Carreira na Enfermagem – Residência

Hoje conversaremos com a Enfermeira Renata Passinho sobre o tema: Residências na Enfermagem! Renata foi aprovada em 1º Lugar na Residência Multiprofissional em Saúde Materno Infantil da UFBA e é autora e organizadora da obra Preparatório para Residência em Enfermagem. Hoje ela, nos contará um pouco sobre como é o processo de seleção das Residências em Enfermagem e sobre as vantagens de ter feito participado do programa. 

1. Renata, você acha que vale a pena ao profissional de saúde, e em específico ao enfermeiro, fazer residência? Por quê?
Vale muito a pena, pois as residências em enfermagem possuem uma carga horária extensa (60 horas semanais, sendo 5.760 horas em 2 anos) que proporcionam aos enfermeiros 80% de atividades práticas e 20% de aprendizado teórico sobre a área específica do programa em questão. A enfermagem é uma ciência dotada de procedimentos técnicos e saberes específicos em cada campo de atuação, desde a atenção primária até a alta complexidade. Diante disso, uma pós-graduação que proporcione a atuação prática do profissional oferece mais habilidades e conhecimentos do que a modalidade que se limita às tradicionais 360 horas. Outro benefício é o preparo diferenciado para o mercado de trabalho. Muitas instituições de saúde já consideram como tempo de experiência profissional o período da residência.

2. As provas de Residência costumam ser mais difíceis que as provas de concursos? Por quê?
Sim. As seleções para o ingresso nos programas de residência exigem conhecimento teórico atualizado sobre todas as áreas de atuação do enfermeiro. Além das questões específicas da área escolhida pelo candidato (por exemplo, cardiologia, pediatria ou terapia intensiva), o profissional deve saber com profundidade as demais áreas, sobretudo a de Legislação profissional e do Sistema Único de Saúde. As provas de concurso exigem outras disciplinas para a aprovação, como português, raciocínio lógico e informática. Diante disso, a parte específica de enfermagem costuma ser mais generalista. Já nas provas de residência, as especificidades das variadas áreas de conhecimento em enfermagem são exigidas, deixando as questões muito detalhistas. Por isso o estudo prévio e adequado faz toda a diferença no momento de resolução das questões.

3. Quais são as etapas da seleção para o ingresso nas Residências de enfermagem?
Variam muito a depender do programa responsável pela seleção. Há os que possuem como etapas a prova escrita, análise do currículo lattes, entrevista e defesa do memorial (semelhante a um currículo descrito em primeira pessoa, contando toda a história acadêmica do candidato e justificando sua escolha pelo programa de residência). Outros só possuem a prova escrita como etapa e ainda há alguns que realizam, além da prova escrita, análise do currículo lattes e entrevista, a prova prática.

4. Qual o tempo que você julga ser ideal para se preparar para uma prova de residência?
O ideal é que, ainda na graduação, o candidato pesquise sobre o programa e a área que tenha real interesse e elabore um cronograma de estudos, analisando os editais anteriores e conferindo os conteúdos que são cobrados para a prova. De acordo com o ritmo de estudos de cada pessoa, seguindo esse cronograma, todos os conteúdos poderão ser contemplados e não haverá aquele famoso “desespero” do estudo de última hora.

5. Qual o melhor método para se preparar para este tipo de prova? 
Métodos de estudo são muito pessoais, mas eu recomendo a elaboração de um cronograma de conteúdos específico para a seleção que se tenha interesse e a resolução de provas anteriores. Dessa forma, o candidato poderá conhecer o grau de dificuldade da prova, os conteúdos mais cobrados, as especificidades corriqueiras e as “pegadinhas”, além de perceber aqueles conteúdos em que possui maior dificuldade e que necessitam de mais dedicação. Um outro fato que foi um diferencial nos meus estudos para a Residência em Saúde materno Infantil que cursei, foi a resolução das provas de residência médica dos programas de obstetrícia e neonatologia. 

6. Em geral, como são as provas? Quais são as matérias cobradas? São provas abertas ou fechadas?
As provas, na maioria dos programas, cobram a Legislação do SUS, Legislação Profissional, Ética e Bioética, Teorias de Enfermagem, Sistematização da Assistência de Enfermagem, Gerenciamento de Enfermagem, Enfermagem em clínica-cirúrgica, em Saúde da Mulher, em Saúde do Adulto, em Pediatria, em Urgência e Emergência, em Saúde Mental, Semiologia e Semiotécnica, Saúde Coletiva e Saúde do Trabalhador. Geralmente as provas são objetivas (fechadas), entretanto, alguns programas exigem questões discursivas também, sobretudo sobre a área específica a qual se destina. 

7. Qual a diferença entre uma residência multiprofissional e as residências tradicionais em enfermagem?
As residências multiprofissionais possuem várias profissões da saúde inseridas no mesmo programa. O foco é a atuação interdisciplinar e transdisciplinar entre as várias áreas do conhecimento. Nessa modalidade de residência, enfermeiros, odontólogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais, farmacêuticos, psicólogos, nutricionistas e fonoaudiólogos buscam o cuidado ao paciente de maneira integral, visando a modificação do modelo hegemônico e fragmentado da saúde baseado nas especialidades. As residências tradicionais de enfermagem possuem só enfermeiros e visam especializar o profissional em determinada área de atuação, como nas residências de enfermagem em terapia intensiva, enfermagem em neonatologia, enfermagem em clínica-cirúrgica, entre outras.

8. Qual é o valor da bolsa nas residências? 
Atualmente, o Ministério da Educação paga uma bolsa com valor bruto R$ 3.300,43 O valor é o mesmo das residências médicas.

9. Em sua vida profissional, em quais aspectos você avalia que foi benéfico ter feito uma residência?
A residência que cursei, além de proporcionar a atuação prática e o conhecimento teórico em obstetrícia e neonatologia, contribuiu para o desenvolvimento da minha maturidade profissional e pessoal, na medida em que aprendi a lidar com as dificuldades dos serviços de saúde e da atuação conjunta entre as profissões. Após a residência, obtive muito sucesso nos concursos públicos que prestei e iniciei minha atuação na docência, tanto na graduação de enfermagem (UFBA 2013-2014) como nos programas de pós-graduação de instituições privadas de ensino superior. O enfermeiro que ingressa em uma residência, sai completamente transformado no sentido positivo: mais maduro, seguro e com habilidades práticas consolidadas.

10. Qual mensagem você deixa aos estudantes da saúde que pretendem fazer a residência?
Para a aprovação em uma boa residência é necessário, primeiramente, muito estudo e dedicação. Dicas e resumos não são suficientes para o sucesso nesse tipo de pós-graduação, pois as exigências do processo seletivo são inúmeras e deve haver um preparo prévio. É necessário que o profissional tenha “sede” por conhecimento e seja persistente naquilo que almeja. Desde a graduação, o estudante deve dedicar tempo para sua formação, pois a área de saúde não admite erros e estes podem custar uma vida. O profissional de saúde nunca pode se acomodar e parar de estudar. Atualmente, especializar-se sob a forma de residência é o melhor caminho para aqueles que querem um maior aprofundamento dentro da área de afinidade. Desejo muito sucesso aos que buscam conhecimento! O futuro depende do que fazemos hoje!
 
 
Muito Obrigado Renata Passinho. Seu depoimento foi de grande valia para nós!

Por Sanar

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