A doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) é caracterizada pela infiltração de gordura no tecido hepático (esteatose), podendo ser diagnosticada por meio de exames por imagem e estar ou não relacionada a alterações necroinflamatórias e fibrose (esteatoepatite) diagnosticada por meio de biópsia hepática. A DHGNA ocorre em indivíduos sem histórico de ingestão excessiva de álcool, sem a presença de outra doença hepática que possa justificar a esteatose, estando associada, comumente, à síndrome metabólica.
Os fatores de risco de maior relevância para DHGNA são a obesidade, diabetes tipo 2 e dislipidemia. A prevalência da doença tem aumentado em todo o mundo, com estimativa de 3-6% na população geral e até 50% entre os pacientes com obesidade, associada ao aumento da morbidade e mortalidade cardiovascular. A DHGNA tem sido associada com doenças cardiovasculares, doença renal crônica, podendo progredir para cirrose em um número significativo de pacientes.
Existem diversos mecanismos fisiopatológicos propostos, embora a doença possua múltiplos fatores associados. É sugerido que o processo de instalação da doença ocorra em dois momentos. O primeiro está relacionado a desordens no processo de absorção, síntese, degradação e secreção de ácidos graxos pelo fígado, promovendo esteatose macrovesicular, resultando em um desequilíbrio nas vias de lipólise (diminuição) e lipogênese (aumento). No segundo momento, os danos causados por essas alterações hepáticas, devido ao estresse oxidativo, promovem o aumento da expressão de compostos inflamatórios, tais como as citocinas e o fator de necrose tumoral alfa. E, por isso, muito se tem postulado sobre o importante papel do estresse oxidativo na patogênese e progressão da DHGNA.
Diante disso, tem crescido o interesse no tocante à possibilidade da terapia antioxidante como adjuvante no tratamento da doença. Sabe-se que indivíduos com DHGNA possuem níveis mais elevados de marcadores de estresse oxidativo em comparação a pacientes com esteatose simples, bem como apresentam níveis plasmáticos reduzidos de antioxidantes, como alfatocoferol, luteína, zeaxantina, licopeno, alfacaroteno e betacaroteno.
As vitaminas C e E, por exercerem importante ação antioxidante, protegendo a membrana celular, inibindo a propagação da peroxidação lipídica causada pelos radicais livres, podem atuar de forma benéfica no manejo da doença. A vitamina C ainda participa do sistema de regeneração da vitamina E. A propriedade antioxidante dos carotenoides, também, é de essencial importância no efeito protetor contra a oxidação dos lipídios.
Ademais, tocoferóis e carotenoides são de particular interesse, pois, além da função antioxidante, exercem atividades imunomodulatórias, regulação do ciclo celular e indução de enzimas envolvidas no mecanismo de desintoxicação.
Por fim, embora sejam devidamente conhecidos os efeitos antioxidantes desses nutrientes, fazem-se necessários mais estudos referentes ao tema, com vistas à possibilidade da terapia antioxidante como adjuvante promissor no tratamento da DHGNA, por conseguinte, na melhor qualidade de vida ao paciente.
Fonte: Blog Nutricionista