[Esse artigo científico faz parte da série “Sistematização de Assistência em Enfermagem”. Toda semana, um novo artigo sobre o tema é publicado no blog da Editora Sanar.]
SISTEMATIZAÇÃO DE ENFERMAGEM: DIFICULDADES REFERIDAS POR ENFERMEIROS DE UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO.
RESUMO:
Objetivo: verificar dificuldades para implementação da Sistematização da Assistência de Enfermagem. Método: estudo descritivo, com amostra de 47 enfermeiros de um hospital universitário de Recife/PE, Nordeste do Brasil. Os dados foram coletados a partir de um questionário, de julho a outubro de 2013, armazenados em planilhas eletrônicas no software Excel® e analisados pela estatística descritiva, com cálculo de frequências absolutas e relativas, apresentados em tabelas. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, CAAE n. 04079112.7.00005192. Resultados: a sistematização da assistência não está completamente implantada no hospital e entre as dificuldades citadas: falta de profissionais (40,4%) e alta demanda de pacientes (23,4%); mais da metade da amostra não conhecia a teoria que respalda a sistematização da assistência de enfermagem e 61,7% não conhecia a Resolução que estabelece seu uso. Conclusão: passados 11 anos, a sistematização da assistência de enfermagem ainda não é uma realidade, o que possivelmente interfere na qualidade da assistência prestada. Descritores: Assistência de Enfermagem; Administração dos Cuidados ao Paciente; Processos de Enfermagem.
INTRODUÇÃO:
Frente ao crescente avanço das ciências e da tecnologia na área da saúde, a enfermagem enfrenta o desafio de promover o desenvolvimento de sua equipe para prestar uma assistência de qualidade e bem fundamentada. A enfermagem, representada por enfermeiros e equipe técnica tem a responsabilidade ética, legal e técnica de cuidar do ser humano em todos os níveis de atenção, ou seja, no âmbito da estratégia saúde da família, hospitalar ou domiciliar, abrangendo o atendimento do indivíduo, família e comunidade. [1-2]
A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) é uma metodologia de organização, planejamento e execução de ações coerentes, que são realizadas pela equipe durante o período em que o cliente se encontra sob a assistência de enfermagem. Constitui, portanto um modelo de processo de trabalho que sistematiza a assistência e direciona o cuidado integral e individualizado, garantindo segurança ao usuário do sistema de saúde e aos profissionais envolvidos com a sua assistência.[1,3-4]
Em face da constante busca pela qualidade da assistência, com trocas de informações e demandas das instituições de saúde para maximizar recursos e diminuir custos, em 2002 a Resolução COFEN nº 272/2002, tornou obrigatória a implantação e implementação da SAE em todas as instituições de saúde públicas e privadas, determinando as etapas para a sua operacionalização.[2,5-7]
sete anos depois, essa resolução foi revogada pela Resolução COFEN nº 358/2009, a qual além de determinar a obrigatoriedade e necessidade de sua aplicação na prática cotidiana da enfermagem, nos seus diferentes cenários de trabalho, preconiza como atividade privativa do enfermeiro, baseada em estratégias científicas planejadas para a identificação das diversas situações do binômio saúde/doença. Subsidiando assim, as ações que possam contribuir para a promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde do indivíduo, a partir do processo de enfermagem (PE).[2,6-8]
O PE é um instrumento que orienta o cuidado de enfermagem e a documentação da pratica profissional. O PE se baseia em uma teoria que orienta suas etapas.[5,8-9] De acordo com a teoria de Wanda Horta, o PE contempla a avaliação do estado de saúde dos indivíduos por meio do seu histórico de saúde/doença e pelo exame físico, identificação dos diagnósticos de enfermagem, elaboração de plano assistencial, prescrição de cuidados, avaliação da evolução e prognostico da assistência de enfermagem.[4,5,8]
Cabe, portanto ressaltar que a SAE e o PE são inter-relacionados, apesar de suas especificidades conceituais e operacionais, e quando incorporados no processo de trabalho permitem organizar e avaliar a pratica de enfermagem de forma a melhora-la e garantir a continuidade das informações sobre o cuidado.[4,10-11] A partir de suas concepções iniciais, o processo agregou novos significados e expressões, pela classificação da North American Nursing Diagnosis Association (NANDA). A implementação do diagnóstico de enfermagem aprimora todos os aspectos da prática de enfermagem, angariando respeito profissional, assegurando documentação consistente, representando o julgamento preciso e profissional dos enfermeiros clínicos, contribuindo deste modo, para a segurança do paciente por meio da integração de uma terminologia baseada em evidências para a prática clínica e a tomada de decisão.[12-13]
A SAE é a principal estratégia para melhorar a qualidade da assistência e fortalecer a enfermagem como profissão, uma vez que proporciona ao enfermeiro a (re)definição do seu espaço de atuação, do seu desempenho no campo da gerência em saúde e da assistência em enfermagem.[3,10,14] Alguns desafios fazem parte da trajetória de construção da SAE nas instituições brasileiras. Tais desafios se classificam em dois níveis: o primeiro é institucional e trata da organização e articulação dos serviços de saúde, o número de enfermeiros, a valorização por parte da administração da instituição, bem como os indicadores de resultado da assistência. No segundo nível, encontram-se aqueles relacionados ao profissional e dizem respeito à base científica e conhecimentos requeridos, habilidades e atitudes pautadas no compromisso ético, na responsabilidade e no assumir o cuidar do ser humano, além do envolvimento deles com o processo.[1,10]
Destaca-se que ainda existem lacunas na produção de conhecimento que mostram o que poderia estar interferindo na implantação da SAE nas diferentes instituições brasileiras, deste modo…
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Leia um trecho sobre a Sistematização da Assistência e do Processo de Enfermagem no livro: Enfermagem Avançada: Um guia para a prática.