progestinas mais androgênicas são capazes de contrapor a estimulação induzida pelo etinilestradiol sobre a síntese proteica do fígado (SHBG, fatores de coagulação), mas em contraste, as progestinas neutras ou anti-androgênicas parecem exercer uma contraposição limitada na ação do etinilestradiol.
Resposta: C
 
Cirurgia Geral
Temas mais cobrados são: Trauma (ATLS), Abdome agudo (em especial inflamatório e obstrutivo) e hemorragia digestiva alta e baixa. Confira abaixo a estatística das últimas provas:
 
Trauma/ATLS (aprox 30%)
Abdome agudo (aprox 20%) – inflamatório e obstrutivo
Hemorragia digestiva (aprox 10%)
Neoplasia trato digestivo (aproximadamente 5%)
 
Outros temas frequentes:
– Síndrome compartimental abdominal 
– Manejo do paciente perioperatório- Doença inflamatoria intestinal
– Outras neoplasias, em especial melanoma
– Cirurgia vascular 
– Urologia
– Cirurgia infantil  (hernia e intusucepção)
 
(SUS SP – 2016)
73 Um senhor de 66 anos de idade foi assaltado e agredido com um taco de madeira. No atendimento inicial, a via aérea está pérvia e a ventilação diminuída na base do hemitórax esquerdo. Pulso: 138 bpm, pressão arterial: 70 × 30 mmHg. Tem escoriações no abdome, à esquerda, com muita dor à palpaçãolocal. O FAST (Focused Assessment with Sonography for Trauma), feito logo à chegada, mostrou apenas fina lâmina de líquido em espaço subfrênico esquerdo. A reanimação com 2 litros de solução cristaloide não melhorou a condição hemodinâmica de admissão. O paciente continua consciente, com Glasgow 15. A radiografia de tórax mostra fraturas das costelas inferiores (10o e 11o arcos costais), à esquerda,
sem derrame pleural. Além de receber sangue, este paciente deve:
 
A) ser operado imediatamente.
B) fazer angiografia, para possível embolização esplênica.
C) fazer tomografia de corpo inteiro.
D) fazer laparoscopia diagnóstica.
E) receber droga vasoativa por cateter central
 
DICA DO AUTOR: Estamos frente a uma paciente vítima de trauma que está taquicárdico e hipotenso. Até que se prove o contrário, o choque hemorrágico é o principal tipo de choque em
um cenário de trauma! Sempre que estamos frente a um paciente politraumatizado que apresente hipotensão devemos procurar uma fonte de sangramento (tórax, abdome/pelve e
fratura de ossos longos) e dentre as causas de choque hemorrágico, o abdome é a principal fonte de sangramento! Questão clássica e sem discussão. Choque he-
morrágico, instável, sem resposta a ressuscita- ção volêmica e com FAST positivo = laparotomomia exploradora! Resposta: Letra A. 
Alternativa B: INCORRETA. A arteriografia para embolização esplênica ou hepática é uma técnica factível quando temos certeza da fonte desangramento e o paciente tem estabilidade hemodinâmica, mesmo que transitória, para o procedimento.
Alternativa C: INCORRETA. A estabilidade hemodinâmica é condição obrigatória para a realização de tomografia computadorizada.
Alternativa D: INCORRETA. A instabilidade hemodinâmica é uma contraindicação relativa para a realização da videolaparoscopia, visto que a confecção do pneumoperitônio irá piorar o pa-
drão hemodinâmico do paciente.
Alternativa E: INCORRETA. Estamos frente a um choque hemorrágico, de provável etiologia abdominal. A prioridade nesse caso é controlar a fonte de sangramento!
 
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Pediatria
É uma especialidade que possibilidade um boa porcentagem de acertos. Lembrar das doenças exantemáticas da infância, vacinação com ênfase na mudança dos calendários. 
 
(SUS SP – 2016)
Uma pré-escolar de 3 anos acaba de ser diagnosticada com fibrose cística. Os pais da criança estão preocupados com a possibilidade da ocorrência desta doença em futuras gestações. O médico deve esclarecer que o padrãode transmissão genética da fibrose cística é:
 
A) autossômica recessiva em algumas famílias e ligada ao cromossomo X em outras.
B) autossômica recessiva.
C) autossômica dominante.
D) ligado ao cromossomo X.
E) por mutação variável.
 
DICA DO AUTOR: A fibrose cística ou mucoviscidose é uma doença associada a mutações no gene CFTR e ao padrão de herança autossômico recessivo. Assim, para qualquer casal com
uma criança afetada, o risco de que uma segunda criança venha a apresentar fibrose cística é de 25%.
Resposta: B.
 
Medicina Preventiva
É a prova que pode ser um divisor de águas na aprovação. Os editais lançam um conteúdo que pode ser revisado varias vezes durante o ano. A “temida” lista de notificação compulsória deve ser memorizada, assim como conceitos de estudos epidemiológicos (coorte, caso controle, ecológicos e afins) e as modalidades de prevenção (primaria, secundária e terciária). 
 
(SUS SP – 2016)
Sobre a publicação da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, em 2016, com informe sobre a situação epidemiológica da sífilis no Brasil, é INCORRETO afir-
mar:
 
A) Desde 2014 enfrenta-se o desabastecimento de penicilina benzatina, devido à falta mundial de matéria prima para sua produção.
B) A notificação de casos de sífilis em gestante, congênita ou sífilis adquirida é compulsória em todo o território nacional.
C) Alguns estados apresentam taxas de incidência de sífilis congênita mais elevadas do que as de sífilis em gestante, o que remete a possíveis lacunas da assistência ao pré-natal e
do sistema de vigilância epidemiológica.
D) Na série histórica de 2005 a 2016, observou-se que cerca de metade das gestantes com sífilis era da faixa etária de 20 a 29 anos.
E) Em 2015, a maioria das mães de crianças com sífilis congênita não fez exame pré-natal.
 
Alternativa A: CORRETA. No ano de 2016, o Governo Brasileiro, em caráter emergencial, adquiriu 2,7 milhões de frascos de penicilina benzatina, com prioridade na prescrição para grávidas e
seus parceiros. 
Alternativa B: CORRETA. Questão sobre doenças de notificação compulsória SEMPRE (isso mesmo sempre!) caem nas provas de SUS-SP. Item Autoexplicativo.
Alternativa C: CORRETA. A baixa qualidade do pré-natal é um dos limitantes ao diagnostico precoce e tratamento da gestante com Sífilis. Consequentemente, vários diagnósticos são
realizados durante a triagem neonatal.
Alternativa D: CORRETA. A faixa etária de maior atividade sexual entre as mulheres é dos 15 aos 49 anos. Dentre as gestantes com sífilis a faixa etária de maior casuística foi de 20 a 29 anos.
Alternativa E: INCORRETA. Os dados mostram que mais de 70% das mães que tiveram diagnóstico foram para pelo menos 1 consulta pré-natal. O problema reside na qualidade do pré-natal,
na perda de seguimento, no tratamento inadequado da gestante e do parceiro.

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Por Sanar

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