Serie Casos Clínicos – Meningioma frontal

Caso Clínico da Liga RadioUIT

Apresentação do caso
A História do paciente informa se tratar de uma paciente feminina de 70 anos, com histórico de 25 anos de esquizofrenia dos quais 10 permaneceu controlada com a medicação antipsicótica. Ela vem apresentando há 3 meses ilusões de perseguição, mudança de personalidade, prejuízo cognitivo, déficits de memória, dispraxia e cefaleia.
De acordo com a história da paciente algumas hipóteses diagnósticas a serem levantadas são: relapso psicótico da esquizofrenia, demência frontotemporal, doença de Alzheimer, AVE, hematoma subdural crônico e tumores cerebrais primários e secundários.  


Observa-se uma massa de 3 cm localizada anteriormente na fissura inter-hemisférica, entre os dois lobos frontais e acima do corpo caloso, o qual sofre distorção pela massa. Também é possível observar na imagem axial FLAIRE edema extenso envolvendo ambos os lobos frontais. Não representado por essas imagens, também é possível observar ao longo das janelas da RM, um sinal de calcificação central na massa e um espessamento do tecido ao seu redor.

Resolução do caso
A massa foi retirada através de cirurgia, com resolução total dos sintomas da paciente, e a suspeita de meningioma confirmada pelo exame histopatológico.

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Discussão
Em pacientes com história de doença mental, meningioma pode mimetizar a apresentação de um relapso dessas doenças mentais, atrasando o diagnóstico de uma doença normalmente de fácil acesso e remoção cirúrgica. Portanto, é importante estar atento para a apresentação atípica de doenças neurológicas em pacientes com distúrbios mentais.
As localizações mais comuns dos meningiomas incluem locais imediatamente abaixo do crânio e locais de reflexão da dura-máter, como a tenda do cerebelo e a foice do cérebro (localização do tumor no caso apresentado). Outras localizações menos comuns incluem: o plexo coroide, o nervo óptico e a medula vertebral. Dependendo dessas localizações o tumor apresenta sinais clínicos distinto, apesar de, na maioria das vezes, ser assintomático devido ao seu crescimento muito lento.
Quando apresenta sinais clínicos estes incluem:

  • Convulsões (cujo risco está aumentando quando edema peritumoral está presente e quando a localização não é logo abaixo do crânio, principalmente nos casos de tumores localizados na fissura intracerebral);
  • Mudanças visuais (principalmente quando o menangioma afeta o nervo óptico, causando alterações que podem ser confundidas com neurite óptica como: perda visual unilateral progressiva e fraqueza leve de movimentos extraoculares);
  • Perda do olfato ou audição (nos casos de meningioma localizados sobre o nervo olfatório e entre a ponte e cerebelo, respectivamente);
  • Alterações mentais (as principais alterações mentais descritas são apatia e desatenção, causada por meningioma gigantescos localizados na região subfrontal. Meningiomas de mesmo tamanho em outras localidades não apresentam os mesmos sinais clínicos);
  • Fraqueza nas extremidades (comumente presentes nos meningiomas que atingem forame magno e que são intra- fissura cerebral, causam fraqueza ipsilateral e bilateral, respectivamente).
  • Hidrocefalia obstrutiva

Os meningiomas são os principais tumores da meninge e um dos principais tumores primários do cérebro, sendo sua incidência crescente de acordo com o aumento da idade do paciente. O principal fator de risco para o desenvolvimento desse tumor é a exposição à radiação ionizante (ex: para tratamento de malignidades primárias ou secundárias no cérebro, em exames diagnósticos e exposição acidental). Principalmente quando em crianças, essa exposição aumenta muito as chances de desenvolvimento do meningioma.

As características radiográficas dos meningiomas
Atualmente, radiografias não possuem papel no diagnóstico de meningiomas, sendo indicado para tal especialmente a ressonância magnética. Na ressonância magnética os meningiomas apresentam-se tipicamente da seguinte forma:

  • Massa extra-axial hipointensa  (10-40%) ou isointensa (60-90%) em relação à massa cinzenta em T1 e hiperintensa (35-40%) ou isointensa (~50%) em T2.
  • Há um aprimoramento de contraste após a administração de gadolínio, destacando-se a massa de forma homogênea.
  • Sinal da cauda: a maioria dos meningiomas apresentam um engrossamento da dura-máter na sua periferia, conferindo esse sinal.
  • Contornos suaves e calcificações centras
  • Estreitamento arterial para aquelas meningiomas que englobam artérias
  • Edema peritumoral vasogênico presente em mais da metade dos meningiomas

 
Referências

  1. Golofit, P. et al.; Meningioma; Radiopaedia; 2017; disponível em: https://radiopaedia.org/articles/meningioma
  2. Matta, G.; Frontal meningioma and schizophrenia; Radiopaedia; 2016; disponível em: https://radiopaedia.org/cases/frontal-meningioma-and-schizophrenia
  3. Park, K.J.; Epidemiology, pathology, clinical features, and diagnosis of meningioma; Uptodate; 2017; disponível em: http://www.uptodate.com/contents/epidemiology-pathology-clinical-features-and-diagnosis-of-meningioma?source=search_result&search=meningioma&selectedTitle=1~98

Por Sanar

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