Um dos temas mais importantes debatidos em encontros e congressos médicos da atualidade é “O diagnóstico e os desafios da assistência nas urgências e emergências dos hospitais”. Em encontro dos conselhos de medicina, o médico Mauro Luiz de Britto Ribeiro, do CFM, destacou a importância da questão, enfatizando uma necessidade de ser criada de uma especialidade de Urgência e Emergência, pois hoje a graduação não fornece preparo para a área.
“Temos aproximadamente 16 mil formandos para 14 mil vagas de residência, sendo que somente 9 mil médicos acabam frequentando a residência e o restante vai para o mercado de trabalho, caindo no setor de urgência e emergência sem nenhuma instrução sobre o assunto de forma mais específica”, afirmou. A ideia do profissional seria propor ao MEC modificações curriculares para o que estudante de Medicina tenha aprendizado nessa área de forma linear durante o curso.
Assim, as grandes áreas da Medicina se tornariam sete: Clínica Médica, Pediatria, Cirurgia Geral, Ginecologia e Obstetrícia, Saúde da Família, Saúde Mental e Urgência e Emergência. Atualmente, só há dois programas de formação em pós-graduação na área, um em Porto Alegre e outro em Fortaleza.
Em 2013, o conselheiro Jefferson Piva, do Rio Grande do Sul, exemplificou a importância da formação especializada, também no encontro de conselhos, citando o caso da tragédia na Boate Kiss, em Santa Maria, onde um profissional com conhecimento de urgência e emergência fez a diferença, conseguindo minimizar os danos atuando na gestão do atendimento.
Para Ribeiro, é necessário tornar obrigatória a implantação de acolhimento com classificação de risco, além da necessidade de se ter um responsável pelo gerenciamento de fluxo. “Não pode ter paciente internado em OS e médico não pode dar plantão por mais de 12 horas. Estudos já demonstram que após oito horas o nível de atenção e qualidade cai, por isso que devemos batalhar por não excedermos às 12 horas. Ainda, a vaga zero precisa ser tratada como exceção e ser responsabilidade exclusiva dos médicos reguladores”, pontuou.
Atualmente no Brasil há, aproximadamente, 2,4 leitos por mil habitantes no SUS – para uma necessidade que é de 4 a 5 por mil habitantes. Ainda, há somente 371 serviços de emergência no país, sendo que, seguindo o padrão internacional, seriam necessários 750. A urgência se define pelo critério de tempo em que se deve responder a necessidade – o tempo como cronologia, duração, intensidade e oportunidade. “Se perdemos tempo, desencadeamos consequências que impactam na mortalidade e na gestão financeira”, colocou o especialista.
O ideal de um pronto socorro é que o paciente permaneça por no máximo 12 horas, após esse período deve ser encaminhado para alta ou internação. “Para que todas essas medidas sejam tomadas, o primeiro passo é estudar e entender a Urgência e Emergência de forma específica”, concluiu Ribeiro.