O Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) criticou nos últimos dias a flexibilização das regras do Ministério da Agricultura que agora permitem entrada e fabricação de bebidas com mistura de açúcar e adoçante; nova norma abre brecha para Coca-Cola “verde” no Brasil.
A Coca-Cola de embalagem verde chegou esta semana ao Brasil. Cercada por um marketing que a associa a conceitos de “bem-estar”, a bebida tem como chamariz o fato de ter 50% menos açúcar do que o refrigerante tradicional da marca. No entanto, ela está longe de ser saudável.
Além do açúcar, a versão utiliza também estévia, um adoçante natural, para manter o sabor doce. O verde da embalagem, no caso, apela para este atributo “natural” do edulcorante, como se isso o tornasse necessariamente saudável.
Chamada de Coca-Cola Life no exterior, a bebida já estava presente em 25 países e só pode entrar agora no Brasil por conta de uma flexibilização nas regras do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).
Um decreto de 2009 proibia a associação de açúcares com adoçantes na fabricação de bebidas, exceto para refresco em pó (aqueles de saquinho). Porém, em dezembro do ano passado, a regra foi alterada (por meio de outro decreto, de nº 8592), e passou a permitir tais misturas.
Marketing enganoso
Para Ana Paula Bortoletto, nutricionista e pesquisadora do Idec, o afrouxamento das regras do Mapa ocorreu por pressão das grandes indústrias de alimentos e representa um retrocesso para o consumidor.
“Essa mudança permite o surgimento de novos produtos no mercado com práticas de marketing enganosas aos consumidores”, critica. “Apesar de se venderem como ‘saudáveis’, elas continuam sendo bebidas açucaradas que contribuem para o aumento de doenças crônicas como obesidade e diabetes, cuja incidência vem aumentando muito no Brasil”.
Além disso, a nutricionista destaca que esses novos produtos podem levar ao aumento do consumo de adoçantes no país, que também apresentam riscos à saúde se consumidos em excesso.
Uma
pesquisa realizada pelo Idec no ano passado revelou que a quantidade de edulcorantes em bebidas light, diet ou zero é alta e que os rótulos não deixam claro os riscos do consumo excessivo desses aditivos.
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