Francinaldo Gomes nasceu em uma família humilde na cidade ribeirinha de Abaetetuba, interior do Pará. Apesar da falta de dinheiro, aos 14 anos decidiu seria médico – aspiração considerada impraticável e desnecessária por sua família. Mudou-se para a capital paraense sem o consentimento do pai, a fim de cursar o terceiro ano do Ensino Médio em um colégio particular e entrar na faculdade de medicina da cidade.
Com bolsa de 50% na escola, era sempre chamado na secretaria pelo atraso nos pagamentos. “O dinheiro não era suficiente”, lembrou ele, em entrevista à revista InfoMoney. Dedicado, conquistou o 1º lugar no ranking geral da instituição e garantiu uma bolsa integral, além do custeio de todo o material didático utilizado. No fim do ano, alcançou o 1º lugar na Universidade Federal do Pará no curso de medicina.
Já no terceiro ano da faculdade conheceu sua esposa e, após o casamento e a conclusão do Ensino Superior, teve que frequentar o exército no sudeste do estado, onde serviu por um ano. “Lá eu ganhei bastante dinheiro trabalhando como militar e consegui manter minha família por um período”, conta. Mas, quando se mudou para São Paulo, em 2002, para estudar o campo da neurocirurgia e fazer residência na Escola Paulista de Medicina essa história mudou.
O médico não possuía conhecimento sobre finanças, não tinha o controle de seus gastos e por comprar coisas desnecessárias, contraiu dívidas, ficou com o aluguel atrasado, foi ameaçado de despejo, atrasou no pagamento do colégio da filha e ficou sem limite no cartão de crédito. Ou seja, mesmo depois de formado Gomes ainda enfrentou problemas com a falta de dinheiro.
“O momento mais crítico foi o dia em que fomos no supermercado e quando passaram as compras no caixa, não tínhamos dinheiro para pagar. No caminho para casa, fiquei pensando que alguma coisa estava errada, já que tinha ganhado muito dinheiro no exército”, detalha. A mudança, então, veio quando Francinaldo avaliou sua situação financeira e percebeu que o problema não estava em ganhar dinheiro, mas em como gastá-lo. A partir deste dia, o médico passou a buscar conhecimento na área de finanças, procurando medidas para regularizar o seu planejamento financeiro e trabalhando mais horas para aumentar sua renda. “Passei a estudar alternativas em renda fixa, fundos de investimentos e em ações”, explica. Em 2005, conseguiu reverter toda a sua situação financeira, quitando todas as dívidas e vendo o dinheiro começar a sobrar no final do mês.
Assim como Francinaldo, um número muito grande de médicos sente dificuldade em gerir suas finanças. Para especialistas, o maior problema dos médicos não é em ganhar dinheiro, mas em gerir e manter o patrimônio – consequência da falta de tempo e de conhecimento. “Os médicos não conseguem investir se não tiverem uma estratégia ligada a seus horários. Ou eles não cuidam, e só preocupam em ganhar dinheiro, ou delegam esta parte a terceiros”, colocou ele. É preciso captação inteligente, investimentos eficientes e fugir da bola de neve.
Conhecer bem suas finanças e geri-las com eficiência não significa, necessariamente, se tornar um grande investidor. Entender a premissa básica é o primeiro passo: não deixe o dinheiro dar plantão sobre você. Depois, busque aulas, cursos e informações dentro da linguagem médica que te ajudem a investir e cuidar da sua saúde financeira. Para quem pensa no futuro do próximo todos os dias, pensar no seu deve ser prioridade.